quinta-feira, 31 de março de 2011

Coluna do Juremir no Correio do Povo: Seres infames

Reproduzimos coluna do Juremir Machado no Correio do Povo de hoje sobre luta de Joaquin Nabuco. 


Luta que ainda perdura, mesmo que nossa cidade não tenha, graças ao bom Deus, nenhum indicio de racismo, somos exemplo para o Brasil.  "Não , nós não somos racistas." (clique aqui para ler).
Segundo as ponderadas  palavras da Promotora de justiça  em pronunciamento ( clique aqui pra ler)  sobre caso de estudante baiano pretensamente agredido pela BM em Jaguarão , casos como esses ela tem mais de 40 por dia e , pelas suas palavras, chegamos à conclusão de que a truculência com que seriam tratados os "arruaceiros" por aqui é sem distinção de cor, raça ou credo. Portanto,o corretivo é aplicado democraticamente.
Também digno  de nota,  manchete do semanário "A Folha" de Jaguarão . A Escola Bolsonaro tem seus discípulos espalhados pelo país , inclusive na fronteira. Ei-la: "Estudante baiano mancha imagem da Cidade Heróica em rede nacional de TV, jornais e internet."    ( Jorge Passos)


SERES INFAMES

<br /><b>Crédito: </b> ARTE RODRIGO VIZZOTTO

Crédito: ARTE RODRIGO VIZZOTTO
Mostrei ao governador Tarso Genro, na terça-feira, antes de entrevistá-lo na comemoração do primeiro ano do "Esfera Pública", programa que apresento todos os dias, entre 13h e 14h, na Rádio Guaíba, junto com Taline Oppitz, um parágrafo do livro "O Abolicionista", de Joaquim Nabuco, um dos maiores intelectuais brasileiros. Tarso, homem de livros e de sensibilidade social, sabe perceber a força das palavras. Dizia Nabuco, antes da abolição da escravatura: "Tudo o que significa luta do homem com a natureza, conquista do solo para a habitação e cultura, estradas e edifícios, canaviais e cafezais, a casa do senhor e a senzala dos escravos, igrejas e escolas, alfândegas e correios, telégrafos e caminhos de ferro, academias e hospitais, tudo, absolutamente tudo que existe no país, como resultado do trabalho manual, como emprego de capital, como acumulação de riqueza, não passa de uma doação gratuita da raça que trabalha à que faz trabalhar", doação forçada dos negros aos brancos.

Os negros "doaram gratuitamente" o Brasil construído aos brancos, que nunca os indenizaram por isso. Sempre que alguém brada contra as cotas, eu penso nessa dívida jamais quitada. Somos todos beneficiados por essa "doação" obtida de maneira infame. Pensei nisso ao ler as declarações do indigesto Jair Bolsonaro ao ser questionado por Preta Gil, no programa "CQC", se aceitaria o relacionamento de seu filho com uma negra. O infame Bolsonaro, com quem já discuti na Rádio Guaíba, respondeu que "não corria o risco", pois "eles foram muito bem-educados". Bolsonaro deveria ler esse texto de Joaquim Nabuco. Mas seria inútil. Analfabeto intelectual, ele não o entenderia. Nos últimos anos, só discuti com um sujeito tão intragável quanto Bolsonaro, o insuportável Juca Chaves, cujo reacionarismo já não faz mais ninguém rir.

Bolsonaro alega que se enganou. Não teria pensado que Preta falava em relacionamento do filho dele com uma negra, mas com um gay. Tenta escapar da infâmia racista abrigando-se na infâmia do preconceito sexual. Além de racista e homofóbico, parece burro, se isto não for preconceito meu com esses pobres animais. O preconceito corre solto no Brasil. Tapamos o sol com a peneira nos estádios de futebol. Depois que publiquei "História Regional da Infâmia, O Destino dos Negros Farrapos e Outras Iniquidades Brasileiras", vi pessoas mudaram de comportamento comigo. Não me assusto. Releio Nabuco sobre o primeiro dever de qualquer um no século XIX: "Antes de discutir qual o melhor modo para um povo ser livre de governar-se a si mesmo - é essa a questão que divide os outros - trata de tornar livre a esse povo, aterrando o imenso abismo que separa as duas castas sociais".

Para Joaquim Nabuco não havia dúvida, "o abolicionismo deveria ser a escola primária de todos os partidos, o alfabeto da nossa política". Tudo o mais era menor. Continua sendo. Precisamos abolir o preconceito. Enquanto os Bolsonaro da vida vomitarem infâmias, será preciso combatê-los a golpes de Nabuco. Demora. A inteligência cala lentamente no concreto da estupidez.

