quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Confraria no Ligação Direta

O programa Ligação Direta, da Rádio Cultura de Jaguarão, conduzido pelo radialista Fernando Soares, começou com a entrevista com o Prefeito Cláudio Martins e com o diretor de Patrimônio, Alan de Melo, falando sobre a importante notícia da notificação do tombamento histórico pelo IPHAN da cidade de Jaguarão e das repercussões positivas que este fato trará para o desenvolvimento do município.


Agora estamos falando um pouco sobre rádio, internet, blogs e especialmente o trabalho da Confraria dos Poetas de Jaguarão.

Gostaríamos de agradecer o convite para participar no Ligação Direta e elogiarmos o trabalho realizado pelo Fernando, um jornalismo sério e construtivo, sempre buscando bem informar e principalmente, servir à comunidade.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Locomotivo


Aos Bagageiros do Patiño


Por aqui já passou tudo,
passou vida, passou sorte,
passageiro com destino,
bagageiro, arroz, farinha,
Inté já passou a morte,
passou Zé, passou Maria,
Na fumaça, vai com graça,
ferro e sonho aqui passou
Trem no apito, passou grito,
olho de boi,
passou boiada,
encargada nos vagões
passou gente,
passou sina
dormitando no dormente
Hoje já não passa nada.

hoje já não passa nada
hoje já não passa nada!


Jorge Passos


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Em Jaguarão

Reproduzimos do blog do Anderson Pereira Correia


Entre os dias 12 e 15 de Dezembro estive em Jaguarão. Fui fazer provas do concurso da UNIPAMPA (História da América). Sai de Alegrete às 10 horas da manhã do domingo, cheguei em Pelotas às 18 horas. Peguei ônibus em Pelotas às 20:30 e cheguei às 23:15 em Jaguarão. Encontrei a "Pousada do Pinheiro".

No concurso não fui bem (ganhei experiência), mas conheci a cidade de Jaguarão.

A cidade possui um rico e preservado patrimonio arquitetonico. Muitas casas do inicio do seculo XX em ótimo estado de conservação.

Visitei o Museu Carlos Barbosa Gonçalves, o Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão, fui no Cemitério (muito bonito) e visitei a cidade de Rio Branco na República Oriental do Uruguay.

Abaixo, vista do lado oeste da praça central de Jaguarão.


A seguir, foto do Museu Carlos Barbosa Gonçalves:

Carlos Barbosa foi presidente do Estado do Rio Grande do Sul entre os anos de 1908 e 1912. O alegretense Manoel de Freitas Valle Filho foi seu vice nesse período.

A próxima foto é do interior do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Ao fundo e à esquerda você pode ver a porta que leva ao acervo bibligrafico e de outros documentos escritos (imprensa, etc).O prédio do IHGJ foi doado pelo extinto partido Libertador de Jaguarão.


Vista parcial do Cemitério de Jaguarão. Este Cemitério possui muitos mausoléus ricos em estatuas. Encontrei o mausoléu do Carlos Barbosa Gonçalves, da familia do irmão de Bento Gonçalves da Silva, da "familia" "Marques de Souza' da familia do Comendador Faustino Corrêa, entre outras. A entrada do Cemitério possui um "pórtigo" parecido com a entrada do cemiterio de Artigas (R.O.U).

Vista lateral da ponte que liga Jaguarão (Brasil.RS) e Rio Branco (R.O. do Uruguay):


A cidade de Jaguarão é muito "simpática" e pareceu um belo lugar para viver.


Anderson Romário Pereira Correia

Professor de História da Rede Pública Estadual e Municipal em Alegrete.Graduado em História,possuo pós-graduação em Gestão Educacional (URCAMP). Mestre em História pela PUCRS com dissertação intitulada “Movimento Operário em Alegrete: a presença de imigrantes e estrangeiros(1897-1929)”. Co-editor e colaborador da seção História Pampeana do Site Estratégia e Análise.com.br. Colaboro também com História de Alegrete no Site WWW.alegrete.com.br. Escrevo na imprensa local e tenho participado com artigos e capitulos em Revistas e Livros. Autor do livro "Escrita da História: O Municipio de Alegrete (1908-2008). Membro da Associação Nacional dos Historiadores (ANPUH).Vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alegrete (IHGA). Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Alegrete (STEMA).


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MUNDO HOMEM...! (Nada mudou, Bandeira.)

Vi uma vez mais aquela criatura,
Semelhante a de um filme de terror,
Apesar de viva
Ontem, dez e tanta da noite, véspera de natal.

Os brilhantes pisca-piscas
Nas árvores, delimitavam
Os horizontes de uns e outros;
Afoitos passantes
Com suas híper vias sacolas,

Extras sorrisos, americanas
Fantasias, mac donos
De fartas ceias
Em noite de natal.

E lá está ele;
Indignamente um não-gente, morto-vivo;
Pulsa, é humano (ao menos parece)...

