sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Blog da Confraria recebe Prêmio Internacional


Em recente gira pelos Países Nórdicos, nossa correspondente sediada em Castelgandolfo, A. Steps, recebeu da Academia Literária Finlandesa das Moças de Chapéu, o cobiçado Prêmio Bjojta Blöjg, reservado a um seleta Plêiade de Organizações Poético Culturais, as quais com seu labor, contribuem  para a difusão em todo o Globo da boa literatura.


Antes de receber o ansiado prêmio, G. Steps, cônjuge de A. Steps, leu alguns poemas da Confraria para grande êxtase da plateia, que enlevada assistia à performance de nosso Confrade. Não foi relatado pelos presentes, apesar da intensidade do momento,  alguma cura milagrosa pelo poder da palavra.

Após a entrega da Comenda, durante cerimônia realizada no Paço do Cervo Real, cantou-se o hino  à Confraria, música recém composta pela nossa A. Steps, como podem observar na foto que registra o acontecimento.

A Confraria dos Poetas de Jaguarão, muito honrada com a distinção, divide o Prêmio com seus leitores e deseja a todos um Feliz 2012 com muita Arte, Poesia e Bom Humor!  
    

Políticas públicas no País da diversidade cultural


Visita da Ministra Ana de Hollanda selou investimentos na região


Ao completar nosso primeiro ano à frente da Representação Regional Sul do Ministério da Cultura, consideramos importante relatar o trabalho de implementação das políticas públicas promovidas. Desde o início, estabelecemos que era preciso ampliar nossa atuação junto aos vários segmentos culturais, assim como dar continuidade aos projetos e programas em andamento. No Rio Grande do Sul demos prioridade ao diálogo e à parceria com a Secretaria da Cultura/Sedac, simbolizados na participação da Secretaria de Articulação Institucional e RRSul/MinC na Conferência Estadual de Cultura, realizada na cidade de Santa Maria. Na ocasião, foi assinado o Acordo de Cooperação Federativa do Sistema Nacional de Cultura, resultando em um convênio de repasse de orçamento - o Mais Cultura RS - para os quatro anos de governo, no valor de R$ 18,925 milhões, com contrapartida local, envolvendo 500 Pontos de Cultura. Naquele momento foram conhecidos outros investimentos no patrimônio cultural destinados a diversas cidades do Estado, como com os municípios de Pelotas e Jaguarão e mais onze prefeituras signatárias do PAC das Cidades Históricas, que, em dezembro, pela primeira vez em sua história, receberam a visita de um ministro da Cultura.


A participação na organização da II Conferência Nacional de Cultura, em nome do Instituto Brasileiro de Museus, nos permitiu perceber a dimensão do trabalho empreendido, desde 2009, pela Secretaria de Articulação Institucional em todos os estados do Brasil, para estabelecer o Sistema Nacional de Cultura em estados e municípios. Estivemos em mais de 50 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, enfatizando noções e conceitos de políticas públicas defendidas pelo Ministério da Cultura, bem como ouvindo, orientando e capacitando pessoas interessadas na gestão e no fazer cultural. Dessa jornada, resultou a adesão de 20,2% no RS, 17,4% em SC e 10% no PR ao Sistema Nacional de Cultura, baseado na criação de órgãos gestores de cultura, conselhos de políticas culturais democráticos, modalidades de financiamento com fundos próprios para a cultura, sistemas de informações, planos decenais e programas de formação na gestão cultural.

Margarete Moraes
Representante da RRSul/MinC

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Unipampa oferece novo Curso: Produção e Política cultural


Centro de Interpretação do Pampa será elemento importante no novo Curso


Produção e Política Cultural, uma área de formação e agora um Curso ofertado na Unipampa – Campus Jaguarão, trata-se da proposta do primeiro Curso de bacharelado na cidade, com forte base humanística, propiciando o egresso dentre outras possibilidade trabalhar como Produtor Cultural, ou atuar na área de Gestão de Políticas públicas, em todas as esferas governamentais e no dito terceiro setor, em organizações não governamentais. 

O Curso, com sólida formação teórica aliada a práticas nos equipamentos culturais da cidade, em especial no Centro de Interpretação do Pampa, propiciará ao formando base suficiente para ingressar nos mais diversos programas de Mestrado, sejam teóricos ou profissionalizantes. Convém dizer que o Plano Nacional de Pós Graduação 2011 – 2020, elaborado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior indica a Cultura entre uma das áreas prioritárias para programas de Mestrado e Doutorado, apontando assim para a constituição de um campo de pesquisa emergente.

