sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Hygino Corrêa Durão, empresário do Império em nossa região

O Sobrado construído por H. Corrêa Durão para residencia e negócios e que depois
 passou à propriedade do Barão Tavares Leite

Em coluna anterior, sob o título “Sobrado do Barão ou dos Durão?” abordamos as origens do conhecido e imponente prédio da Rua XV de Novembro. Não era nosso objetivo contestar a propriedade do Sobrado, que por longo tempo foi do Barão Gabriel Tavares Leite, mas sim de incorporar outro protagonista, não menos importante, à história do edifício e de sua construção. Falamos de Hygino Corrêa Durão, assim  como Tavares Leite, também oriundo de Portugal.

Hygino casou-se em 1850 com Antonina dos Cantos, natural de Jaguarão, onde ocorreu a cerimonia de casamento. Nascida por volta de 1820, filha de Fabiano Cantos, provavelmente militar da Divisão de Voluntários Reais, unidade criada em 1815 para atuar na retomada da Banda Oriental sob o comando do General Carlos Fredrico Lecor, e de Anna de Toledo, de possível origem argentina, já que seu genro, o Hygino, desempenhou por longo tempo o cargo de Cônsul da Província do Prata na cidade de Rio Grande.

A hipótese formulada por Alberto Durão Coelho, descendente de Hygino Durão, a partir de pesquisas efetuadas na Loja Maçonica de Jaguarão,  é de sua gente ter vindo parar em Jaguarão em razão de contatos com Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Crê ele, que a Loja de Jaguarão deve ter sido a de iniciação do próprio Mauá, embora este tenha saído ainda criança da sua Arroio Grande. Eram membros da Confraria, o Liddelll de Castro e João Frick, o futuro sócio de Hygino e futuro genro de Mauá.

Em Rio Grande, Hygino Corrêa Durão esteve envolvido na construção do primeiro cais, em 1869. Atuou tanto na implantação da Companhia Hidráulica Pelotense como na Rio Grandense. A Ponte sobre o Rio Piratini, conhecida como Ponte do Império, contratada por Durão, foi entregue ao trânsito em novembro de 1870. Além disso, também apresentou proposta ao governo provincial para a execução de pontes sobre os rios Camaquã e Arroio Grande. Além disso, identificou-se um projeto de entroncamento entre a estrada de ferro Rio Grande-Bagé e a linha de Porto Alegre- Uruguaiana, que foi mandado executar por Hygino Durão, sob a direção dos engenheiros A. Primrose, Carlos Morsing e do chefe de escritório, João Frick.

Caixa dágua Pelotas
Os Jornais de Pelotas da década de 1870 noticiavam os trabalhos de Durão na Hidráulica Pelotense, ressaltando a construção da gigantesca e admirável obra do depósito de água, a Caixa dágua da Praça Piratinino de Almeida, e que recentemente foi restaurada pelo IPHAN. Abolicionista, o empresário Durão comemorou a inauguração em 1874 da Hidráulica Pelotense, libertando três escravos na presença das autoridades representativas do conservadorismo e do regressismo, em uma monarquia que não achava caminho para realizar a dignidade do homem.

No dia 14 de março de 1874, um decreto imperial concedia a Corrêa Durão permissão pra explorar carvão de pedra e outros minerais no território situado entre as pontas dos rios Santa Maria e Jaguarão. Hygino veio a falecer precocemente em 1876, quando em pleno andamento das explorações de jazidas de carvão mineral, construção da estrada de ferro e outras. Sua viúva, Antonina, morreu em 12 de fevereiro de 1889 no Rio de Janeiro.

Precisaríamos de muito espaço para escrever mais sobre este fascinante personagem, construtor do Sobrado do Barão e seu primeiro morador. Creio que sua trajetória de empreendimentos e realizações engrandece ainda mais a importância desta edificação no acervo do Patrimônio histórico de nossa cidade. A boa noticia é de que obtive informações de que o Sobrado dos Durão e do Barão, terá projeto de restauro contratado em breve.     