Vejo-o sempre próximo ao abrigo São Paulo,
Deitado no chão, encharcado de aguardente,
Aguardando uma eterna e inexistente vaga.
Não posso denominá-lo um bêbado,
Seria pouco, creio...

Talvez por misericórdia ou humorismo macabro,
Alguém doou-lhe uma velha roupa de papai noel,
Única indumentária sobre seu corpo
(Se aquilo assim pudesse ser chamado).

Em seus braços e pernas haviam faixas e gesso,
Fruto de não sei quantos acidentes,
Incidentes e álcool excedente.
Parece múmia, tantas gases envoltas pelo corpo,
(Se aquilo pode ser visto como tal).

Deitado na terra, sujo, moribundo,
Bêbado e delirando, não consegue se levantar,
Apesar da mochila vazia às costas.
Morre aos poucos,
Poucos o vêem.

Será que tem família, filhos(as),
Esposa, mãe, pai, irmãos, amigos
Ou algum passado?
Quem conhece sua história?
Algum registro, quem sabe, lembrança
De uma existência humana?

Véspera de natal.
De noite feliz; oh Senhor...!
Que escuridão se encerra em
Suas noites moribundas?

E todos passam por ele;
Sequer compreendem sua vida,
Que apesar de tudo, existe (não para ele).
Contudo, apressados, seus iguais ora riem,
Ou se enojam, salvo um ou outro.

O que senti foi repulsa desta sociedade
Onde os senhores do tele-natal
Mandam repetir nos meios de comunicação
Mentirosamente, a persistente
Idéia de um natal feliz "para todos"

Omitindo para o mundo
O fato ilógico de
Um cão abandonado
Viver melhor
Do que
Estes não-seres,
Vistos
Repetidamente
Natal após outro...

Elder Pacheco

Militante histórico das lutas sociais em Minas Gerais, irmão e companheiro,

Axé para todos(as)

dez/2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Papai Noel é um lixo?


Reproduzimos a Coluna do Juremir Machado no Correio do Povo de hoje:

Crédito: ARTE PEDRO LOBO


A Alemanha quer ser o primeiro país ocidental considerado zona livre de Papai Noel. É um movimento semelhante aos que buscam tornar um lugar zona livre de poluição, de terrorismo ou de drogas. Já tem uma cidade mobilizada. Quem reina por lá agora é São Nicolau, personagem turco que está na origem do "Bom Velhinho".

A desconstrução dos mitos não poupa ninguém. O Papai Noel que todos conhecemos, vestido de vermelho, suando nos trópicos, é uma adaptação americana. Segundo os alemães que dele querem se livrar, o Papai Noel "modelo ianque" não passa de um representante comercial, um marqueteiro a serviço do consumismo desenfreado e dos valores materiais.
Nada a ver com o milenar e generoso Nicolau.

A guerra contra Papai Noel não é de hoje. Em 1979, o grupo teatral francês Splendid montou uma peça intitulada "Papai Noel É um Lixo". Em 1982, Jean-Marie Poiré transformou a peça em filme. Esse título provocou comoção. Uma campanha publicitária no metrô parisiense foi recusada para não chocar os passageiros. O nome original da obra, "Papai Noel se meteu uma bala no traseiro", foi abandonado pelos criadores para evitar uma insurreição popular. Os franceses, como se sabe, adoram montar barricadas e jogar paralelepípedos.

Em 1994, os americanos, sempre pragmáticos ou cínicos, fizeram um "remake" do filme com o título de "Mixed Nuts". Mas foi na televisão francesa que o filme de Poiré fez sucesso. Ganhou a admiração de toda uma geração saturada de Noel.

O problema dos alemães não é saber se Papai Noel existe. É eliminá-lo.

Os alemães são radicais e bizarros. Conseguem graus de honestidade avassaladores. Eu ficava aturdido, quando morei em Berlim, pelo de fato de não haver roletas na entrada do metrô. Ficava me sentindo desconfortável com tanta falta de controle. Custei a entender que o controle era muito maior. Controle introjetado, fiscalização rigorosa e punição. Quase fui multado por ter atravessado a rua com o sinal fechado para mim sem um carro visível em 500 metros.

Papai Noel está com os dias contados na Alemanha. É persona non grata. Será condenado por falsidade ideológica e plágio. Apossou-se da identidade de Nicolau. Transformou espiritual em material, dom em consumo, troca de presentes em consumismo, generosidade em mercantilismo.

O visual do Papai Noel atual foi criado pelo cartunista alemão Thomas Nast, em 1886, na revista Harper''s Weeklys. Isso quer dizer que Papai Noel é uma piada? Cada um que julgue. Como se vê, foi uma origem não muito católica. Nem cristã. Mas o novo "look" só emplacou mesmo quando a Coca-Cola, em 1931, lançou uma campanha publicitária para esquentar as vendas de inverno do seu xarope gelado com o velhinho de barba branca vestido de vermelho.

Moral da história: sem marketing nem Papai Noel vai longe. Vocês podem não acreditar, mas assim como o Palmeiras já vestiu azul, o Papai Noel já andou de verde. Os Estados Unidos caçam Bin Laden e Julian Assange. A Alemanha, o Papai Noel. Eu me ocupo de Bento Gonçalves.