O Projeto integra a proposta de inovação dentro do ensino público brasileiro, que na última avaliação do Instituto Nacional de Pesquisas, atribuiu a nota 4 à Unipampa, em um máximo de 5, demonstrando que tal como outras instituições federais, a existência de professores mestres e doutores com dedicação exclusiva, aliado a estruturas novas e com sua consolidação e expansão em andamento geram o sentido maior da universidade. A Unipampa, além do ensino, trabalha também pesquisa e extensão em diversos projetos que normalmente contam com estudantes bolsistas que ampliam sua visão sobre a universidade e a sociedade, ademais de passarem por situações que exigem significativa responsabilidade nestas atividades que auxiliam no amadurecimento do educando.

A Universidade Federal do Pampa conta ainda com uma política de assistência estudantil, atendendo com alguns programas de apoio o estudante que comprovar necessidades na área de assistência estudantil.

Ainda sobre Produção Cultural, cabe citar a definição Guia das Profissões, edição 2011 da editora Abril: “São o planejamento, a elaboração e execução de projetos e produtos culturais, considerando critérios artísticos, sociais, políticos e econômicos. O produtor cultural cria organiza projetos artísticos e culturais, como espetáculos de teatro, dança e música, produções televisivas, festivais, mostras e eventos. Ele cuida de todas as etapas, da captação de recursos à realização final, e como produtor executivo faz orçamento do projeto, define cronogramas e busca recursos para a montagem da obra”.

Na revista que trata do universo das profissões, Você S/A,  do mês de novembro de 2011,  é divulgada uma matéria com 30 novas carreiras no país, e uma delas é o “Curador de Arte”, a qual poderá ser uma das atuações do profissional que se forma na área de produção cultural.

No próximo dia 07/01 abre o sistema ENEM SISU para o ingresso da primeira turma.

Prof. Alan Dutra de Melo
Tecnologia em Turismo, Unipampa - Jaguarão

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fabián Severo - Noite nu norte - Poema 34


Mi madre falava mui bien, yo intendia.
Fabi andá faser los deber, yo fasía.
Fabi traseme meio litro de leite, yo trasía.
Desí para doña Cora que amaña le pago, yo disía.
Deya iso guri i yo deiyava.

Mas mi maestra no intendía.
Mandava cartas en mi caderno
Todo con rojo (igualsito su cara) i asinava imbaiyo.

Mas mi madre no intendía.
Le iso para mi mijo i yo leía.

Mas mi madre no intendía.
Qué fiseste meu fío, te dice que te portaras bien
I yo me portava.

A historia se repitió por muintos mes.
Mi maestra iscrevía mas mi madre no intendía.
Mi maestra iscrevía mas mi madre no intendía.

Intonses serto día mi madre intendió i dice:
Meu fío, tu terás que deiyá la iscuela
I yo deiyé.

Apresentação nos Colóquios da III Feira Binacional do livro da obra Noite nu norte do escritor uruguaio  Fabián Severo. A participação de Fabián contou com  o apoio do MEC Uruguay.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Revolution Araçá Blues

foto A. Steps

Revolução estética é
Revólver à massa

   É galgar degraus descendo à matéria
   Bruta da composição inexata

          É a Não vida se contrapondo à Não morte
          que são contrárias sendo tão iguais

É escrever lixo no luxo
É Araça Blues!

          Revolução estética é
          Revolver a massa!

