quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O país que não se vê




O Brasil dos Invisíveis

        

        Há um caminho estreito que se perde no horizonte
        Por onde passam tantos que se vão país a dentro
        Entre campos e cerrados, por banhados, selvas, montes
E eu também cruzo por eles no olhar dos sentimentos

Vou deixando atrás aldeias, com seus pátios, suas quintas
Em sertões muito distantes dessa pressa das cidades
Onde mesmo o próprio tempo tem mais tempo para a vida
E parece andar tão lento que nem se vê sua passagem

Há um caboclo que se estira numa rede em Altamira
Há um caipira que proseia numa venda em Cambuquira
Há um mambira que não sabe como é que a Terra gira
E um mambembe que encena em plena praça uma mentira

Há um povo de verdade... e que nas telas não se vê!
        E que luta dia-a-dia... igual a mim e a você
        Uma gente que resiste e que no futuro ainda crê
        O Brasil dos invisíveis... o que não passa na Tevê.

Há vilarejos nos fundões com suas ruas empoeiradas
E povoados ribeirinhos com suas barcaças coloridas
De casas velhas resistindo com paredes descascadas
De ranchos toscos, palafitas, abrigando tantas vidas

Continente dos que vivem mais além dos refletores
Nas batalhas invisíveis de mil carências rotineiras
Homens simples resistindo, vida a fora... lutadores
Que jamais negam a mão para uma ajuda verdadeira!


                                                        Martim César

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