Juremir Machado da Silva juremir@correiodopovo.com.br

Grupo de Teatro Municipal na Programação de Natal


Espetáculo Maria Madalena

(texto: Guilherme Panatieri e Marta Garcia)

Cenário - Frente da Igreja da Matriz do Divino Espírito Santo






Fotografias J. Passos



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Do Twitter da Leci


Leci Brandão
Não fizemos um show em Jaguarão, fizemos uma grande festa. Pura energia. Que DEUS proteja esse povo maravilhoso.

A MEDIDA DO QUADRADO



A medida do quadrado não é dada,

É a medida imposta pela razão.

Quatro lados de anteparas

Ou de laços e amarras.



René descartou o sentimento...

Alinhou o homem à razão.

A razão se tornou obsessão...

Obcecado o ser dos números.


Os números são cegos, mas não mudos:

Falam da minha vida e dos meus mundos.

A razão que cerca a vida oprime.

Nova forma de viver: com muros.



Um coração, um pensamento,

Um sentimento, solidão...

Racional, mas complexo,

Construído e em construção.



Resta a dor, e a solidão...

Os caminhos poucos,

Do homem oco, são números loucos ...

E os números não o fazem “ser”.



É preciso vencer os números ...

Resta a dor, e a solidão...

Números loucos ...

Não me fazem “ser”...

Fábio Oliveira

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Presépio PTG Raízes da Fronteira



Leci Brandão Abertura do Show em Jaguarão 2010


Emocionante o recado de Leci Brandão para Jaguarão, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil!

FELICITAÇÕES PELO INTERNETCHÊ

Tchê,

numa dessas

tardes em que

o sol tava se indo

embora, e eu no meu

matear solito, comecei a pensar.

Estamos botando mais uma marca
na existência da vida. Então decidi que
deveria mandar uma tropilha de palavras
pra ti, assim, poderia dividir com meus amigos,
esses devaneios de saudades desse tempo que já se
foi, pois já estamos no fim dessa etapa chamada de 2010.

Nisso me lembrei dessa tal de INTERNETCHE, achei que
seria fácil, era só camperiar por alguns SITES e já de pronto
acharia o que estava por campear. Me deparei com muita coisa da
buena, mas nada daquilo que eu queria te dizer, pois descobri que não
havia ali as palavras puras que minha xucra alma sente para falar contigo.

Por isso vivente te digo, com esse meu jeitão rude, que fiz tudo que pude.
Pra te dizer o que minha alma sente, queria ter te encontrado todos os dias,
ter te dito, Buenos dias, buenas tarde, buenas noite e tudo mais, mas, talvez
nos vimos tão depressa, no afazer das nossas tarefas, que nem isso aconteceu,

pois o ano recém nasceu, e já está para acabar. Mas peço ao Tropeiro do Universo, sim,

Ele que tudo pode, que nos traga sentimentos nobres, de amor e amizade. Que tenhas lembranças boas, por tudo que te aconteceu. Que o Menino que há 2000 anos nasceu, nos ilumine todos os dias. Que renasça a alegria, para quem à perdeu. Que se a caso não te aconteceu, tudo aquilo que queria. Que não percas a alegria, o entusiasmo e a coragem, a vida é uma viagem, mas é nós que escolhemos
o caminho,
espere mais
um pouquinho,
e tudo vai
acontecer.
Um novo ano
vai nascer,
deposite
nele tua
esperança,
quem espera
sempre alcança,
diz o velho ditado.

Então, te desejo parceiro(a), junto com tua gente, um Novo Ano maravilhoso, de conquistas, alegrias e realizações.

Mas para que tudo aconteça, antes, se agarre na proteção do céu, agradecendo ao Pai Soberano,
pois assim a cada ano, será feliz o teu viver, e em cada amanhecer,


Será como um NOVO ANO !!!Feliz Natal!!!
E um baaaaaaaita 2011!!!!
Marcioli Pereira

Diário Popular - Verissimo traz seu sexteto à praça Coronel Pedro Osório

Foto Divulgação

Jazz
Parceria surgiu há 16 anos, em um café, na capital gaúcha

Uma nova parceira vai render bons furtos e Pelotas será a primeira e única, este ano, a ser contemplada com a apresentação do primeiro sexteto formado por cinco integrantes - quatro músicos e um metido a instrumentista, na opinião do escritor, cronista e o campeão de pitacos 2010 Bom-Dia Brasil, Luis Fernando Verissimo. O Sesc Pelotas, dentro do Projeto Natal Feliz Cidade, em parceria com Sindilojas e prefeitura, apresenta nesta terça-feira, dia 21, o grupo Jazz 6, na praça Coronel Pedro Osório.