                      George Steps


domingo, 25 de dezembro de 2011

O último dia

Foto J. Passos

Era uma vila, mas todos os habitantes, talvez por megalomaníacos, chamavam-na cidade. Cidade de São Miguel tinha vinte e uma casas, uma igreja, um mercado, uma escola, um hospital, um cemitério e uma praça.
Cerca de cinqüenta pessoas que podiam sair de lá por três caminhos diferentes, e que de certa forma, caso o fizessem, jamais voltariam a vê-la.
Pedro Arduriz, filho de Joana Cortez e Pablo Arduriz, tinha sessenta e seis anos bem vividos, todos eles gastos dentro das fronteiras daquela pequena grande cidade, que sempre fora a sua vida.
Acordou naquele já distante 3 de outubro, foi até o seu país das maravilhas particular, localizado no sótão e encarou todas as obras de arte que sua imaginação e sua destreza combinadas foram capazes de criar.
Apoiado na bengala, que aparentava ser mais velha do que ele, fez um pequeno tour pelo seu museu particular e quando chegou ao final de sua pequena peregrinação, sentiu-se satisfeito por tudo o que fora capaz de criar, pensava nisso, enquanto apagava a luz e deixava o trabalho de uma vida para trás.
Nunca se casara, tivera apenas um amor, mas filho de carpinteiro que era não pôde desposar a filha do, então, prefeito. Ela acabara se casando com outro e ele acabara se casando com as artes.
Naquele dia em que ele se despediria do mundo, lembrá-la ainda era o seu mais corriqueiro pensamento, mesmo após tanto tempo, e esquecê-la ainda era o seu mais fervoroso deseja, afinal, quem não deseja morrer em paz.
Saiu a rua, e a viu desértica. Sentia-se feliz, por saber que não mais estaria solitário em bem pouco tempo. Caminhou lentamente pela única rua da cidade e após alguns segundos de hesitação bateu à porta da ultima casa.
Do outro lado passos suaves e lentos, fizeram-se ouvir, através do ranger da madeira. Um homem baixo de olhos claros e inexpressivos, abriu a porta, usava um casaco negro, sua boca permaneceu aparentemente imóvel, enquanto ele dizia:
- Nunca imaginei que você seria o último.
Pedro olhou-o, como alguém que já esperava ouvir algo do tipo e então falou:
- Faz um ano que você diz isso. E em todas as vezes eu fico dizendo a mim mesmo, que eu sempre desejei ser o primeiro.
- Bom- prosseguiu o homem do casaco negro- Já estamos atrasados. Vamos?
Pedro olhou-o quase como um homem feliz pela ultima vez e agarrado ferozmente a sua bengala iniciou o trajeto a que se propusera, andando pela ultima vez por entre as casas que conhecera de toda a sua vida.
Chegaram ao cemitério e sentaram-se sobre a terra vermelha e úmida. Após alguns minutos, de profundo silêncio, Pedro olhou para o homem de preto e perguntou-lhe despreocupadamente:
- De que lado esse ano?
- Sudoeste – Respondeu o homem de preto de forma seca.
Duas covas estavam abertas, montes de areia as cercavam por todos os lados. Pedro escolhia a sua, quando um forte relâmpago fez-se ver sobre a montanha. O homem de preto olhou para Pedro e disse finalmente:
- Chegou a hora.
Direcionaram- se para as suas respectivas covas, pulando os montes de areia que as cercavam. Eram exatamente onze horas e trinta e sete minutos daquela manhã.
- Adeus, Antoine. – Disse Pedro Alburiz.
- Adeus, meu amigo. – Respondeu o homem que vestia preto.
O Choro da chuva aliado ao uivo do vento, acabou tornando-se um pequeno tufão. Ele desceu ferozmente, desde a montanha, arrasando a cidade, parou como quem olha às portas do cemitério e soprou um vento suave que empurrou a terra por sobre as covas ainda abertas, tapando-as.
Depois, refez o seu caminho, quebrando o que havia deixado em pé, qual fosse um menino birracento, irritado por não ter mais brinquedos para manusear.
Antoine expirou sério. Pedro Alburiz sorria, não conseguira esquecer daquela filha de prefeito. Mas naquele momento, era a imagem dela que o tranqüilizava. Não teve medo quando a cova foi tapada, afinal, havia um ano que ele sabia, seria o último.

Nicolás Gonçalves

Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 22/12/2011.


O Choro do Mestre Vado

foto: Carlos José Azevedo Machado

Mestre Vado - Pachola
(Vado/sax, Amaro/pandeiro, Paulo Ciro/violão e Claudiomiro/cubana)

O amigo e poeta José Alberto de Souza nos enviou um presentaço nesta noite de natal. 
A gravação do choro Pachola, do Oswaldo Emílio Medeiros, o Mestre Vado.
Curtam no player acima os fraseados e a sonoridade do Sax do mestre.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Bate o sino - Natal Bem Brasileiro


Muita Paz, Amor e  Diversidade Cultural bem brasileira,  é o que deseja a Confraria dos Poetas de Jaguarão neste Natal 2011. 

Carinhoso - Marcos Fragoso


Show em Tributo a Eduardo Nadruz, o Edu da Gaita, realizado durante a III Feira Binacional do Livro em Jaguarão, dezembro de 2011.

