quarta-feira, 31 de julho de 2013

Centro de Interpretação do Pampa: Projeto em Jaguarão preserva ruínas para narrar a história


Publicamos matéria veiculada em ZH  , edição do dia 31/07/2013,  relacionada às obras no Centro de Interpretação do Pampa

Centro de Interpretação do Pampa, na antiga Enfermaria Militar, já está com 40% da obra executada

As ruínas da construção abandonada desde a década de 1970 estão consolidadas após
 restaurações, como a reposição de argamassa e pedras. Foto: Nauro Júnior / Agencia RBS 

Renata Maynart/Especial

Uma das fases mais emblemáticas do projeto do Centro de Interpretação do Pampa (CIP), no histórico prédio da antiga Enfermaria Militar de Jaguarão, evolui a passos rápidos. As ruínas da construção abandonada desde a década de 1970 estão consolidadas após restaurações, como a reposição de argamassa e pedras. Agora, já podem receber a laje de concreto e uma poética referência ao passar do tempo: um telhado de capim e mato espontâneo.


Rampa de acesso à área de exposições temporárias e apoio
Foto: Divulgação


Vista frontal da consolidação da ruína da antiga Enfermaria Militar de Jaguarão  
Para este projeto, que envolve a Prefeitura da cidade, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o escritório Brasil Arquitetura, sob o comando do arquiteto Marcelo Ferraz, ousou na proposta. A união entre a edificação neoclássica de 1883 e os novos volumes contemporâneos de concreto somará 2,3 mil metros quadrados.

— Quero que o Centro traga um nocaute para a pessoa. Não é um museu de história, mas trata das guerras. Não é antropologia, mas trata do homem. Não é arqueologia, mas traz em suas exposições a ocupação humana — explica Ferraz.

Vista lateral da consolidação da ruína da antiga Enfermaria Militar de Jaguarão.  

No plano aéreo, é possível ver a união entre a construção de 1883 da antiga Enfermaria Militar 
e a nova área (E). Hall, recepção e acesso ao pátio interno já contam com contrapiso e pilares.
 Desenho das janelas originais será mantido  
Se no exterior as ruínas dão o tom, no interior a tecnologia comanda diferentes áreas, como a de exposições temporárias, e o auditório e a arena escavados diretamente no basalto do terreno. Com 350 metros quadrados, o desafiador auditório subterrâneo atualmente está com cerca de 60% da escavação pronta, e deve apresentar pé-direito médio de 3m de altura, conforme a Marsou Engenharia, responsável pela execução. A previsão é que o CIP seja concluído daqui a um ano e meio.

Toda a obra está cerca de 40% concluída, conforme a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Avaliação (PROPLAN), responsável pela construção do complexo.

Encontro na Serra

O trabalho sempre ligado à cultura nacional de Marcelo Ferraz também ganhará destaque na quarta edição da Casa Brasil, feira de design realizada no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, de 13 a 16 de agosto. Como um dos palestrantes, Ferraz irá falar, no dia 15, da completa experiência de projetos como o Museu do Pão, em Ilópolis, no Vale do Taquari.

A ideia, segundo o profissional, é mostrar todos os processos de criação do seu escritório, o Brasil Arquitetura, iniciando pela arquitetura estrutural até a finalização, como a escolha dos puxadores das portas. E, claro, falará dos móveis. À frente da marcenaria Baraúna, Marcelo Ferraz defende a cultura do "móvel de arquitetura", como uma extensão do local que o envolve.

— Claro que tem móveis que são autônomos, mas quando ele é visto como continuidade do projeto, ganha-se muito em personalidade — afirma.




Áreas que serão destinadas à recepção e circulação  

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

SARAU BPP / 30 DE JULHO

Com eventos mensais, Sarau BPP chega à 32ª edição


Paulo Leminski é o autor em destaque no Sarau BPP

   O poeta paranaense Paulo Leminski ( 1944 - 1989) é o autor em destaque na  32ª edição   do Sarau Poético-Musical da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), na noite da próxima terça (30). Apesar de ter vivido apenas 45 anos,  o autor curitibano produziu uma extensa obra ,registrada em 16 livros de poesia  e outros 20  titulos que passam por contos, romances, biografias, ensaios e literatura infantil. Vários de seus poemas foram musicados  por grandes expressões da MPB , como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Itamar Assumpção , Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes e Moraes Moreira são alguns dos nomes que compôem a ampla lista de parceiros musicais do Leminski compositor.