Jorge Passos

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 27/08/2014


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Juan Schellemberg - Tarde En El Café


Concerto de Juan Schellemberg no projeto UNIMÚSICA da UFRGS. Realizado no Salão de Atos desta universidade o Maestro regeu um conjunto de cordas, sopro e percussão composto por músicos da OSPA, além do bandoneón de Nario Recoba e do violão de Davi Covalesky.
No concerto do Unimúsica ele também recebeu como convidados especiais dois grandes amigos, os cancionistas Marcelo Delacroix e Richard Serraria.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cinclube Jaguarão apresenta a comédia "A Vida de Brian" do Monty Python

Agosto está findando mas o Ciclo de Comédias do Cineclube Jaguarão, realização da Secult em parceria com a Confraria dos Poetas, continua nesta quinta-feira (28), as 19:30 no auditório da Câmara de Vereadores. O frio que anda fazendo  não será problema, pois além do ar condicionado e das acomodações confortáveis do local, você vai se esquentar com as barrigadas de riso que o Grupo inglês Monty Python, com certeza, vai lhe proporcionar.

Sinopse:
 
Um épico eterno! Monty Phyton apresenta sua sátira mais inteligente a respeito de religião e filmes de Hollywood. O cenário é a Judéia, ano 33 D.C., uma época de pobreza e caos, cheia de messias, seguidores e romanos tentando promover algum tipo de ordem. No centro desta história, está Brian Cohen (Graham Chapman), um relutante candidato a messias que se torna importante devido a uma série de situações absurdas e realmente hilárias que proporcionam amplas oportunidades para todo o grupo (John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, Terry Jones, Michael Palin e Chapman) brilhar em múltiplos papéis à medida que eles imitam a todos e a tudo: ex-leprosos, Pôncio Pilatos, profetas malucos, centuriões romanos e atos de crucificação.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Falando em Cultura Fronteiriça

Aldyr Schlee no lançamento de seu novo livro em Porto Alegre

O escritor jaguarense, Aldyr Garcia Schlee, realizou lançamento de mais um livro. O evento ocorreu na Livraria Palavraria, em Porto Alegre, no dia 7 de agosto, com a presença de inúmeros leitores entre os quais o cronista Luís Fernando Veríssimo e o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil, Secretário da Cultura do Estado.

A obra, editada pela Editora Ardotempo, intitulada "Memórias de o que já não será" constitui-se de 16 contos tratando, com a maestria peculiar do autor, da temática que poderia ser resumida como "cultura-uruguaio-brasileira-fronteiriça".

Essa característica marcante de suas obras tem a poder de desenvolver uma atenção para as coisas que fazem a cultura de um grupo específico locado em uma determinada região. Neste caso, de forma especial os habitantes da fronteira Brasil/Uruguay (Jaguarão/Rio Branco), incluindo pessoas com seus relacionamentos político-sociológicos com os fronteiriços. As histórias ou não-histórias ao estilo realismo fantástico se desenrolam através de uma linguagem atrativa, às vezes jocosa, onde o autor tem oportunidade de desenvolver sua criatividade a todo vapor. Os diálogos são ricos na oralidade própria da fronteira, onde o leitor jaguarense consegue identificar-se a si próprio e seus afins, sejam os de hoje, sejam os do seu passado. Como os demais livros de Schlee, este, também, é para ser relido e, sobretudo, um ótimo tema para uma discussão em uma roda de jaguarenses "no exterior".

O importante, também, do aparecimento dessas produções que o autor tem-nos brindado é a contribuição que ele vem dando para o desenvolvimento de um "ambiente de cultura" em nossa Jaguarão. Pelo que posso acompanhar um pouco à distância reconheço que esse trabalho vem sendo desenvolvido com sucesso por um grupo de jaguarenses (também em outras vertentes culturais, como a música, por exemplo), apoiados por uma Administração que tem voltado seu interesse para este setor, não muito bem tratado pelos Poderes Públicos de um modo geral. Não quero citar nomes, porque poderia cometer a indelicadeza de esquecer alguém, mas esse grupo é constituído por pessoas conhecidas da comunidade em que estão inseridas. Vários eventos que têm ocorrido na cidade ou fora dela demonstram a realidade do que estou a afirmar.

Schlee é um intelectual de grande produção. Além de traduções - como "Facundo civilização e barbárie", do uruguaio Domingos Sarmiento - ele possui mais de uma dezena de obras, algumas com mais de uma edição. Entre estes, certamente, os mais conhecidos são os que surgiram primeiro: "Uma Terra Só", "Contos de Verdade" e "Contos de Sempre". Entre os prêmios recebidos por Schlee estão Casa de las Americas, I e II Bienal de Literatura Brasileira e o Fato Literário de 2010.