Na harmônica, Marcos Fragoso, violão, Egbert Parada,  e no bandolim, Fabrício "Pardal" Moura.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Umberto Eco: "O Cânone Ocidental"de Harold Bloom



“O Cânone Ocidental” de Harold Bloom define o cânone literário como “a escolha de livros em nossas instituições de ensino”, e sugere que a verdadeira questão que ele suscita é: “o que o indivíduo que ainda deseja ler deveria tentar ler, a essa altura da História?” E ele observa que, na melhor das hipóteses, dentro do tempo de uma vida é possível ler somente uma pequena fração do grande número de escritores que viveram e trabalharam na Europa e nas Américas, sem contar aqueles de outras partes do mundo. Mesmo nos atendo somente à tradição ocidental, quais são os livros que as pessoas deveriam ler? Não há dúvidas de que a sociedade e a cultura ocidentais foram influenciadas por Shakespeare, pela “Divina Comédia” de Dante, e – voltando atrás no tempo – por Homero, Virgílio e Sófocles. Mas será que somos influenciados por eles porque os lemos de fato em primeira mão?

Isso lembra o argumento de Pierre Bayard, em “Como Falar Sobre Livros que Você Não Leu”, de que não é essencial ler de fato um livro de capa a capa para entender sua importância. Por exemplo, é nítido que a Bíblia teve uma profunda influência tanto sobre a cultura judaica como sobre a cristã no Ocidente, e mesmo sobre a cultura de não-crentes – mas isso não significa que todos aqueles que foram influenciados por ela a tenham lido do começo ao fim. O mesmo pode se dizer sobre os escritos de Shakespeare ou James Joyce. É necessário ter lido o Livro dos Reis ou o Livro dos Números para ser uma pessoa culta ou um bom cristão? É necessário ter lido Eclesiastes, ou basta simplesmente saber em segunda mão que ele condena a “vaidade das vaidades”?

Sendo assim, a questão do cânone não é homóloga à do currículo escolar, que representa o conjunto de obras que um estudante deverá ter lido ao fim de seus estudos. Hoje o problema é mais complicado do que nunca e, durante uma recente conferência literária internacional em Mônaco, houve um debate sobre o lugar do cânone na era da globalização. Se roupas de marca “europeias” são produzidas na China, se usamos computadores e carros japoneses, se até em Nápoles comem hambúrgueres em vez de pizza – resumindo, se o mundo encolheu a dimensões provincianas, com estudantes imigrantes em todo o mundo pedindo para aprender sobre suas próprias tradições – então como será o novo cânone?

Em certas universidades americanas, a resposta veio na forma de um movimento que, mais do que “politicamente correto”, é politicamente estúpido. Como temos muitos estudantes negros, algumas pessoas sugeriram ensinar-lhes menos Shakespeare e mais literatura africana. Uma ótima piada à custa de todos aqueles jovens destinados a saírem pelo mundo sem entender referências literárias universais como o solilóquio do “ser ou não ser” de Hamlet – e, portanto, condenados a permanecerem à margem da cultura dominante. Se tanto, o cânone existente deveria ser expandido, e não substituído. Como foi sugerido recentemente na Itália, a respeito de aulas semanais de religião nas escolas, os estudantes deveriam aprender algo sobre o Corão e os ensinamentos do Budismo, bem como sobre os Evangelhos. Assim como não seria mau se, além de suas aulas sobre a civilização grega antiga, os estudantes aprendessem algo sobre as grandes tradições literárias árabe, indiana e japonesa.

Não faz muito tempo, fui a Paris para participar de uma conferência entre intelectuais europeus e chineses. Foi humilhante ver como nossos colegas chineses sabiam tudo sobre Immanuel Kant e Marcel Proust, sugerindo paralelos (que poderiam estar certos ou errados) entre Lao Tsé e Friedrich Nietzsche – enquanto a maioria dos europeus entre nós mal conseguia ir além de Confúcio, e muitas vezes com base somente em análises em segunda mão.

Hoje, no entanto, esse ideal ecumênico esbarra em certas dificuldades. Você pode ensinar a jovens ocidentais a “Ilíada” porque eles ouviram algo sobre Heitor e Agamêmon, e porque seus rudimentos de cultura incluem expressões como “o julgamento de Páris” e “calcanhar de Aquiles” (embora em um recente exame de admissão de uma universidade italiana um candidato tenha pensado que o termo “calcanhar de Aquiles” se referia a uma doença, como cotovelo de tenista).  Ainda assim, como conseguir fazer com que esses estudantes se interessem pelo poema épico sânscrito “O Mahabharata”, ou pelos poemas dos “Rubaiyat de Omar Khayyam” de forma que essas obras permaneçam em suas memórias? Será que realmente podemos adaptar o sistema educacional a um mundo globalizado quando a vasta maioria dos ocidentais cultos ignora totalmente que, para os georgianos, um dos maiores poemas na história literária é “O Cavaleiro na Pele de Pantera” de Shota Rustaveli? Quando acadêmicos não conseguem nem concordar se, na versão georgiana original, o cavaleiro do poema está na verdade usando uma pele de pantera e não de tigre ou de leopardo? Chegaremos sequer a esse ponto, ou continuaremos simplesmente a perguntar: “Shota o quê?”

