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Líderes da América Latina saúdam vitória de
Dilma
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Como costumo fazer em dias de eleição, saí cedo pela manhã. Depois de votar fui dar um passeio pelas ruas
da cidade para ver o movimento. Eram 9 horas. Tudo estava calmo, nem parecíamos
estar decidindo o futuro do país. Resolvi alargar o trajeto e dei um pulo do
lado uruguaio. Fazia tempos que não tínhamos essa festa da democracia
simultaneamente aqui e allá. Encontrei a Virrey Arredondo em alvoroço. Carros
embandeirados, comitês dos tres partidos, Nacional, Colorado e Frente, cheios
de militantes entusiasmados. E foi um dia histórico para a fronteira. Pela
primeira vez o partido FrenteAmplista conquistou vitória em Cerro Largo. Parabéns
aos amigos del Frente.
Do lado brasileiro, o candidato Sartori confirmou o favoritismo no
RS, mais calcado na feroz e raivosa campanha antipetista que por suas
qualidades ou projetos. É daqueles políticos mansos, que dizem ser sua maior
virtude não ter partido, como se não tivesse. Não por acaso, a mídia tem
desvalorizado os partidos e a política. Ouvi de várias pessoas a mesma
cantilena: “sei que o Tarso é melhor, mas voto no outro porque sou
anti-PT.” Resultado de anos de uma cruzada sórdida de difamações, calúnias e
desinformação da poderosa grande mídia e seus tentáculos. Aqui mesmo em
Jaguarão, há um gerente de uma cadeia de lojas, que sob o codinome Apanhado da
Silva, escondendo-se sob o manto do anonimato,
presta-se a comprar uma página inteira de jornal para divulgar textos e
blogs antipetistas, com acusações e ataques infundados e mentirosos. São os
mesmos que falam em ditadura e radicalismo do PT. Pelo menos em nível nacional,
com vitória decisiva em MG e RJ, apoio incondicional do Nordeste e votações
expreessivas em todos os estados da federação, livramos os eleitores Aecistas
de se arrependerem e repetir o fenômeno Collor. Seis meses depois não se
encontrava ninguém que admitisse ter votado no playboy das Alagoas. Era o voto
envergonhado.
Mas deixemos os cães latirem, porque a caravana passa. E passa para
transportar a maior revolução
transformadora do Brasil e de sua gente. E de forma pacífica! Milhões e
milhões de pessoas que saíram da miséria e ascenderam socialmente. A continuidade
de um governo que sabe defender os interesses populares, mesmo em meio à
recessão mundial, à sabotagem do grande empresariado, foi uma gigantesca
vitória.
Em referencia ao título desta coluna, o analista político Martim Granovski do Diário Página 12 da Argentina, expressou que Dilma e Lula conseguiram a vitoria eleitoral mais
importante dos Projetos de reforma com inclusão na América do Sul. O
triunfo no Brasil, foi recebido como se
fosse um próprio triunfo na Argentina, Uruguay, Venezuela, Bolívia, Equador e
Chile, e com satisfação pelo presidente colombiano Juan Manuel Santos, que pelo Twitter
felicitou Dilma dizendo que espera “seguir trabalhando pelo bem de nossos dois
países e da região”. A derrota de Aécio Neves, que apregoava uma mudança nas
relações exteriores do Brasil, consolida a chance de fortalecer o Mercosul, de
afirmar a Unasur como intercâmbio
de políticas diversificadas e de
integração energética e de infraestrutura e estender a aliança com a Comunidade
de Estados Latinoamericanos e Caribeños, a Celac. Na noite de domingo foi palpável que as forças afins ao PT na América do Sul sentiram o
mesmo que os eleitores de Dilma. Não só alegria. Também um enorme e prazenteiro alívio.
Jorge Passos
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 29/10/2014
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