Na ocasião, tomei conhecimento de que, em breve, teremos mais um livro, quem sabe ainda neste ano, e, por certo, alcançará o mesmo êxito dos já conhecidos.

Além do ato de lançamento, o encontro valeu para os jaguarenses presentes, também, para uma longa e boa sessão "te lembras?"entremeada de "causos" dos tempos idos (Nisso o autor é um "craque") que serviram para aquecer a alma pois que a noite era "fria barbaridade", mas não teve poder para afugentar os admiradores do Schlee.

Wenceslau Gonçalves

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional  em 20/08/2014




segunda-feira, 25 de agosto de 2014

E por falar no apito tão estridente do carromotor

Em remotas eras, certo amigo me apresentou a uma bela “dama da noite”, conhecedora profunda do comportamento masculino, tecendo rasgados elogios à minha pessoa, apesar de não merecidos. Do alto de sua refinada experiência, essa dona não chegou a colocar em dúvida aquelas referências, porém, colocou-se a desfiar todas as decepções que lhe ensinaram a conhecer melhor o sexo oposto. E nos apontava apenas uma distinta figura do seu relacionamento como modelo de cavalheirismo, pautado em atitudes de respeito indiscriminado à condição social de cada criatura e que se chamava João Batista.

Assim, em rápidas pinceladas, apresento o perfil desse indivíduo que deixo em suspenso para compreender a profunda ansiedade por que passa todo ser humano ante as resultantes traduzidas pela química das reações emocionais. Dizem os espiritualistas que já somos programados desde os planos superiores. De modo inconsciente, mal percebemos os sinais que nos chegam através de inúmeras ofertas sociais de interação aos pares no meio onde vivemos com o fim de perpetuar a própria estirpe. E o nosso espírito vaga por ai perdido para encontrar afinidade de gostos e ideias.

Agora, imagine-se como estudante, dinheiro contadinho, que vai passar fim de semana na casa de parentes, em Barra do Ribeiro. A seu lado, viaja linda jovem, calada, que vai desembarcar numa parada logo adiante a fim de fazer baldeação a um ônibus de partida para Sertão Santana. Da sua janela, você avista ela embarcando no outro veículo e lançando para si um significativo sorriso. Você pensa em tomar outro rumo, mas ai surge o dilema de quem vai lhe pagar a passagem de volta. Cada um segue o seu caminho até nunca mais, pois aquele desencontro já fora previsto em sua programação.

Tantas partidas e chegadas nestas estações aonde nos conduz o destino que a gente não deixa de esquecer as muitas paragens de nossa existência. E ali naquela aduana no lado uruguaio da Ponte Internacional Mauá, hoje é difícil de conceber a ausência daquele carro motor que ia e vinha pelos trilhos de Rio Branco a Montevidéu, levando e trazendo aquelas pessoas complicadas para se identificar nas suas pretensões como de passeio ou negócio. Passageiros das mais diversas origens, misturando-se em multicoloridas roupagens que mal denunciavam seu modo de vida.

Afinal quem era João Batista? Boêmio, solteirão inveterado, filho de fazendeiro que ajudava o pai nas lides campeiras, com tempo suficiente para se dividir entre a dureza da atividade rural e as ocupações comerciais que não prescindiam de sua presença na cidade. Tínhamos um amigo comum, Vitório Silva, um velho companheiro das rodadas no Café do Comércio, que sempre me falava das qualidades de João Batista, as quais eu ia agregando com admiração, apesar de não lhe desfrutar da intimidade. E o Vitório foi quem me contou um acontecimento rocambolesco, envolvendo aquele nosso personagem.

Estavam os dois passando de automóvel pela Aduana uruguaia no momento em que os passageiros embarcavam no carro motor, quando João Batista viu aquele perfil de rosto feminino que lhe encantou. Parecia que lhe sopravam: “Esta é a mulher da tua vida”. O trem já ia saindo, mas ele não teve dúvida para instruir Vitório: “Vamos até a estação da Cuchilla, que lá eu compro a passagem e pego o carro motor, preciso falar com aquela moça que nem conheço. Tu telefonas para o representante de meu pai em Montevidéu, Mateo Gallindo, que me espere lá na chegada desse trem, pois necessito acertar um negócio com ele. E levas o nosso carro para casa em Jaguarão”.