Umberto Eco
Fonte: The New York Times
http://www.nytimes.com/ 


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Memórias de um pernambucano da gema em Jaguarão


Olá, amigos concurseiros e futuros fiscais!
Aluisio Neto

   O artigo de hoje é dedicado a todos aqueles que irão passar no próximo concurso que houver para a Receita Federal do Brasil e que, certamente, ao se depararem com as opções de vagas, encontrarão a simpática cidade de Jaguarão/RS entre as diversas opções “maravilhosas” de lotação inicial possíveis. Mas, pode ser também para deixar na vontade (de conhecer e, quiçá, viver) os que pretendem conhecer a cidade que guardei no coração para sempre. Vontade de um dia voltar?? Tenho, não posso negar. E voltaria sem pensar duas vezes.



   Jaguarão foi a cidade que eu, assim como muitos que passaram junto comigo no último concurso para AFRFB, escolheu dando um tiro no escuro e acertando, “na mosca”, uma mosca. Foi o melhor tiro no escuro que já dei na vida. Mas, falarei apenas por mim e pela cidade. Desconheço as demais unidades. Venderei apenas o peixe que conheci.

   Simpática, aconchegante, acolhedora, muito boa de viver e morar por muitos e muitos anos. E por que não para o resto da vida? Apesar de todas as limitações de uma cidade de interior e de 30 mil habitantes, o ponto final no extremo sul da BR-116 e do Brasil, Jaguarão é encantadora, cheia de histórias e coisas para serem conhecidas. Que me perdoem os que a acham sem graça e tediosa. Minha estada na Cidade Heróica foi das melhores possíveis, a melhor experiência de vida que puder provar.

   Pesquisei Jaguarão na internet antes de poder escolhê-la definitivamente. Fui o último a conseguir vaga no grupo dos quatro que foram para lá. O quarteto, como disse um dia nossa querida Inspetora. Dela e dos amigos que lá encontrei e deixei, falarei já já.

   Tudo que encontrei na pesquisa foram fotos da Ponte Internacional Mauá, mais algumas fotos da ponte, outras da cabeceira da ponte, outras do vão da ponte e algumas poucas fotos da cidade e das suas ruas. Ô saudade da 27, da Carlos Barbosa, da Uruguai e de tantas outras por onde passei e vivi. E, claro, da Frederico Rache, onde morei. Pertinho do quartel, ao lado do hospital e com vista da janela do quarto para o Uruguai. Saudades desse simpático país.

  Tudo que conhecia e sabia de Jaguarão e região eu consegui na internet e com os poucos amigos gaúchos no curso de formação, que pouco ou nada sabiam da sua existência. Se tive dúvidas em escolhe-la?? Todas as possíveis. Chuí, São Borja, Quarai, Porto Xavier, todas no Rio Grande do Sul, eram algumas das muitas outras opções que cogitei escolher. Morar na fronteira e trabalhar na Aduana era a única coisa que eu tinha certeza a partir do dia que preenchi as opções de lotação. Com a cara e a coragem, já conhecendo meu destino, “rumei” a Jaguarão, como contei no artigo anterior.

   Ao chegar em Jaguarão e desfrutar poucos dias na cidade e na vizinha Rio Branco, no Uruguai, senti ter escolhido a cidade certa. E a opção certa. Era um mundo que um nordestino, pernambucano da gema, jamais teria imaginado viver. Em meio à gauchada e aos uruguaios, um ano e dois meses na fronteira se passaram rapidamente. Voaram. Nem o frio de congelar de junho a setembro me fizeram mudar de idéia. E para quem tinha, em Recife, 20°C como o princípio do apocalipse, um frio de doer, essa seria a temperatura beirando o calor que encontraria em Jaguarão no dia-a-dia. Nos dias quentes, claro. Sinto frio só em pensar nos dias frios que vivi lá. Porém, maravilhosos.