   Como é regra no projeto criado em maio de 2010 pela BPP , o  evento inicia com uma fala sobre o autor em destaque e, na sequência,  intercala blocos de musica ao vivo  ( Celso Krause) e de poesia de autores de Pelotas e região ( Gustavo K. Balreira, Matheus Valente , Marcelo Nascente e Roberto Giovanaz).  Getúlio Matos é o convidado para falar sobre a obra de Paulo Leminski.

   Inicio às 19:30 horas , no salão térreo da Bibliotheca. Entrada franca.



domingo, 28 de julho de 2013

Lançamento do Varal Antológico III



Participando como um dos co-autores de Varal Antológico III, gostaria de contar com a presença dos caros amigos, a fim de nos prestigiar no lançamento dessa obra que deverá ocorrer no próximo dia 2 de agosto (sexta feira), às 19 horas, na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. 

José Alberto de Souza

sábado, 27 de julho de 2013

Identidade (Parte I)

Martim César Gonçalves

Há não mais de uma dezena de gerações atrás, o idioma que se ouvia neste recanto do planeta era uma mescla de guarani, quíchua, espanhol e português. Nesse então, as fronteiras ainda eram imprecisas; móveis; demudavam-se conforme o resultado das batalhas e o interesse dos soberanos. Estes, na distante Ibéria, pouco sabiam das gentes que habitavam estes campos quase infindos. Os índios, que foram senhores destas planuras até a chegada do branco conquistador, resistiram como puderam à invasão dos seus domínios. No meio tempo dessa resistência vieram os jesuítas e, com eles, uma nova concepção de vida em sociedade. Não era a visão nativa – natureza como Deus; mesmo assim, alguns aceitaram aquele novo sistema. Absorveram parte do conhecimento do europeu e, aos poucos, também eles foram mostrando a sua arte e alguns vestígios da sua milenar cultura. Porém, essa utópica experiência de muito não durou. Sucumbiu ao vaivém de interesses das cortes de além-mar. Inconcebíveis desígnios para quem vivia da comunhão e do amor ao natural. Chegou outra vez a guerra. Antes era a fúria sanguinária das Bandeiras que assolavam as reduções. Agora eram os exércitos oficiais que as atacavam. Do fundo do tempo ouviu-se uma voz: ‘Esta terra tem dono... esta terra tem dono’ – e era a voz de todo um povo. Depois veio o extermínio. 

Hoje restam algumas tribos, espalhadas por reservas oprimidas; alguns poucos descendentes daqueles tapes missioneiros quase mendigando nas margens das rodovias. Mais ao sul, nas Vacarias del Mar, outras tribos, como a dos Charruas, não aceitaram o jugo que lhes quiseram impor. E assim, por séculos, fustigaram o inimigo. Domesticaram o cavalo, a ponto de suplantarem nesse dom àqueles que o trouxeram, e foi com ele que lutaram contra o invasor. Lança e boleadeiras contrapondo-se ao fuzil e ao canhão; táticas de guerrilha; heroísmo beirando o suicídio. Somente uma vez, não mais, aceitaram compartilhar a sua bravura. Foi quando um paisano levantou este pedaço do mundo, juntando todas as raças, sob um lema de igualdade: “Com liberdade, não ofendo nem temo”, disse aquele general escolhido pelo povo. Ele havia sonhado com uma grande pátria, sem latifúndios nem diferenças de raça. E quase triunfou. No entanto, os interesses comerciais estrangeiros foram mais fortes. Ideais de igualdade e justiça foram vencidos pelo servilismo e a ganância dos seus conterrâneos. Traído, exilou-se. Os Charruas regressaram, então, outra vez às suas correrias. Anos depois, ofereceram-lhes a paz. Desarmados e desterrados, foram traídos também. Salsipuedes [1] ainda é uma ferida não cicatrizada maculando a nossa história. Os últimos deles foram expostos como seres exóticos em salas da Europa.