Nem preciso contar que ele terminou casando com a "involuntária visão", embora tivesse se apresentado a ela de botas e bombachas, a mesma roupa com que saíra da campanha. Apenas contando com presumíveis préstimos de uma pessoa de Montevidéu, que só distinguia de ouvir falar em seu nome.

José Alberto de Souza 

Publicado em 13 de agosto de 2014 na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Conversas sobre Uruguai & Fronteira na BPP

Juntamente com os  parceiros institucionais e apoiadores , a Bibliotheca Pública Pelotense (BPP) convida para a  abertura, no próximo 25 de agosto,  do ciclo  CONVERSAS SOBRE URUGUAI & FRONTEIRA ,com Aldyr Garcia Schlee e convidados , conforme programação abaixo detalhada.

Schlee- Desenho Alfredo Aquino
O QUE Abertura da série de encontros mensais do Setor de Literatura Uruguaia da Bibliotheca Pública Pelotense. Sempre na última segunda-feira do mês, o escritor Aldyr Garcia Schlee recebe um convidado especial para uma conversa informal sobre literatura, identidade e  memória histórica do Uruguai e região da fronteira.
 
QUEM -  Ativista e gestor cultural com uma trajetória de décadas, o pesquisador da memória regional do Norte uruguaio José Maria Mujica Miralles   é o convidado especial deste primeiro encontro do ciclo. Professor de desenho, ilustrador e artista plástico , ocupa já há alguns anos o cargo de diretor de museos da Intendencia de Treinta Y Tres ( Uruguai)
 
QUANDO E ONDE - 25 de agosto de 2014, no espaço térreo da Bibliotheca Pública Pelotense - Praça Cel Pedro Osório, 103 , Centro , Pelotas RS. Início às 18:30 horas. Entrada franca.
 
REALIZAÇÃO - Bibliotheca Pública Pelotense , com apoio institucional do Departamento 20 / Conselho Consultivo Pelotas e Região e AURPAGRA - Associação dos Uruguaios Residentes na Pátria Grande.



quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Audiência Pública sobre o PL Cultura Viva RS

Acontece nesta quinta-feira, as 19 horas, no Clube 24 de Agosto  em Jaguarão, Audiência Pública sobre o PL Cultura Viva do RS com a presença da Deputada Estadual Ana Affonso, autora do Projeto. Compareça!



CLIQUE AQUI  para ver o Projeto na íntegra.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Sobrado do Barão ou dos Durão?

À esquerda , o  Sobrado,  na esquina da Rua do Comércio com a Praça da Marinha
Em agosto de 2011 travei amizade com o Sr Alberto Durão Coelho, de descendência portuguesa, atualmente morando em Campos do Jordão,  São Paulo,  que veio a Jaguarão em busca de registros sobre a presença de seus ancestrais, os irmãos Hygino e Augusto Correa Durão em nossa cidade. Em suas pesquisas, no Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão, constatou que uma das relíquias arquitetônicas conhecida como o Sobrado do Barão, tornou-se a casa do Barão apenas com o decorrer do tempo, pois originalmente teria sido construída por Hygino e Augusto para acomodar os negócios que estavam progredindo e a família que estava por chegar da Europa.

A ata das reuniões da Câmara que é chave à associação do nome Durão à casa que veio a ser conhecida como "casa do barão" é a de nº 358, primeira reunião da Quinta Sessão, datada do dia 13 de janeiro de 1854. As atas são de reunião da Câmara Municipal. Em geral tinham pautas extensas, numerosos itens na ordem do dia, mas logo no terceiro item da pauta é concedida a licença a Durão & Irmãos para edificar no terreno que haviam adquirido e que se situava no número 1 da rua do Commercio ( atual XV de Novembro), esquina com a Praça da Marinha ( local onde atualmente está situado o Posto de Saúde).