   Tenho que começar falando das instalações da Inspetoria de Jaguarão. Perfeitas! Para quem espera um prédio sujo, acabado, sem estrutura... acho bom rever totalmente os conceitos. Uma pérola. Impecável. Arrisco dizer que, muitas vezes, é mais prazeiroso está no trabalho desfrutando de tudo aquilo do que estar em casa. Tudo sob o comando da pequena grande pajé Priscila, a Inspetora, figurinha de simpatia e atenção únicas. Lá na Inspetoria ainda “vivem” Leandro, gente finíssima e competente, do qual “pouco” se escuta a voz; Gustavo, o cidadão mais chato e gente boa ao mesmo tempo que já conheci, implacável com os muambeiros da fronteira; Cleber, Thiago, Pablo, Suedi, Débora, Edinei, Reginaldo, Andrea, Ricardo e todos os demais servidores completam os demais índios da belíssima oca da IRF-Jaguarão.

   Entretanto, fiquei lotado no Porto Seco, à beira da BR-116, um pouco antes da mesma findar na Ponte Internacional e desembocar no Uruguai. Lá trabalhei durante todo o período que fiquei em Jaguarão. Deixei-a, mas com bastante pesar e saudade de tudo e de todos que lá encontrei. 

   Digo que no Porto Seco tive todas as mordomias que um servidor possa querer enquanto se dedica à nação e a “educar” os contribuintes. Material de trabalho, condições de trabalho maravilhosas, gente educada e harmoniosa, ambiente agradável e seguro... e o famoso lanchinho da sexta-feira. Isso mesmo: toda sexta, religiosamente, pontualmente às 15:30h, desfrutei do bom e velho sanduíche com coca-cola. Pelo menos até a rebelião dos que preferiam salada de frutas. Foi instaurada a salada de frutas. Pelo menos a minha saúde agradeceu.

   Cheguei lá em meio a um frio típico gaúcho, começando a trabalhar com os trânsitos aduaneiros e, pouco a pouco, conhecendo os despachos de importação e exportação na prática. O que era bom, começou a ficar melhor. Logo vieram as primeiras multas, perdimentos... a Aduana é maravilhosa.
Todo o aprendizado inicial foi dado, principalmente, por André, o cara mais paciente e atencioso que já conheci no serviço público, nosso paizão no Porto Seco. Se não souber, fala com o André que ele resolve, ele vai saber o que fazer. Ou pelo menos irá fazer cara de quem sabe, como disse um dia Márcia, e passando aquela confiança que todo mundo perdido precisa. :)

   Tem ainda os famosos e calorosos debates filósofo-científico-político-religiosos travados entre Martin, auditor, poeta e blogueiro, representante da zona sul da sala, colorado e inimigo público número um de Bolívar, zagueiro do Inter, e da Igreja Católica; e Jorge, analista e blogueiro de carreira, gremista e ex-coroinha, representante da zona norte, em busca incessante pela segunda centúria de seguidores. Dos debates, por muitas vezes, participou também César, com sua calma característica, outro colorado apaixonado. Calma, César, calma! Não estresse, por favor. Quando dávamos conta, todo a sala estava envolvida no debate. 

   Figura ímpar é Eduardo, com toda a sua filosofia ambiental, alimentícia, espiritual, partidária, científica e demais áreas afins e não-afins, sempre levantando temas para debate, discussões e alfinetadas. Suas limas e laranjas, plantadas pessoalmente no quintal de casa, sem uso de agrotóxico, venenos e tudo mais que uma vida saudável procura, eram sem dúvidas deliciosas e docinhas. Sempre compartilhadas com os colegas, claro.

   Faltaram apenas as mulheres, que davam a beleza e a simpatia à sala. Beth, com seu coração, paciência e bondade sem tamanho; e Fabiana, minha eterna vizinha, amiga e companheira de prosa durante todo o tempo que morei em Jaguarão, e que, logo, logo, se mandará para sua adorável Porto Alegre. Calma, guria! :)

   Fica minha homenagem e gratidão a todos aqueles que me acolheram e me receberam em Jaguarão, e que fizeram cada dia um belo dia, fazendo esquecer por vezes que eu estava a 4.000 km de Recife e de Pernambuco, minhas queridas capital e Estado. A saudade foi maior e tive que deixar a Cidade Heróica rumo à Terra dos Altos Coqueiros. Por enquanto, ainda estou em Feira de Santana, em pleno sertão baiano, na Cidade Princesa.