Juremir Machado da Silva 
 juremir@correiodopovo.com.br

quarta-feira, 30 de março de 2011

Barqueiro do Jaguarão - Hélio Ramirez.wmv


Homens meninos,
Nave, corrente, pá!
Argonautas em busca   
Do Velo encantado.


Áries, Areia , Auros.
Areia ouro,
Areia vida, 
Areia viga
Areia lã.


Homem, 
menino,
Titã.


Areia que ergue e constrói coisas belas.
A cidade nasce das entranhas do Rio.

                         Jorge Passos

Fugata Tango em Pelotas

Fugata Tango – Suite Montevideana


A versatilidade de um dos grandes grupos de Tango da América Latina chega a Pelotas na noite de sábado 02 de abril para o show da turnê Suite Montevideana.

Fugata Tango, do maestro Juan Schellemberg (piano), apresenta uma coleção de composições próprias, onde se explora a música montevideana passando por distintas vertentes numa sonoridade que viaja entre o tango, o erudito e o jazz.

O trio completa-se com Nario Recoba no bandoneón e Douglas Vallejo no sax.

O show começa às 20:30hs no palco da Parrillada Mercado del Puerto, Rua Rafael Pinto Bandeira nº 1889.

Informações e reservas no local e pelos fones 3222 0686, ou 92413016 com pimenteroproducciones.

O valor único do ingresso é de R$ 25,00 (vinte e cinco reais).

Apóiam este evento Cia dos Técnicos, Rádio Com, Bat Cat Tattoo, Revista Seja, e Cidadão Capaz.


terça-feira, 29 de março de 2011

Joaquin Sabina no Uruguay: Versos para Montevideo

Reproduzimos matéria do Diário El País - Uruguay com cobertura  do Espetáculo de Joaquin Sabina em Montevideo.

La larga despedida



Regresa aunque quería dejar los escenarios grandes | Sabina cautivó en su presentación en Buenos Aires



MATÍAS CASTRO
Joaquín Sabina es pura actitud. Esa no es una novedad, pero lo reafirmó ayer en su conferencia, cuando se presentó con su vaso de cerveza y se prendió un cigarro ante la prensa. Así volvió a Uruguay para el epílogo de su gira de despedida.
Cuando un periodista que le preguntó porqué no había compuesto aún un tema para Uruguay, Sabina se echó hacia atrás y con una sonrisa que mostraba que había llegado el momento que esperaba, sacó una hoja de su bolsillo y leyó en voz alta:


Largos años anduve ensimismado
con el tango feroz del arrabal
consciente de que un verso enamorado le debo
a la República Oriental
Decoré mi furgón de peregrino
con virutas de Emilia y hojalata
sabiendo que el destino era el camino
a la otra orilla del Río de la Plata
La Vilariño se nos fue volando
Nórdico amaneció Daniel Amaro
La murga Maldoror viene arrasando
con su Pepe tan amplio y tupamaro
Por no hablar de vivitos coleando
diría que Jorge Drexler y Jaime Roos
son buen plan de vida
para andar cantando
uno más tantos, mucho más que dos
Sin porteñas ganas de malmeter
mil horas antes de que cante el gallo
tarde y mal quiero aquí comprometer mi corazón
con sístole uruguayo
Me gusta este país dulce y agreste
que ando paladeando de a poquito
No me parece mal Punta del Este
pero adoro la arena de Pocitos
Compadre de Juan Gelman como soy
cómplice de su espanto y de su pena
puestos a celebrar algo, hoy por hoy
brindemos por la nieta Macarena
Onetti, Benedetti, Galeano, Darnauchans, Zitarrosa, Mateo:
sepan ustedes que este primo hermano
le debe un chamamé a Montevideo.

El aplauso de los presentes fue inevitable. Y, es probable que en su recital de esta noche en el Estadio Charrúa la repita, porque ayer por la noche reconoció que si bien no tenía música en ese momento, tal vez para hoy la tenga.

                                                                 LEIA MAIS >>>

Além da Esquina



Existe um lugar
Além da esquina
Onde vive um pensamento
Perambulando noite e dia

Existe um motivo
Mais que intuitivo, eu penso
Reticências entrepostas nos semáforos
Exclamação no meio de um sorriso

Existe um espaço
Uma lacuna no céu escuro
Um pedido em cima do muro
O meu desejo batendo a porta

Existe um silêncio
Que vive além dos teus lábios
E conta as mesmas histórias
Todas as noites antes de dormir.