Diz a Ata 358: "Aos 13 dias do mez de janeiro de mil oitocentos e cincoenta e quatro, trigesimo terceiro da Independencia e do Imperio no Paço da Camara Municipal da Villa de Jaguarão, reunidos os Senhores Machado Marques, Vargas, Salles, Andrade e Salins, faltando com causa os mais Senhores foi aberta a Sessão pelo senhor Vereador Machado Marques. Leo-se a acta da antecedente e foi approvada e assignada.....Um edito de Durão & Irmãos pedindo licença para edificar no terreno que comprarão na rua do Commercio esquina da Praça da Marinha. Concedida a licença requerida."

Em ata da reunião n° 361 datada de 26 de fevereiro do ano subsequente, uma sessão extraordinária também sob a presidência do Sr. Machado Marques consta nova solicitação dos irmaõs Durão quanto à construção referida: "Procedeu-se a leitura do requerimento de Durão & Irmãos pedindo a convocação desta Camara afim de que a vista do artigo primeiro das Posturas decida definitivamente a respeito da altura dos alicerces da calçada que se tem que fazer na frente da obra dos Supplicantes. Em consequencia do que a Camara deliberou unanimemente ir em corporação acompanhada de seo Fiscal e do arruador Público tomar conhecimento do que alegam os Supplicantes para definitivamente resolver a respeito. Suspendeu-se Sessão para o dito fim, e voltando depois a Camara resolveo ordenar que o Passeio da rua em frente da propriedade dos Supplicantes seja no nivel da sapata da obra e que tenha a largura de sette palmos com o declive de meio dito para fora e que a calçada da rua seja feita dez polegadas abaixo de dito passeio."

Obtive informação de que, no levantamento do IPHAN quando do tombamento, o prédio em questão  teria sido construído pelo Barão Gabriel Tavares Leite entre 1870 e 1880. Não sei quais as fontes utilizadas pelo IPHAN, mas em consulta ao Wikipédia, consta que o Barão Tavares Leite foi um comerciante luso-brasileiro tendo recebido o título de barão do rei Dom Carlos I de Portugal em 1906 em forma de reconhecimento pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa. Português de São João da Madeira, veio jovem ao Brasil, no ano de 1890, onde foi morar primeiramente na cidade de Rio Grande. Após alguns anos fixou residência na cidade de Jaguarão, onde se tornou próspero comerciante. 
Ora, se o barão veio para o país em 1890, não parece ser razoável que tenha construído o sobrado anteriormente.

No momento em que são iniciadas as obras de restauro do Mercado Público e em que o Sobrado, situado no entorno, está interditado pelo IPHAN, creio ser importante elucidarmos as origens desse importante patrimônio histórico que corre perigo. Sobre os Corrêa Durão, importantes empresários que fizeram grandes empreendimentos na região, voltarei a escrever em próxima coluna. 

Jorge Passos 

Fotografia antiga do sobrado retirada da página Olhares de Jaguarão no Facebook

Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 06/08/2014 
 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

1º Dança Arroio Grande “Festival Bi-nacional de dança”

O 1º Dança Arroio Grande “Festival Bi-nacional de dança” ocorrerá no dia 16 de agosto de 2014 pós 19 horas.



Serão mais de 60 coreografias de 15 escolas de dança do Brasil e Uruguai, além de apresentações especiais das escolas de dança local e da jurada Egnes Gawasy. Os ingressos custarão R$5,00 + 1Kg de alimento.
Uma realização da Prefeitura Municipal de Arroio Grande, Secretaria Municipal de Cultura, Gabinete da Primeira Dama, Academia Camerini e Kalila Templo de Dança.
Fonte:http://www.ecult.com.br


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

UNIPAMPA REALIZA CURSO DE FORMAÇÃO DISSEMINADOR DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Clube Harmonia em pintura de Luis C. Monteiro
O Curso de Formação Disseminador de Educação Patrimonial é uma iniciativa da UNIPAMPA através da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, tendo como coordenador o Historiador Alexandre dos Santos Villas Bôas. O curso tem o objetivo de capacitar pessoas que tenham interesse na área de educação patrimonial, seja como educadores, agentes do poder público, membros de entidades culturais e comunidade em geral, para atuar junto ao patrimônio material e imaterial da cidade de Jaguarão como conscientizadores para a preservação e valorização deste patrimônio. 