Uma outra raça formadora também resistiu ao desumano extirpar de suas raízes. Com eles, da distante mãe-África, veio a voz profunda e ritmada dos seus tambores e cantorias. As senzalas souberam da dor de tantos. As charqueadas viveram dos seus braços. Os quilombos ouviram os seus gritos de liberdade. Nos campos, as cercas de pedra ainda nos olham, feito sentinelas; guardiãs e testemunhas desse tempo. Durante e depois - como sempre - a guerra. Regada foi a terra com o sangue dos lanceiros de Canabarro; temíveis e orgulhosos lutadores que somente seriam vencidos pela vilania daqueles em quem confiavam. Daqui partiram os negros que morreram na tristemente célebre guerra do Paraguai. E tantos outros em incontáveis revoluções. Sangue negro. Assim como o sangue índio. E o sangue branco. Simplesmente sangue.  




[1]    Salsipuedes – Lugar para onde a nação Charrua foi conduzida após um acordo com o General Frutuoso Rivera. Ali, desarmada, foi massacrada e praticamente extinta. 

Texto publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 17/07/2013


terça-feira, 23 de julho de 2013

Vice-Prefeito de Jaguarão sofre acidente na BR 116

A Prefeitura Municipal de Jaguarão divulgou nesta manhã nota de esclarecimento sobre o acidente na BR 116, entre Barra do Ribeiro e Guaíba,  envolvendo o Vice-Prefeito de Jaguarão , Lisandro Lenz, o presidente da Cooadesps, André de Mattos e o motorista, José Luiz Berdia .

Nota de Esclarecimento:


No final da tarde de segunda-feira (22) houve um acidente próximo a Barra do Ribeiro, envolvendo um veículo oficial da Prefeitura de Jaguarão, onde estavam o vice-prefeito Lisandro Lenz, o presidente da Cooadesps, André de Mattos e o motorista, José Luiz Berdia. Após o resgate eles foram encaminhados ao HPS de Porto Alegre.

O presidente da cooperativa, André, que conseguiu sair do carro após a colisão está fora de perigo, mas irá passar por uma tomografia nesta tarde.

O vice-prefeito Lisandro Lenz sofreu fratura nas duas pernas, na bacia, em uma costela e teve uma leve perfuração na bexiga. Ele já passou por cirurgia e está sob observação na UTI.

O motorista Berdia também está em observação na Unidade de Terapia Intensiva. Ele sofreu fratura no tornozelo e na madrugada passou por exames para que seja submetido a uma cirurgia bucomaxilofacial.

O Prefeito Cláudio Martins está em Porto Alegre acompanhando o caso junto a alguns integrantes do governo municipal e familiares de André, Lisandro e Berdia.

Em contato com a Assessoria de Imprensa no início da manhã de hoje (23), o prefeito agradeceu a solidariedade de todos e disse que a expectativa é de que se recuperem o mais rápido possível.

No momento do acidente Lisandro, André e Berdia, retornavam de uma agenda na Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O Prefeito Cláudio já estava a caminho de Porto Alegre, pois participaria hoje de uma agenda nacional do Programa Mais Médicos.

O horário para visitação é somente às 15h.

Assessoria de Imprensa

Fonte: http://www.jaguarao.rs.gov.br
Ficamos na torcida para uma pronta recuperação destas pessoas que com elevado espírito público  tanto se dedicam em seu trabalho pelo desenvolvimento de nossa cidade.