Depois de percorrer o interior de São Paulo, com direito ao encerramento da turnê no Sesc Pompeia, os músicos Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn), Adão Pinheiro (piano), Jorge Gerhardt (contrabaixo elétrico), Edison Espíndola (bateria) e Luis Fernando Verissimo (sax) estreiam a parceria no Sul, para apresentar o último trabalho: Four. Uma boa pedida para quem curte jazz e bossa nova, estilos que a banda mescla com desenvoltura e muito improviso.
“Às vezes nos pedem um programa que, na verdade, não tem, pois o repertório vai rolando conforme o clima e o público. Mas posso garantir que é bem variado”, diz o baixista.

Serviço
O quê: Show Jazz 6, com Luis Fernando Verissimo
Quando: Hoje, dia 21, às 23h30min
Onde: praça Coronel Pedro Osório em frente ao Chafariz
Por: Cíntia Piegas – cintiap@diariopopular.com.br
Fonte : Caderno Zoom - http://www.diariopopular.com.br/

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Leci Brandão! Presentaço de Natal para Jaguarão!




A noite de 19 de dezembro vai ficar marcada na história de Jaguarão. A mulher guerreira do samba carioca entusiasmou a massa que compareceu ao maior show que esta cidade já viu.

Cantando o povo, os negros, as mulheres, a juventude, o professor, o Zé do Caroço, Leci, abençoada pelo Padroeiro Divino Espírito Santo, fez do Largo das bandeiras a praça da apoteose com muito Axé e samba do bom!

A Confraria, conjuntamente com o Fernando da Rádio Cultura de Jaguarão (programa Ligação Direta) e a RBS Pelotas, esteve presente na coletiva que Leci concedeu à imprensa antes da apresentação. Estamos fazendo a edição do material e durante a semana estaremos publicando o vídeo da entrevista!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL SOCIAL CULTURAL - Final de semana com muita música em Jaguarão

O final de semana será agitado em Jaguarão, diversos shows marcam as comemorações natalinas e de encerramento do ano.O agito inicia na sexta-feira (17) com as bandas Di Bobeira e Chega Mais, representando a prata da casa.
Já no sábado (18) os shows continuam com Gijo e banda (Jaguarão) e Tribo de Jah, banda de reggae do Maranhão. Encerrando o final de semana, domingo (19) lançamento do cd da banda Swing Classe A (Jaguarão) e Leci Brandão, acompanhada de sua banda, trazendo o melhor do samba carioca. Os shows acontecem a partir das 21h, no Largo das Bandeiras e são gratuitos.
A realização é da Prefeitura Municipal.
SAIBA MAIS:
Tribo de Jah
A história da banda Tribo de Jah inicio-se na Escola de Cegos do Maranhão onde se conheceram os quatro músicos cegos e um quinto músico com visão parcial (apenas em um olho), lugar em que viviam em regime de internato, começaram a desenvolver o gosto pela música improvisando instrumentos e descobrindo timbres e acordes. Posteriormente passaram a realizar shows nos bailes populares da capital (São Luiz) e outras cidades do interior do estado fazendo covers de seresta, reggae e lambada.Foi neste momento que surgiu o radialista Fauzi Beydoun, nascido em São Paulo, filho de italianos com libaneses, que já havia morado quatro anos na Costa do Marfim (África), grande aficionado pela cultura reggae a qual era efervescente em São Luis nos anos 80, e que se tornou um fenômeno quase inexplicável nas terras brasileiras do Maranhão, invadindo inicialmente os guetos para depois tomar toda cidade, o interior do estado e até os estados vizinhos.
LECI BRANDÃO
Nascida em Madureira, criada em Vila Izabel a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da Mangueira, Leci acima de tudo é uma batalhadora, lutou muito para conquistar seus espaços.
Filha de família humilde, e com a necessidade de ajudar no orçamento familiar, muito nova trabalhava de dia e estudava à noite. Apesar dos obstáculos persistiu conseguiu empregos na DATAMEC, TELERJ e por fim faculdade GAMA FILHO, chegando a cargo de chefia.
Em 1973 o crítico musical e jornalista SÉRGIO CABRAL, descobriu Leci e a convidou para gravar um disco. Naquela época ela cantava no Teatro Opinião, na noitada de samba sobre o comando de JORGE COUTINHO. No ano seguinte Sérgio levou Leci para a Discos Marcus Pereira, onde gravou seu primeiro compacto simples. Em 1975 ela gravaria o primeiro LP e recebeu inúmeros prêmios de crítica.
De lá até aqui foram 23 discos e várias compilações em vinte e nove anos de carreira. Durante cinco anos Leci ficou sem gravar por absoluta questão política. As gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pelas letras sociais. Ela cantou a defesa das minorias (todas elas), era convocada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de mulheres e principalmente o Movimento Negro.
Nos últimos quinze anos todos os discos de Leci contêm uma faixa falando do assunto de forma direta, transparente e apaixonada. É a cantora das comunidades e sente muito orgulho por isto.
Entre seus ídolos constam Martinho da Vila, Ruth de Souza e Benedita da Silva.