O curso terá a duração de 60 horas com encontros semanais a partir de agosto, contando com profissionais atuantes no patrimônio cultural que ministrarão palestras abordando vários aspectos como a formação do patrimônio em Jaguarão, cultura de fronteira e patrimônio, implantação do Centro de Interpretação do Pampa, dentre outros. Ao final do curso será emitido certificado de participação aos que obtiverem frequência. As inscrições poderão ser realizadas no auditório da Biblioteca Municipal a partir das 1800 horas do dia 15/08 onde será realizada a palestra de abertura.

A palestra de abertura terá como tema "Patrimônio Oficial e Práticas de Patrimonialização", ministrada pela Secretária Adjunta de Cultura e Turismo de Jaguarão,  Andréa da Gama Lima, formada em Artes Visuais e com Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural, ambos pela Universidade Federal de Pelotas, onde desenvolveu a pesquisa "O Legado da Escravidão na formação do Patrimônio Cultural Jaguarense (1802 - 1888)".

Ciclo de Comédias tem sequência nesta quinta-feira no Cineclube Jaguarão



Dando sequência ao Ciclo de Comédias do mês de Agosto,  o Cineclube Jaguarão em parceria com a Confraria dos Poetas, exibe nesta quinta (14), as 19:30, no auditório da Câmara de Vereadores,  o filme Sete Minutos. 

Baseado na peça teatral de mesmo nome, escrita por Antonio Fagundes e dirigida por Bibi Ferreira, Fagundes interpreta o personagem principal, um ator veterano e bem ranzinza que, em uma montagem do clássico Macbeth, de Shakespeare, interrompe e abandona a sessão por não suportar mais os celulares e bips tocando, as tossidas da platéia e um senhor, na primeira fileira, sem sapatos e com os pés sobre o palco. Exasperado, ele ainda tem de agüentar, nos bastidores, confusões com sua empresária, um ator iniciante, dois espectadores revoltados  e um tenente de polícia.

A situação extrema é usada pelo ator/autor para fazer uma verdadeira declaração de amor ao teatro, desabafar sobre suas experiências no ofício e soltar farpas sobre a crítica especializada e o governo. Os sete minutos do título se referem ao tempo máximo, segundo estudos, que as pessoas conseguem manter-se atentas à televisão, por exemplo. Fagundes soube escrever um texto com conteúdo e, principalmente, com um humor simples, mas cheio de tiradas de bom gosto e originais. Coisa rara nas comédias de hoje em dia. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Histórias do Esperança


Grande ator do teatro rio-grandense, natural de Jaguarão, Joberto Teixeira levou à cena, no Teatro Esperança, o monólogo “As Mãos de Eurídice”, a mesma peça com que foi aplaudido de pé no principal palco do nosso Estado – o São Pedro, de Porto Alegre. Fiquei sabendo, através de uma emocionante crônica do Professor Cléo dos Santos Severino publicada no jornal “A Folha”, lá pelo fim dos anos cinquenta, que o espetáculo foi realizado para uma restrita plateia, mas que no dizer desse articulista com a presença de um casal de idosos, nada mais nada menos que os pais daquele artista, lotavam todo o espaço vazio daquela casa, dada a feliz oportunidade deles assistirem a magistral interpretação do seu talentoso descendente.

Outro momento mágico do nosso Cine Teatro Esperança me foi relatado pelo saudoso amigo Newton Silva, quando ali se apresentou o notável cantor e compositor Rubens Santos, já falecido, um dos parceiros de Lupicínio Rodrigues, então cumprindo uma turnê artística patrocinada pelo Governo do Estado, provavelmente acertada pelo empreendedor Danilo Brum, o qual integrava o Conselho Estadual de Cultura. Pois o Newton me enfatizou que esse espetáculo foi dirigido a uma meia dúzia de assistentes, os quais chegaram a sentir pena de tantos ausentes que deixaram de conferir um dos mais abalizados intérpretes do velho Lupi. Compreendi perfeitamente essa colocação, tendo acompanhado o veteraníssimo Rubens em inúmeras performances no antigo restaurante do CIB – Centro Ítalo Brasileiro, situado na Rua João Teles, bairro Bonfim, que costumava reunir às segundas-feiras a nata da música rio-grandense, ocasiões em que abusava de sua potência vocal, sem utilizar qualquer microfone.