Daniel Moreira  

revista-seja.blogspot.com )

segunda-feira, 28 de março de 2011

História: Fronteira Sul sempre se notabilizou pela atividade cultural





Teatro Esperança em Jaguarão por onde passavam Companhias artísticas com destino 
a Montevidéu e Buenos Aires, teve concretizada primeira etapa de restauração.
Foto: Fábio de Oliveira


Em cidades da fronteira do Brasil com o Uruguai e a Argentina, quem hoje vai às compras em busca de ofertas em free-shops, contemporâneos templos do consumo, talvez não imagine que no passado nem só o comércio de supérfluos dominava a região. Se hoje por lá são raras as livrarias, cinemas e teatro, por certo não é por falta de tradição cultural.

Cidades como Santana do Livramento, Uruguaiana, Jaguarão, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Pelotas, Bagé e Quaraí possuíam belos teatros. Alguns prédios ainda permanecem, como testemunhas de um tempo de intensas relações culturais entre povos de língua portuguesa e espanhola.

O historiador Lothar Francisco Hessel dedicou ampla pesquisa ao tema em seu 
O Teatro no Rio Grande do Sul (Editora da UFRGS, 1988). Segundo ele, em toda a imensa fronteira terrestre do Brasil, não houve região de maior atividade humana e cultural do que a do sul do país. Isso apesar de todos os períodos de conflitos entre lusos e castelhanos por problemas de limites territoriais, além das guerras Cisplatina e do Paraguai.

A história comprova que, nas fronteiras de nosso Estado, apesar da rara população e da intensa atividade agropastoril, os homens, apesar da imagem de rudes fazendeiros e trabalhadores do campo, não descuidavam da arte. Em períodos de economia extremamente favorável ao comércio do charque, como nos séculos 19 e início do século 20, a vida cultural acontecia no pampa. E não era só nas cidades. Em muitas estâncias da região, a cultura, a música e o teatro achavam abrigo. Hessel conta que, ao final do século 19, em Santana do Livramento, um pecuarista chamado Marciano Brum mantinha em sua estância uma tipografia própria, onde imprimia seus livros. No interior de Jaguarão, havia prédios para bibliotecas e salas de espetáculo particulares, além de mais de um teatro no centro da cidade. Em Bagé, o visconde Ribeiro de Magalhães mandou construir um teatro em seus latifúndios. Isso sem falar no Castelo de Pedras Altas, onde Assis Brasil montou uma biblioteca, que lá permanece até hoje lutando contra o tempo, apesar do descaso dos órgãos responsáveis pelo patrimônio histórico e artístico.

O porto de Rio Grande, em sua condição de porta de entrada de mercadorias do centro do país, da Europa e do resto da América, foi a partir do século 18 um lugar onde passava também a cultura. Artistas de Portugal e da Espanha, a caminho de Montevidéu e Buenos Aires, aproveitavam a parada para se apresentar nos teatros Sete de Setembro, de Rio Grande, e Sete de Abril, de Pelotas. Ainda segundo Hessel, depois dessas duas cidades, podiam as companhias seguir pela Lagoa dos Patos até Porto Alegre, em busca do Theatro São Pedro, ou então tomar a Lagoa Mirim, até Jaguarão, onde o Theatro Esperança os esperava.

E como não existia acesso hidroviário até a rica cidade de Bagé, isso antes da chegada do trem, em 1884, Hessel conclui que para se apresentar nos desaparecidos teatros 28 de Setembro e Coliseu, esse último com mais de mil lugares, as companhias de óperas e operetas, de marionetes, dramas e comédias de Portugal e da Espanha lá chegavam em diligências, "ao estilo do velho teatro ibérico dos tempos de Calderón de La Barca". E cita Bernardino Machado de Azevedo, para falar da vida cultural de Quaraí, terra de muitos intelectuais como Dyonelio Machado, Cyro Martins e Natho Henn: "No fim e princípio do séculos 19 e 20, Quaraí, então São João Batista de Quaraí, era constantemente visitada por inúmeras companhias teatrais; do prata, quase nenhuma, mas procedentes da Espanha foram muitas as dramáticas e de zarzuelas que nos visitavam, fazendo penosas viagens; algumas conduzindo o cenário vinham carretas de bois, procedentes sua maioria de Uruguaiana; e quando o volume de suas bagagens não era de vulto, serviam-se de carruagens tiradas por mais de uma parelha de fogosos rocinantes, oriundos dos nossos pagos gaúchos e que por sua destreza e agilidade superavam os 'sendeiros' de Dom Quixote."