Fonte: http://secultjaguarao.blogspot.com/

Lanzamiento de "ARQUITRABE", de GERARDO CIANCIO


Arquitrabe de Gerardo Ciancio (1962) es el primer libro en publicar este autor en materia de poesía. Con materia de poesía.
Tras ejercer largos años la crítica literaria, Ciancio se reveló públicamente poeta a fines de este año, con la obtención del Premio Nacional de Poesía del Ministerio de Educación y Cultura, con el libro inédito Cieno.
Arquitrabe recoge una parte escindida a último momento de Cieno, siendo para Colección AEDAS un privilegio contarlo de aquí en más entre los títulos editados.
El convite es para el jueves 23 de diciembre, a las 20 horas, en Kalima, Durazno y Jackson.
Música / Brindis.
Alicia Pérez

Candombe para Gardel - Feijão no Dente

Grande Show na II Feira Binacional do Livro em Jaguarão
Grupo Feijão no Dente.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UM SONHO

O Beijo da Esfinge - Franz V. Stuck - 1895


No entanto, dessa vez não temos em conta qualquer obrigação de obedecer a um tema, assim, narraremos algo que não é costumeiramente pensado como literário. Narraremos um sonho.

O Sr. C., que a vida inteira dedicou-se à pratica do paraquedismo - primeiramente militar e depois de maneira publicitária - sonhou que em uma de suas quedas, avistara um estranho mundo entre as nuvens.

Lá estava, um povo de homens e mulheres diminutos, com sua paisagem de muitas árvores e riachos. E ocorreu, que C., em sua descida, passou por eles como a Lua ou o Sol passam por nós, ou seja, como um grande rosto a mirar-nos pelo interregno de um dia inteiro. Assim cruzara o Sr. C., lentamente como um dia dos liliputianos. Entrementes, ao Sr. C., afetara-lhe um átimo de tempo; e foi o que lhe bastasse para intuir o desiderato daquela espécie.

Os pequeninos seres viviam em um clima inteiramente favorável, ameno. Havia alimento por toda parte. Para aqueles, uma profecia revelara que a missão de todo o povo era reproduzir-se em escala elevadíssima para que assim descessem mais prontamente a um lugar onde poderiam fixar-se com segurança.

Então, a primeira coisa que o Sr. C. viu, quando aproximou sua enorme cara daquele estranho mundo, foi os pequenos seres em atividade sexual - se falar assim não os ofende -. Precisavam aumentar o peso sobre o mundinho que se deslocava para baixo, em uma queda em muito freada pelas copas das árvores, que estranhamente, não davam frutos antes de coparem em formato de imensos cogumelos. Os pomos que brotavam dessas árvores eram o principal alimento das criaturinhas, por isso não as abatiam.

Eram em tudo parecidos com nossa espécie, a não ser pela cor da pele, que, rosada, lembrava nossas crias recém nascidas. Sendo que estas, deles, eram de cor escura como o pelo dos burros; com um golpe-de-vista o Sr. C. divisou uma fêmea parindo seu bebe escuro - é que os nascimentos ocorriam em toda a parte e à toda hora, consequência obrigatória, no caso deles, da atividade sexual. Em adultos via-se-lhes rosados, de um rosa desesperado. Operavam com seus órgãos afins, com intensa energia e prazer, que se lhes não apontariamos estarem a cumprir outra obrigação que não aquela que sempre almejaram incumbir-se. O Sr. C, de fato, corou ao passar bem próximo de um casal que trabalhava. Ao tempo em que se beijavam, ligados, estendiam a mão e apanhavam frutos que devoram com lascívia e devassidão nos olhos.

Quando desceu em terra o Sr. C. estava mudado, perturbara-lhe o que vira.

Sérgio B. Christino

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aldyr Schlee no Premio Açorianos 2010

Noite festiva na entrega do Açorianos 2010 a vários escritores gaúchos

Reproduzimos do Blog do Luiz Carlos Vaz:


Em um ano repleto de reconhecimento e premiações à sua obra, e depois de ter sido escohido como o Fato Literário de 2010, Schlee também ganhou o Prêmio Açorianos de Literatura 2010, na categoria contos. Com o Teatro Renascença lotado, a Secretaria de Cultura de Porto Alegre distinguiu o jaguarense Aldyr Garcia Schlee com mais um prêmio ao seu extraordinário livro Os limites do impossível - os contos gardelianos, publicado pela Editora ARdoTEmpo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Un tango para Gioconda

Foto J. Passos
Un cielo plomizo dio paso a una borrasca huracanada. El viento, horizontal y cortante, parecía deslizarse sobre el río, con rachas de aspecto incongruente, como una tétrica procesión de fantasmas vaporosos patinando sobre una desierta llanura siberiana.

A las dos de la tarde se cortó la luz. A las tres, la furia tempestuosa se había aplacado. Ahora llovía en sesgo sobre el antiguo empedrado gris y pulido de las calles. En el enramado de los árboles la ventisca tocaba su flauta quejumbrosa.