Os tópicos acima transcrevi de crônica aqui publicada em 28/11/2010 e intitulada “Vivenciando instante privilegiado”. Feito esse reparo e aproveitando a deixa, ocorre-me uma passagem que me contaram sobre o desempenho do radialista Wilson “Catico” Almeida, filho da terra que ousava desafiar o dito “santo de casa não faz milagre”, representando naquele palco o difícil monólogo de Pedro Bloch, tantas vezes levado à cena pelo famoso artista Rodolfo Mayer, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Disseram-me que os invejosos de plantão se combinaram para lotar o Esperança a fim de lhe contemplar com uma estrondosa vaia. Mas o que se viu, ao final, foi uma longa e calorosa aclamação de todo o público ali presente.

Aqui já andei falando daquela ocasião em que tio Cantalício me levou para assistir a uma peça no Teatro, da qual teve que se retirar mais cedo porque eu comecei a bater pé como fazia nas matinês do cinema. Ou então daquelas vezes em que, ainda garoto miúdo, insistia com meu primo Anysio, já moço taludo e namorador, que me levasse nas noites de segunda-feira ao Cine para assistir aos seriados do Tom Mix e, já na outra semana, era ele quem vinha me perguntar se eu não ia ver a continuação do folhetim. Vendo as chanchadas da Atlântida, impressionava-me com a interpretação de Silva Neto para Nervos de Aço, cuja autoria ignorava fosse de Lupicínio Rodrigues, ilustre desconhecido para esse analfabeto musical.

E a ZYU-7 Rádio Cultura de Jaguarão tinha seus programas vesperais de calouros, aos sábados, ali apresentando as atrações locais, onde pontificavam o regional dos filhos do seuAgostinho – Canhoto, Lourenço e Moacir – e mais o violonista Nery Antonini, além de Napoleão, Severo e Adalberto Mendes, notáveis seresteiros, cuja fama se propagava por toda nossa Zona Sul do Estado, estendendo-se Uruguai adentro.

Finalizando esta lição de casa, para descontrair, um episódio hilário. Uma tremenda bofetada ecoa pelo recinto e lá da galeria (“poleiro”) alguém grita: “Afofaram o Adem!”. A projeção do filme é interrompida, acendem-se as luzes da plateia e, lá de baixo, ressoa o brado do melindrado dengoso: “Que ovo!” Acústica perfeita, surgia mais uma das expressões típicas do “jaguarês”...
E o resto fica a cargo das memórias vivas de Cláudio Ely e Pedro Bartholomeu.

José Alberto de Souza

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 30/07/2014 



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ciclo de Comédias no Cineclube Municipal tem inicio com o Gordo e o Magro

Não tem feito muito frio neste inverno, mas o mês de agosto vai esquentar ainda mais com o Ciclo de Comédias do Cineclube Municipal em parceria com o acervo da Confraria dos Poetas de Jaguarão e Secult. E o escolhido para dar inicio às sessões, nesta quinta-feira (07) , 19:30 no auditório da Câmara Municipal, é o filme de uma dupla que fez sucesso e história no gênero da comédia, Stan  Laurel e Oliver Hardy, conhecidos no Brasil como O Gordo e o Magro. 

Ladrão que rouba ladrão é considerado o melhor dos projetos de Laurel e Hardy filmados na Twentieth Century Fox.  Stan e Oliver interpretam dois músicos que compõem toda uma orquestra e viajam num calhambeque precário. Em suas andanças, acabam fazendo uma inacreditável aliança com um simpático vigarista (Bob Bailey). Quando o trio participa de um festival, eles conhecem Susan, uma jovem e ingênua cantora (Vivian Blaine), cuja mãe foi tapeada por farsantes. Decididos repentinamente a bancar os cavalheiros, os três arquitetam uma operação utilizando disfarces: Laurel se veste como a tia rica de Susan e Hardy como um texano, tudo para tentar reaver o dinheiro da mãe da garota. Apesar das coisas não saírem exatamente como planejado, a impagável dupla garante gargalhadas constantes do início ao fim desta comédia.

Demais atrações da Mostra:  
14/08  -   Sete Minutos - Antonio Fagundes
21/08   -  A vida de Brian - Monty Python
28/08   -  Peso morto - Frédéric Forestier

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Quem diria: esta gente andou por aqui


Carlos José Azevedo Machado, o Professor Maninho, está preparando uma tese de mestrado na UFPEL sobre Memória Social e Patrimônio Cultural e me solicita um depoimento acerca daquilo que vivenciei no Cine Teatro Esperança, de Jaguarão.