Os belos teatros como o Esperança, de Jaguarão, o Sete de Abril, de Pelotas, e o Prezewodowsky, de Itaqui, são os poucos que permanecem hoje em pé, conservando os marcos de uma polarização do Brasil e dos países do Prata, para lembrar o trabalho de Lothar Francisco Hessel. O velho professor e pesquisador da história do Rio Grande do Sul da UFRGS usava a estatística e o patrimônio histórico deixados pelos séculos passados para demonstrar a seus alunos que os 80% de tempos de paz contra apenas 20% de tempos de guerra podiam comprovar que a imagem de nossa fronteira sul, de bárbaros em constante conflito, precisava ser trocada pela de uma civilização aberta e avançada, não só de agropecuária e de comércio, mas de cultura e de civilização. E onde a Esperança por tempos melhores passaria sempre pela história e pelo edifício de seu velho Theatro, em Jaguarão.


Eduardo Vieira da Cunha, artista plástico, professor do Instituto de Artes da UFRGS

domingo, 27 de março de 2011

A opinião de Caetano Veloso sobre o Caso Bethânia

Reproduzimos do blog do Murilo, Perca tempo. 


Bethânia 
CAETANO VELOSO


O GLOBO - 27/03/11


Não concebo por que o cara que aparece no YouTube ameaçando explodir o Ministério da Cultura com dinamite não é punido. O que há afinal? Será que consideram a corja que se "expressa" na internet uma tribo indígena? Inimputável? E cadê a Abin, a PF, o MP? O MinC não é protegido contra ameaças? Podem dizer que espero punição porque o idiota xinga minha irmã. Pode ser. Mas o que me move é da natureza do que me fez reagir à ridícula campanha contra Chico ter ganho o prêmio de Livro do Ano. Aliás, a "Veja" (não, Reinaldo, não danço com você nem morta!) aderiu ao linchamento de Bethânia com a mesma gana. E olha que o André Petry, quando tentou me convencer a dar uma entrevista às páginas amarelas da revista marrom, me assegurou que os então novos diretores da publicação tinham decidido que esta não faria mais "jornalismo com o fígado" (era essa a autoimagem de seus colegas lá dentro). Exigi responder por escrito e com direito a rever o texto final. Petry aceitou (e me disse que seus novos chefes tinham aceito). Terminei não dando entrevista nenhuma, pois a revista (achando um modo de me dizer um "não" que Petry não me dissera - e mostrando que queria continuar a "fazer jornalismo com o fígado") logo publicou ofensa contra Zé Miguel, usando palavras minhas.
A histeria contra Chico me levou a ler o romance de Edney Silvestre (que teria sido injustiçado pela premiação de "Leite derramado"). Silvestre é simpático, mas, sinceramente, o livro não tem condições sequer de se comparar a qualquer dos romances de Chico: vi o quão suspeita era a gritaria, até nesse pormenor. Igualmente suspeito é o modo como "Folha", "Veja" e uma horda de internautas fingem ver o caso do blog de Bethânia. O que me vem à mente, em ambas as situações, é a desaforada frase obra-prima de Nietzsche: "É preciso defender os fortes contra os fracos." Bethânia e Chico não foram alvejados por sua inépcia, mas por sua capacidade criativa.
A "Folha" disparou, maliciosamente, o caso. E o tratou com mais malícia do que se esperaria de um jornal que - embora seu dono e editor tenha dito à revista "Imprensa", faz décadas, que seu modelo era a "Veja" - se vende como isento e aberto ao debate em nome do esclarecimento geral. A "Veja" logo pôs que Bethânia tinha ganho R$1,3 milhão quando sabe-se que a equipe que a aconselhou a estender à internet o trabalho que vem fazendo apenas conseguiu aprovação do MinC para tentar captar, tendo esse valor como teto. Os editores da revista e do jornal sabem que estão enganando os leitores. E estimulando os internautas a darem vazão à mescla de rancor, ignorância e vontade de aparecer que domina grande parte dos que vivem grudados à rede. Rede, aliás, que Bethânia mal conhece, não tendo o hábito de navegar na web, nem sequer sentindo-se atraída por ela.
Os planos de Bethânia incluíam chegar a escolas públicas e dizer poemas em favelas e periferias das cidades brasileiras. Aceitou o convite feito por Hermano como uma ampliação desse trabalho. De repente vemos o Ricardo Noblat correr em auxílio de Mônica Bergamo, sua íntima parceira extracurricular de longa data. Também tenho fígado. Certos jornalistas precisam sentir na pele os danos que causam com suas leviandades. Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto "máfia do dendê", expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um "Verdade tropical"). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.
O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link: http://www.cultura. gov. br/site/wp-content/up loads/2011/02/Resultado-CNIC-184%C2%AA.pdf. Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista? Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza. Houve o artigo claro de Hermano Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): "Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?"