Esta tormenta es la última postal que el invierno nos remite antes de seguir viaje. El desfile militar del 7 de setiembre, fecha patria brasileña, cayó sobre las tropas en marcha como un enjambre de flechas durante un combate medieval. Dispersó al público que, huyendo como hormigas ante el gas letal lanzado por un agricultor furibundo, buscó resguardo en cualquier atrio vacío o bajo las cornisas frente a los escaparates de las tiendas comerciales, cerradas por ser feriado nacional no laborable.

Pocas veces el cielo me obsequia un paisaje tan acorde con mi estado de ánimo; o lo contrario. Ha sido un día de plena conjunción; vibramos en la misma onda hertziana. Hoy tengo alma de bolero, pero, como vivo en Brasil, si tuviera un viejo tocadiscos colocaría algo de la inefable Dolores Durán, o me leería unos versos de Vinicius. Y si viera entrar a esa dama tán blanca a la que alude el antiguo romance del enamorado y la muerte, la invitaría a un trago… ¡Quién sabe, hasta cenaríamos juntos a la luz de las velas!

Pasada las diez y media de la noche, ha vuelto la luz. Pienso en vos, querida amiga. Aún sin poder concentrarme en ningún rasgo físico tuyo, o pese a no conocer tus características, tu humor, o alguna hilacha de tu alma. Pese a ello, pienso en vos.

Asimismo, podría decirte que hoy tengo algo de Joaquín Sabina rodándome el coco. El blanco de las casas encaladas de su Andalucía natal, de los pueblos con burricos cargados con cestas de aceitunas; el rasguido límpido y los acordes indo-árabes de la guitarra flamenca; los ayes afónicos y guturales de un cantaor traídos por la brisa primaveral desde algún mesón del sevillano barrio Santa Cruz, o los aromas mediterráneos impregnando la Feria de Abril, en la capital andaluza, con su multicolorido desfile de majas con mantilla y toreros vestidos de oro y grana. Y un cierto rancio, como pátina de fondo, diluído en la urgencia ríspida y babilónica de los rostros anónimos y fríos de Madrid. Hoy soy pura nostalgia. Me siento Sabina y viceversa.

Ya lo sé, rubia, vos no sos terapeuta ni Madre Teresa de Calcuta; tenés tus propias nanas y tus nenes. Pero, ¿me permitís decirte algo?: Hoy quisiera ser yo quien aparece abrazándote en esa foto, mientras vos le lanzás a la cámara una sonrisa enigmática, con algo de la Gioconda, con los brazos apoyados sobre la mesa y el mate en una mano. Te diría más: creo que hoy serías vos quien debería abrazarme, al tiempo en que yo, apretando el mate, dudaría entre mirar la lente o despejarme los ojos. El hecho es que el próximo sorbo tendría un dejo a sal.

Mirá vos, ¡yo que le huyo al tango como el diablo a la cruz, hoy te escribo como un tano nostálgico del 900, que contemplara ensimismado las aguas del Plata mientras echa de menos a alguna dolce ragazza que lo despidió en el puerto de Nápoles, o que se volvió un puntito indefinido y de inexorable adiós, caminando absorta, vacía y ausente, por las arenas inhóspitas de alguna olvidada bahía en el Golfo de Sorrento!

Al estilo de un vecchio anarco inconformista, hoy es mi cuore el que me sabotea, como si desde otro tiempo me gritara: “maledetto, così pagano i capitalisti”!

Bueno, rubia, perdoname el jonba. Pero es que intuyo algo en vos de mamma per tutti, y aunque no nos conozcamos, quisiera decirte que hoy te perdonaría todo. Si me colocaras un tango, te lo aguantaría; quizá, si me ayudaras, arriesgaría unos pasitos tímidos contigo, siguiéndote por la sala, entre la mesa del centro y los sillones, poniendo más cuidado en no pisarte los pies, que en acertar el paso.

Darío Garcia

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tem poesia na Casa do Livro

PRIMEIRA EDIÇÃO, EM MAIO, DESTACOU OBRA DE MÁRIO BENEDETTI


VIII edição do Sarau Poético-Musical encerra agenda cultural do ano na BPP

A poesia de autores locais encerra, na proxima terça (14) a programação cultural 2010 da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). A partir das 19:30 horas, no salão térreo, o público acompanha a oitava edição do Sarau Poético-Musical BPP , que intercala música e poesia recitada. No formato violão e voz, Luciane Casaretto faz a parte musical do evento, apresentando composições próprias .

Adriana Geisler, Daniel Stepanski, Ivo Ferreira Gomes e Luis Borges são os autores-poetas convidados pela coordenação do projeto que, sempre com entrada franca, oferece eventos mensais. Além de oferecer um espaço especifico para autores-poetas e músicos da cidade e região, o projeto procura destacar nomes da poesia de todos os tempos e geografias. Entre os poetas lembrados desde a primeira edição, em maio, destaque para nomes como Mario Benedetti (Uruguai) , Fernando Pessoa (Portugal) e Pablo Neruda (Chile).

Os saraus mensais da BPP tem como apoiadores culturais Labore Engenharia, Radiocom.104.5FM e REVISTA-SEJA. BLOGSPOT.COM.