   A todos aqueles que irão ficar na imensa dúvida em qual cidade escolher e viver até a próxima remoção, aconselho, de coração, optar por Jaguarão/RS. Vá. Vá de coração aberto e viva a Cidade Heróica; os maravilhosos free shops de Rio Branco; os eventos culturais da cidade e região (poucos, mas de gabarito); o mate ao fim da tarde à beira do Rio Jaguarão; os restaurantes La Fogatta e Batuva, em Rio Branco; o bairrismo do gaúcho da fronteira; os doces de Pelotas; o churrasco gaúcho (para mim, o melhor de todos, apesar disso ser uma redundância); a Ponte Internacional Mauá e seu movimento diário de brasileiros, coisas e uruguaios; a simpatia dos uruguaios; a eterna briga pela superioridade entre os fanáticos gremistas e colorados; poder ir de carro à Montevideo e à Punta del Leste; para os homens, as maravilhosas gaúchas; e tudo mais que a vida na fronteira sul do Brasil proporcionará.

   Por hoje é só. A todos os que estão na luta diária e que, tenho certeza, estão logo mais com a dúvida da lotação, meu incentivo e minha força. É só acreditar. Se alguém tem que passar e ocupar a vaga, esse alguém certamente pode ser você.

   Aos amigos que deixei em Jaguarão, deixo um abraço e a saudade de todos. 

   Até o próximo!
Direito Tributário, Legislação tributária estadual, Legislação tributária municipal

Centro de interpretação do Pampa


Uma ruína imponente, assentada no Cerro da Pólvora, “ponto mais alto da cidade“, continuará a guardar a fronteira e o pampa como sentinela avançada.
O edifício da antiga enfermaria será recuperado, mantendo seu aspecto de ruína, que já faz parte da paisagem de Jaguarão. Com novas instalações, deverá abrigar o Centro de Interpretação do Pampa. (Texto do Projeto Brasil Arquitetura)

Projeto de referencia em todo o Brasil e na América Latina, pelo resgate da memória de um povo e de uma região, o bioma pampa. O Centro de Interpretação do Pampa concretiza um sonho acalentado há mais de 30 anos pela população desta cidade, movimento que se inicia na década de 80 com o Projeto Jaguar.

A ousadia da prefeitura de uma pequena cidade de grande história,  de investir em cultura, o apoio da comunidade com o abraço à Enfermaria, a inclusão de Jaguarão no PAC das cidades históricas, a parceria fundamental  com o IPHAN e a Universidade Federal do Pampa, são frutos de um árduo trabalho que tornaram esta obra uma realidade, tendo como  marco a visita da Ministra da Cultura Ana de Hollanda a Jaguarão, demonstrando a importância dos recursos investidos e do lugar que a cidade heróica conquistou no espaço cultural do Brasil.

Quando da visita, foi entregue à ministra, o projeto que urbaniza o entorno do futuro Centro de Interpretação do Pampa, beneficiando 300 famílias moradoras do Cerro da Pólvora.

É a cultura como fator de desenvolvimento para toda a região. (Texto Jorge Passos)

Filme dedicado ao inicio das obras do Centro de Interpretação do Pampa na cidade de Jaguarão. Imagens retiradas do Projeto de Marcelo Ferraz, da Brasil Arquitetura, e fotos Fernanda Cassel (visita Ministra) e Jorge Passos (vista da enfermaria do lado uruguaio), Alencar Porto (vídeo operários) 
Música incidental, Acrata , do Maestro Juan Pablo Schllemberg.
Narração: Maria Fernanda Passos. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Criatividade e Reciclagem na decoração do Natal em Jaguarão


Jaguarão Natalina 

Há dois anos a Secretaria de Cultura e Turismo vem investindo na criatividade e reaproveitamento de materiais recicláveis para realizar a decoração natalina da cidade. No primeiro ano contou com a parceria das escolas e confeccionou diversas arvorezinhas que enfeitaram os canteiros da praça central.


Este ano, com a ajuda da dona Roseli, Presidente da associação dos pescadores, que trabalha com artesanato, a decoração natalina foi ampliada. A idéia de trabalhar com material reciclável poderia fazer muita coisa com nada de custos. Além da proposta de construir adornos, a Secretaria de Cultura e Turismo também proporcionou oficinas para as escolas, trabalhando a questão da reciclagem e do artesanato.


Esta ação contou com o apoio de estagiários alunos da UNIPAMPA e da Cooperativa de Catadores COOADESP que forneceu o material.

Com as garrafas pet foram confeccionadas guirlandas, bonecos de neve, árvores de natal e pombas da paz.Os visitantes poderão apreciar a decoração natalina até o dia 06 de janeiro.


A coordenação geral esteve a cargo do promotor cultural da Secretaria de cultura, Rodrigo Machado da Costa.

A Secult aproveita para pedir auxilio à comunidade na conservação dos adornos e deseja a  todos um feliz natal.