Caetano Veloso 

sexta-feira, 25 de março de 2011

Correio do Povo: Denúncia de racismo e agressão contra estudante da Unipampa

Universitário abandona Jaguarão após denunciar agressão e racismo de PMs


Estudante da Unipampa será recebido por representantes da Secretaria de Direitos Humanos na Capital


O estudante de História da Unipampa, Helder Santos, que denunciou ser vítima de racismo e agressões por integrantes da Brigada Militar (BM) de Jaguarão, no Sul do Estado, abandonou o município na noite dessa quinta-feira. Ele está em Porto Alegre, onde será recebido por representantes da Secretaria Estadual de Direitos Humanos. O acadêmico, que trabalhava na prefeitura, alega que foi obrigado a deixar a cidade por conta de ameaças recebidas de Policiais Militares (PMs). Ele pretende voltar à Bahia, onde nasceu, e ainda não sabe se conseguirá tocar os estudos. 



O caso está sob análise da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Presidência da República, e da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público gaúcho. A Brigada Militar tem duas sindicâncias em andamento contra um soldado, um sargento e o comandante da BM de Jaguarão, major José Antônio Ferreira.


O major disse que houve “sensacionalismo” e afirmou que está apurando o que aconteceu. No entanto, o secretário Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, afirma que a denúncia é grave e será alvo de atenção da pasta. Ele designou duas equipes, uma de investigação e outra de proteção, para a cidade de Jaguarão. 


Na Capital, Santos será enviado para um abrigo de acolhimento provisório. Depois, vai voltar para a Bahia. “Eu não sei nem o que falar, porque eu vim pra cá com tantos sonhos, já estava concretizando alguns deles trabalhando como estagiário de história na prefeitura, e vou ter que abandonar tudo e retornar para casa”, lamentou ele, em entrevista à Rádio Guaíba.


Santos é o primeiro integrante da família a iniciar formação universitária, mas corre o risco de ter de parar de estudar, caso o Ministério da Educação não consiga sua transferência para uma universidade no Nordeste. 
                                                                                  LEIA MAIS >>>> 


O estudante  Helder vinha desenvolvendo um bom  trabalho junto à  Coordenação da Juventude da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Jaguarão com o Projeto Cine Resistência vai ao Presídio,  voltado à juventude carcerária. (Clique aqui para ler)


Sobre a discriminação racial no Brasil:

 "Em 3 assassinados, 2 são negros. Não , nós não somos racistas."  (Clique aqui para ler) , matéria publicada na  página do PHA,  Conversa Afiada , refere-se à reportagem da Carta Capital sobre   racismo e violência no Brasil,  na qual é revelado que  " nunca o fosso entre a segurança dos brancos e negros foi tão grande no Brasil. Enquanto o número de assassinatos de uns cai, o dos outros segue em alta." 


Lamentamos o acontecido e aguardamos o esclarecimento dos fatos e a punição dos responsáveis. A Brigada Militar é uma Instituição que é patrimônio do Estado e nos orgulha pelos grandes serviços prestados à comunidade e não pode ser prejudicada por alguns elementos que não cumprem seus preceitos legais. O cidadão dela espera a segurança para todos, sem distinção. 

Agora que contamos com uma Universidade Federal que atrai estudantes de todas as partes do Brasil,  a imagem da Jaguarão sempre hospitaleira  não pode ser maculada por ações que não fazem parte de nossa história. 

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Entrevista com Helder
http://rsurgente.opsblog.org/



Último Segundo - iGEstudante diz que foi chamado de "negro sujo" e ameaçado pela PM - Hélder é baiano e estuda no Rio Grande do Sul. Reitora também recebeu carta, dizendo que a universidade traz "lixo" para o Estado.



Correio do Povo - Jovem deixa o RS após denúncias
http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=182&Caderno=0&Noticia=274944

ZH -

Denúncias envolvendo PMs por supostas agressões em estudante geram surpresa em Jaguarão

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a3258601.xml


Blog do Juremir - Atos Infames e dia de recordar a infâmia de 1964

Clandestino - Gilberto Isquierdo e Said Baja

  Assim como o Said, milhares de palestinos tiveram de deixar seu país buscando refúgio em outros lugares do mundo. Radicado nesta fronteir...