Contato coordenação - saraupoetico@hotmail.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Juventude(s), violência e criminalidade: o que a cultura independente tem a ver com isso?

Reproduzimos postagem do Coletivo Cultural Feitoria do Linho Canhamo de hoje.
O que a arte, e o fazer artístico têm que ver com o jovem? O que o jovem e sua vida, suas necessidades, seus anseios, têm que ver com a arte, com a cultura? Arte e cultura podem resolver alguma coisa “de verdade” na vida dos jovens, hoje? Arte prá que? Prá quem?E por quem?
Indo diretamente na questão que mais me inquieta enquanto gente, pai e educador: COMO a arte pode ajudar a diminuir ou prevenir o envolvimento do jovem com as situações de criminalidade e violência?
Sem respostas prontas, prefiro apontar alguns aspectos que penso serem relevantes na relação do jovem com a(s) cultura(s) e de como isso pode ajudar a alterar algumas trajetórias.

O Coletivo Cultural Feitoria do Linho Canhamo e a Rede Metrô Rock estão realizando em 2010 o primeiro Festival MetrôRock. Este festival acontecerá simultâneamente nas cidades de São Leopoldo, Sapucaia, Esteio e Porto Alegre na semana de 11 a 19 de dezembro e propõe uma programação variada e diversa, plena de atividades artísticas, educativas e socioculturais. Poderia ser mais um evento artístico, mais um festival de música, mais um ciclo de oficinas ou, até, tudo isso junto. Seria legal, sim, mas e daí? O que estamos fazendo de diferente? O que esse festival, essa REDE e esses COLETIVOS têm a oferecer que possa efetivamente produzir alguma mudança? Que possa apontar alguma nova perspectiva?

Penso que o primeiro elemento é o fato de termos consciência de que estamos fazendo arte e indo além da arte. Estamos fazendo intervenções estéticas e políticas. Mais do que propondo, estamos inventando. O primeiro fato novo é a existência de um numero considerável de coletivos que tem como ponto comum a produção artística e a circulação desta produção. Tudo isso feito de forma coletiva, solidária e autônoma. O segundo elemento acaba por ser resultado natural deste primeiro: a articulação destes coletivos em uma rede. E não é qualquer rede, não. É uma rede metropolitana de arte independente.

Para nós do Coletivo Feitoria, criar, produzir e articular um evento como este ultrapassa a dimensão artística e torna-se um ato de resistência e de afirmação. É tornar-se protagonista do processo de construção de novas formas de fazer cultura e, portanto, de novas formas de conviver. Afirmamos, assim, nossa identificação com uma arte e um fazer artístico que, para além do entretenimento e do mero deleite estético, assumem lugar central no processo de efetivação da democracia e da justiça social. Nesta perspectiva, a arte vai além da função de veículo da denúncia ou da crítica social e se propõe como espaço de construção de autonomia, fio condutor da organização da comunidade e catalisador do desejo de outros mundos possíveis.

Construir um espaço privilegiado como este, só faz sentido se pudermos compartilhar essa potência criativa com a comunidade e, em especial com os jovens, de nossa cidade e região. Essa expectativa diferenciada tem um motivo muito específico: a Arte, como a entendemos, é um dispositivo de desacomodação, provocação e renovação das formas de ser e de relacionar-se. Sem querer encaixar a juventude numa “categoria” mais ou menos confortável, acredito que neste espírito de inquietação e de provocação os jovens encontrem muita identificação com as artes.

Além dessa convergência mais conceitual, o Coletivo Feitoria também trabalha na perspectiva de geração de trabalho e renda com a juventude, através de empreendimentos de economia solidária nas áreas de construção de instrumentos, produção cultural e ensino da arte. Em breve, estes empreendimentos estarão articulando ações que irão atender preferencialmente aos jovens em situação de vulnerabilidade social e em conflito com a lei.

Poderíamos escrever muitas e muitas páginas sobre as conexões muito particulares dos jovens com as artes e os motivos pelos quais a juventude tem legitimidade para protagonizar eventos como o Festival Metrô Rock, (clique aqui para ver a programação) mas a urgência e o bom senso (que nem sempre andam juntos) nos delegam uma missão: Convidá-los a participar da programação do festival e nos ajudar a criar uma experiência cultural que transborde dos palcos e das salas para as ruas dessa cidade.
Léo Guimarães
Núcleo de Educação do
Coletivo Cultural Feitoria do Linho Cânhamo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Intuição

Claude Monet - Canal em Amsterdam - 1874


Já repararam que na palavra prostituição, acrescentando a letra “n”, estará contida a palavra intuição? Há muito tempo ouvi uma estória e dela me lembrava ontem à noite. Daí surgiu a observação que faço, em atenção a uma mania que trago desde criança: perceber as relações entre os fatos da vida.