 Parabéns a todos que trabalharam neste projeto!


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Viva o Mestre Vado! Viva a Música Popular!


Foto Alencar Porto

“A Música é a minha Vida e a minha Vida é a Música” *
Juliana Nunes

Osvaldo Emílio Medeiros de nascimento, conhecido por todos como Mestre Vado. Nasceu aqui mesmo, em Jaguarão, e passou toda ou pelo menos boa parte da sua vida numa casa verde, cheia de música, que exalava música de suas paredes, situada ali, na Rua do Cordão.
Disse-me Vado uma vez que tinha por mãe uma mulher chamada Joaquina Medeiros e que era filha de português com africana e por pai Roberto Madeiros, brasileiro, mas com sangue castelhano e acrescentou: “deve ser por isso que sou tão sentimental.”

Com seu modo simples de vida, Vado costumava ensaiar com seu saxofone todos os dias, de maneira religiosa, para não perder a embocadura. Os primeiros ensinamentos musicais começaram aos doze anos de idade, em casa mesmo, com o pai, que era músico e sapateiro; Vado tentou seguir os passos do pai nesta última profissão, porém desistiu pelo amor à música.

Ainda nesse mesmo perído, Vado foi estudar música com o mestre baiano Euclides, que estivera de passagem por Jaguarão, e com o qual aprendeu os fundamentos principais do estudo na área da música, como solfejo entoado “sem prestar instrumentos”. E fez questão de dizer que nunca havia estudado em conservatório!

Aos treze anos já tocava um pouco e dessa forma foi convidado por Theodoro Rodrigues – um dos fundadores do Clube Social 24 de Agosto – para sair no Cordão Carnavalesco União da Classe e tamanha foi a alegria de Vado ao saber que ele, um guri de calça curta, iria tocar no Cordão do 24: o Teodoro veio falar com meu pai para sair no Cordão do 24, eu estava até jogando bola ali, de calça curta, quando vieram me chamar, ah! pulei de contente por sair no Cordão do 24, e todo mundo ia ver o cordão do 24 que tinha um guri que tocava.”

Sua folia juvenil começava nos salões do Clube 24 de Agosto, onde, portanto, iniciou sua carreira musical propriamente dita. Mas tocou também no Cordão do Eponino, em Río Branco nas cordas de sopro do candombe, tocava tango em clubes daqui, nos clubes do lado de lá, fez parte do conjunto Os Rainha e como ele mesmo disse: “tocava tango, milonga, e toquei em diversos lugares, toquei em igrejas, hospital, e muitas vezes em enterro, e enterro era praxe, morria um conhecido ia tocar.”

Seu conhecimento musical ia além do cancioneiro popular de ambos os países, tanto Brasil, como Uruguai, tocava pequenas peças clássicas; porém ao prolongar da nossa conversa, Vado se revelou um eterno chorão, gostava mesmo era de um “Carinhoso” bem chorado, sendo esse gênero musical tema de suas composições.

Mestre Vado trazia consigo, além de toda a sua vivência, a memória da sua mãe e da sua avó, ex-escrava radicada na mesma Rua do Cordão, a qual contava dos antigos enterros africanos que aconteciam nas redondezas e o início dos cultos umbandistas em Jaguarão: eram os cordões funerários da mão dada. Lembrou-se ainda do tempo em que se dançava bumba-meu-boi em Jaguarão, do Manoel Catarina fantasiado de mulher, brincando e folgando numa tradição trazida de outras regiões. Disse-me da violência do entrudo e de como se jogava água de balde nas noites de folia carnavalesca.

Osvaldo Emílio Medeiros – Mestre Vado - sempre será nosso grande Mestre que ensinou tantos outros músicos e sempre estará vivo, caminhando com seu passinho devagar, atravessando a rua para ir à missa na igreja da Minervina, descendo a rua da praia para rever um antigo amigo, trocar experiências musicais ou simplesmente para tomar um café.

A grandeza do Mestre Vado, tanto a musical, como a pessoal, ficará incrustada nas pedras de cada rua, nos salões dos clubes onde não podia dançar, mas onde se permitia o “choro” do seu piston, nas lembranças dos velhos amigos, dos jovens que o admirava, nos carnavais que embalou, nas avenidas por onde desfilou. Ficará na memória, na história e principalmente, ficará para sempre na música.

Viva o Mestre Vado! Viva a Música Popular!
*Texto feito a partir de uma entrevista concedida por Mestre Vado em julho de 2008.

A simplicidade era a marca do Mestre - foto Juliana Nunes


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