Os Hitlernautas estão chegando


Mauro Santayana *
Para quem acha que Dani Shwery, Thismir Maia e Carla Dauden são o máximo que a direita “espontânea” conseguiu preparar para mobilizar seus simpatizantes - no contexto do quadro reivindicatório das manifestações de junho - podemos dizer que entre os servidores do Google e da Microsoft e os mouses dos internautas comuns há muito mais coisas que a nossa vã filosofia possa imaginar.
Uma delas, ficou comprovado, é a espionagem norte-americana na rede, denunciada pelo agora foragido Edward Snowden.
O súbito aparecimento do fenômeno dos hitlernautas é outra - e esse é um fato que merece ser analisado. O hitlernauta, não é, na verdade, uma nova espécie no ciberespaço. Ele sempre existiu, embora não fosse conhecido por esse nome. A questão é que, antes, os hitlernautas só podiam ser encontrados no seu habitat natural, em reservas quase sempre protegidas, e normalmente produzidas e consultadas apenas por eles mesmos.
Encontravam-se, assim, ao abrigo do navegante comum, como nos sites neonazistas, integralistas, da extrema-direita católica, ou que correspondem, no Brasil, a “espelhos” de certas “organizações” fascistas internacionais. Nesses espaços, eles ficaram, por anos, alimentando suas frustrações, preparando-se para sair à luz do dia tão logo houvesse uma ocasião mais segura para se apresentarem. A oportunidade surgiu no âmbito das passeatas de junho. Afinal, nessas manifestações, cada um podia carregar a mensagem que desejasse - desde que não fosse símbolo de partidos políticos.
Os hitlernautas, além de aparentemente apartidários, são, principalmente, antipartidários. Assim, resolveram engrossar, a seu modo, a procissão, mesmo sem conseguir indicar com clareza, rumo ou andor que lhes valesse.
É fácil reconhecer o hitlernauta. Nas ruas, é o “careca”; o de cara coberta por um lenço; pela máscara de um movimento "anarquista"; o que leva coquetel molotov de casa; joga pedra na polícia; agride o militante do PSDB ou do PSTU que estiver carregando uma bandeira; quebra prédios públicos; saqueia lojas; põe fogo em carros da imprensa ou invade o Itamaraty.
Na internet, o hitlernauta é ainda mais fácil de ser identificado. É aquele sujeito que acredita (piamente?) que estamos vivendo a penúltima etapa da execução de um Golpe Comunista no Brasil. E que o Fórum de São Paulo é uma espécie de conclave secreto, destinado a dominar o mundo via implantação, no continente, de uma União das Repúblicas Socialistas da América do Sul.
O hitlernauta é o “anônimo” que nos comentários na internet, tenta convencer os interlocutores de que as urnas eletrônicas são manipuladas; de que não existe oposição no Brasil, porque o PSDB é uma linha auxiliar do PT na implantação do stalinismo por aqui; que a ONU é parte de uma conspiração mundial, e o único jeito de consertar o País é acabar com o voto universal, fechar o Congresso, dissolver os partidos, prender, matar, arrebentar e torturar, por meio de um novo golpe militar.
No dia 10 de julho, os hitlernautas saíram às ruas, sozinhos, pela primeira vez. Segundo o portal Terra, fecharam a rua Pamplona, até a esquina com a Consolação, com a Marcha das Famílias contra o Comunismo, convocada pela internet. O portal IG calculou, em cerca de 100 pessoas, o grupo que se reuniu no vão do Masp e marchou, com bandeiras, pedindo intervenção militar, até as imediações do Comando Militar do Sudeste.
No Rio, a convocação conseguiu juntar, frente à Candelária, trinta e poucos manifestantes. Ao ver a foto da “manifestação”, muita gente os ridicularizou na internet.
Os primeiros desfiles das SA na República de Weimar também não reuniam mais que 30 pessoas, que carregavam as mesmas suásticas hoje tatuadas na pele dos skinheads presentes à Marcha das famílias contra o Comunismo, em São Paulo. As pessoas normais, ao vê-los desfilando nos parques, com os seus ridículos uniformes, acharam, na década de 30, que os nazistas eram um bando de palhaços. Eles eram palhaços, mas provocaram a maior carnificina da História. Sob seus olhos frios, seus gritos carregados de ódio, milhões de inocentes foram torturados, levados às câmaras de gás, e incinerados, em Auschwitz, Birkenau, Dachau, Sachsenhausen – e em dezenas de outros campos de extermínio montados por ordem de Hitler.
Os hitlernautas não devem ser subestimados. É melhor que a sociedade os conheça. A apologia da quebra do estado de direito é crime e deve ser combatida com os rigores da lei. Cabe ao Ministério Público, com a ajuda da Polícia Federal, identificá-los e denunciá-los à Justiça, para que sejam julgados, em defesa da democracia.
*Jornalista, mantém uma coluna sobre política no Jornal do Brasil. Também escreve regularmente para a revista Carta Maior, e mantém o blog www.maurosantayana.com
Fonte: http://www.jornalagora.com.br