A zona de meretrício localizava-se próxima ao centro da cidade, num bairro que há muito não sentia o cheiro de tinta fresca. Os quintais das casas e o passeio público rivalizavam na sujeira; era um acordo tácito entre o público e o privado. Ali viviam trabalhadores de baixa renda, alguns desocupados e mulheres que optaram por morar próximo ao local onde ganhavam a vida.


Morava e trabalhava ali uma jovem de vinte e dois anos, que aqui tratarei por N. (acho que foi essa letra inicial que desencadeou o resultado das reflexões de ontem à noite). Tinha mãe ainda viva e jovem, mas ignorava o paradeiro do pai. À insistência da filha em querer conhecê-lo, a mãe reagia com impaciência e, decidida, não tocava no assunto. Fizera apenas duas concessões naqueles anos todos, revelando o nome e as circunstâncias do abandono.


Os sentimentos da mãe também foram revelados juntamente com aquele nome. Era cristalino para N. que a mãe ainda o amava, pois, se lhe revelava o nome, apesar de não admitir maiores conversações a respeito, é porque nominava um sentimento; se preservamos o nome, é porque o objeto, de alguma forma, está a salvo.


Mas a filha sabia mais sobre o pai do que supunha sua mãe. Nunca o vira, nem lhe seguira os passos, mas conseguira uma informação, absolutamente significativa, fruto do mais puro acaso. Pelos sentimentos da mãe e pela importância da informação, jamais revelou o segredo.


N. recebia seus clientes em sua própria casa, visto que não morava com a mãe havia cinco anos. Amava flores e plantas e tinha verdadeira paixão por pintura. O jardim da casa era bem cuidado; seu maior orgulho era uma orquídea que ganhara de um cliente. A partir de reproduções baratas de obras famosas da pintura universal, mantinha espalhados pela casa Picassos, Gauguins, Portinaris e seu autor favorito, Claude Monet. O gosto pela arte, de onde ele vinha, fantasiara que herdara do pai. A verdade é que, quando pequena, ainda freqüentando a escola de uma pequena cidade do interior, participara de uma excursão à capital em visita a uma exposição. O deslumbramento por ver aquela metrópole pela primeira vez fora suplantado pelo esplendor das cores, sombras e luzes.


O que de fato nos interessa ocorreu numa noite de terça-feira. Um homem, que nunca vira, bateu à sua porta em busca de seus serviços. Logo que entrou, causou-lhe uma pequena inquietação que foi aumentando, conforme conversavam e bebericavam antes de irem para o quarto. Ele tinha pouco mais de quarenta anos, estatura acima da média, porte atlético, como se diz. A voz macia e serena, seus gestos delicados, causavam em N. a impressão de aquele era um homem bondoso. Mas era triste aquele homem. Quando N. falava, seu olhar era distante, como se estivesse preocupado; como se fosse preocupado. Carregava um peso consigo, disso não havia dúvida. Freqüentemente olhava para o chão, embora não fosse tímido.


N. não conseguiria ir com ele para o quarto; o melhor a fazer era dispensá-lo, sair e tomar um pouco de ar fresco em alguma rua à beira do cais. Pretextou uma forte dor de cabeça e problemas de pressão baixa e pediu-lhe que viesse outro dia. Em outras circunstâncias, não teria agido assim; os homens costumam ser violentos quando lhe negam o prazer uma prostituta. Mas aquele não; aquele homem seguramente seria compreensivo com ela, como de fato foi.


O gosto pela pintura a levava freqüentemente ao Museu de Arte Moderna no centro da cidade. Nas tardes de sábado gostava de freqüentar galerias, ateliês e esperava ansiosamente por uma nova exposição no museu. Naquele sábado, a tarde seria toda dela. Nenhum dos clientes casados, que não podiam procurá-la à noite, agendou encontro. Vestida com sua melhor roupa, foi ao encontro das obras de artistas hispano-americanos, com destaque para os mexicanos.


Gostava de assinar o livro de presenças; era um ato de comunhão, dizia ela à mãe. Na pequena fila que se formou diante do livro uma visão inesperada quase a fez desistir. O homem daquela terça-feira aguardava a vez imediatamente antes dela. Quando ele assinou e virou-se lateralmente para dirigir-se à porta de saída, ela inclinou o rosto para baixo para não ser reconhecida. Com mãos levemente trêmulas assinou o livro e leu o nome que estava logo acima do seu. A forte emoção tomou-lhe conta do corpo, que caiu ao chão; depois da explosão, a implosão. Quando voltou a si, aceitou um copo d’água que lhe ofereciam, disse que estava bem e que já poderia ir. Saiu e sentou-se em um banco na praça em frente ao museu. Após quinze minutos contemplando os pombos que por ali mendigavam, dirigiu-se à igreja, a dois quarteirões dali.


Em lágrimas, pediu a Deus que perdoasse e protegesse aquele homem e agradeceu por não ter levado para o quarto o assassino de seu pai.




Edson Martins

Clandestino - Gilberto Isquierdo e Said Baja

  Assim como o Said, milhares de palestinos tiveram de deixar seu país buscando refúgio em outros lugares do mundo. Radicado nesta fronteir...