No sábado, último dia antes do primeiro turno das eleições, eu e
minha esposa participávamos de uma carreata que aconteceu pelas ruas
da cidade e observamos a verdadeira mobilização que a criançada
faz, principalmente nos bairros mais periféricos, correndo atrás
dos carros para ver quem conquista mais adesivos, bandeiras,
panfletos. E ela me comentou, como achava bonito aquela festa, a
possibilidade que essa futura juventude tem de vivenciar a
democracia.
Há cinco décadas eu era uma criança de 7 anos de idade. O Golpe
de 1964 surrupiou da minha infância essas experiências que tornam
mais rica a nossa cidadania. Por longos anos proibiu-se qualquer
manifestação política nas ruas. Depois do movimento pelas “Diretas
Já” em 1984 com a Emenda Dante de Oliveira, que apesar de toda a
pressão popular, foi rejeitada pelo Congresso Nacional, ainda
dominado pelas medidas casuísticas de uma ditadura já em estado de
decadência , lembro que, somente em 1989, pude exercer meu direito
de voto à Presidência da República. Escrevendo este texto, chego a
me surpreender com esse fato. O que hoje é desfrutado por todos a
partir dos dezesseis anos e que às vezes até é um direito
desprezado, só o pude fazer aos 32 anos. Talvez seja por isso que a
minha geração, na sua maioria, dá tanta importância ao ato de
depositar, ou melhor dizendo, digitar, nossas escolhas na urna
eletrônica por quem nos representará no Parlamento e no Executivo.
Mesmo que possamos discutir o processo eleitoral, todas e cada uma
das conquistas do país, desde a reimplantação da democracia,
devem-se a decisões de natureza Política. Reivindicar a dignidade
da Política e defender a representatividade é a única maneira de
combater daqueles que pregam a sua criminalização e a
desvalorização dos partidos. Claro que, a voz do povo nas ruas
exige uma Reforma Política. Esta vontade foi sacramentada na votação
expressiva de mais de 6 milhões de pessoas agora em setembro
passado, durante a Semana da Pátria, no Plebiscito Popular por uma
Constituinte Exclusiva.
Para finalizar, observando o resultado das Eleições no primeiro
turno, podemos constatar no Mapa eleitoral da Metade Sul do nosso
Estado, a ampla aprovação do eleitor aos Projetos implementados na
região pelos governos Federal e Estadual. O Polo Naval, os Parques
de Energia Eólica, fortes recursos investidos na Produção Rural,
grandes obras de infraestrutura rodoviária como a duplicação da BR
116 , Porto Alegre - Pelotas, a BR 392 Pelotas - Rio Grande,
Programas de inclusão social e saúde, ampliação de acesso à
Educação superior e Técnica, dentre outras ações governamentais,
sem dúvida influenciaram a escolha do eleitor. É esta verdadeira
revolução de progresso e desenvolvimento para a Metade Sul, tão
esquecida e relegada no passado, que estará em jogo no próximo dia
26 de outubro.
Jorge Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 08/10/2014
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