Para início de conversa, devo relatar a indignação do amigo João Campelo Costa, o “Ceará”, falando da entrevista do ator Paulo Autran com a apresentadora Cristina Ranzolin, na qual ele citava os diferentes teatros do mundo inteiro, onde representara a sua arte, incluindo aqui no Estado nossa terra. E não é que Cristina não conseguiu se conter para lhe perguntar como é que ele, já sendo aplaudido em grandes metrópoles da América e da Europa, sentiu-se pisando o palco de uma cidadezinha inexpressiva como Jaguarão. Em verdade, criei-me na mentalidade do “já teve” de tanto ouvir falar daquelas companhias líricas que faziam ponto de parada em Jaguarão em seus deslocamentos de São Paulo e Rio de Janeiro para as repúblicas do Prata, privilegiando nossa cidade com memoráveis temporadas. A acústica do Teatro Esperança sempre foi destacada pela sua clareza para se ouvir perfeitamente os diálogos encenados a partir da ribalta, encantando todos os artistas que ali se apresentavam. Entre aqueles que chegaram a meu tempo, era useira e vezeira em se hospedar no Gerundo Hotel a pianista Luzia Felix, sempre acompanhada do marido, o humorista Sérgio Felix, os quais nunca deixavam de marcar sua presença no vetusto Esperança, antes de seguirem para Montevidéu.

Outra das inesquecíveis atrações que ali tive oportunidade de presenciar, recordo da veterana cantora Dircinha Batista, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Muito simpática, ela falou da sua vinda a Jaguarão como uma viagem sentimental que trazia a lembrança daquelas excursões que fazia com seu pai, o cantor Batista Júnior, e sua irmã Linda, inclusive já tendo estado nesta região sul do Estado. Era de se ver como ela cativou naquele momento a plateia do nosso Teatro que a deixava entusiasmada e feliz com a receptividade jaguarense, a ponto de manifestar seu desejo de um breve regresso e sua promessa de vir acompanhada da outra irmã, também famosa, Linda Batista. Azar o nosso que não chegou a se concretizar essa expectativa.

Já que Professor Maninho me provocou para pisar nestas brasas de uma fogueira mental, nem precisei esconder a primeira ideia que me ocorreu. Veio-me à mente certa peça encenada no antigo “politeama”, cujo título me parecia “Helena abriu...” que procurei conferir com o "expert" Luiz Carlos Dutra Monteiro e ele prontamente me corrigiu: “Helena fechou a porta”, apesar de desconhecer o ator principal da cena. Martelava-me o cérebro um tal de Luiz, do Teatro do Estudante. Em contato com a Coordenação de Artes Cênicas (SMC/P. Alegre), Breno Ketzer Saul gentilmente me envia mensagem com o artigo “Teatro do Estudante do Rio Grande do Sul” e eis que me “aparece a margarida” LUÍS TITO na direção daqueles espetáculos.

Das minhas andanças internáuticas  fico sabendo que a peça “Helena fechou a porta”, autoria de Accioly Neto, teve sua estreia no Teatro Copacabana do Rio de Janeiro, em 1950, estrelada por Tônia Carrero e Paulo Autran. Também consigo algumas informações sobre o ator e diretor teatral Luís Tito, que chegou a trabalhar com Cacilda Becker, Walmor Chagas, Célia Helena e Raul Cortez em “Santa Maria Fabril SA” (1958), de Abílio Pereira de Almeida, além de “Os Perigos da Pureza” (1959), ambas as montagens da Cia. de Teatro Cacilda Becker. E no cinema, encontro sua participação em “Caçula do Barulho”, contracenando com Oscarito, Grande Otelo, Anselmo Duarte e Gianna Maria Canale. Acredito que se possa ter uma ideia da importância daquela viagem do Teatro do Estudante, em 1954, pelo interior gaúcho.

Ainda me ocorrem outras passagens a serem reveladas para ilustrar a história de uma das mais tradicionais casas de espetáculos do nosso Estado, que se ombreia com o Teatro São Pedro, de Porto Alegre, mais o Sete de Abril e o Guarani, de Pelotas. Fica para uma próxima Coluna.

José Alberto de Souza

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 23/07/2014




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