domingo, 21 de julho de 2013

Poesia : Dos rascunhos para o público

Novos projetos culturais tem estimulado a disseminação de obras e a evolução literária dos poetas de Pelotas


Por: Ana Cláudia Dias
A leitura ainda é a melhor maneira de se qualificar autores e apreciadores do gênero, dizem poetas (Foto: Jô Folha - DP)
A leitura ainda é a melhor maneira de se qualificar autores e apreciadores do gênero, dizem poetas (Foto: Jô Folha - DP)
Projeto do músico Vicente Botti está na 15ª edição (Foto: Jô Folha - DP)
Projeto do músico Vicente Botti está na 15ª edição (Foto: Jô Folha - DP)
Daniel Moreira e Ediane Oliveira estão entre os fundadores da revista eletrônica Mandinga (Foto: Jô Folha - DP)
Daniel Moreira e Ediane Oliveira estão entre os fundadores da revista eletrônica Mandinga (Foto: Jô Folha - DP)
Depois de tempos de monotonia, o envolvimento em torno da poesia, em Pelotas, tem dado sinais de que está se revigorando novamente. Nos últimos quatro anos diferentes projetos que envolveram o gênero - confrarias e a retomada dos saraus, característicos do século 19 no município - atestam que a produção deste ramo da literatura ganhou novos autores, que trouxeram trabalhos eloquentes e de qualidade. Enfim, um fortalecimento que faz a alegria dos apreciadores, poetas e futuros poetas, que se sentem mais à vontade para mostrar suas criações.
Neste ano, o 160º de nascimento do poeta, dramaturgo e jornalista Francisco Lobo da Costa deu mais um impulso em torno da discussão do gênero. A data do aniversário de Lobo da Costa, 12 de julho, passou há pouco mais de uma semana a ser dedicada à poesia e aos seus autores, com o Dia do Poeta Pelotense. A homenagem em forma de projeto de lei, proposta pelo vereador Luiz Henrique Viana (PSDB), foi sancionada no dia 10 deste mês pelo prefeito Eduardo Leite.
A projeção da obra do poeta pelotense, um dos nomes mais expressivos do movimento romântico na literatura gaúcha, também vai inspirar a 41ª Feira do Livro de Pelotas, de 31 de outubro a 17 de novembro, que homenageará Lobo da Costa. Com o tema Poetize sua vida a Feira promete ser mesmo especial. A organizadora Gilcéia Bender, da Maxi Eventos, diz que autores ligados à área estão ajudando a compor uma programação com foco na poesia. A ideia é oferecer oficinas, encontros do público com quem que escreve, estimular os pequenos estudantes à leitura e à escrita do gênero e proporcionar que a produção poética esteja presente durante todo o evento.
Mudança no cenário
Para autores como Daniel Moreira e Ediane Oliveira essa é uma excelente notícia. Natural de Caçapava do Sul, Moreira, 34, tem dois livros editados Poemas urbanos, em 2009, e [re]Versos, de 2012. Há quatro anos, quando lançou a primeira coletânea, a cena literária de Pelotas não estava convidativa, lembra o autor.
Até então, Moreira era frequentador do Café com Poesia, projeto realizado no extinto bar Minifúndio. Para alegria do poeta, na sequência da estreia literária foi convidado para participar do primeiro Sarau Poético-Musical da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), em maio do ano seguinte.
De convidado passou a organizador do sarau por nove edições, juntamente com Daniela Castro e Mara Agripina. Paralelamente a cena poética pelotense começou a se movimentar com outros eventos, como o Poesia no Bar, criado pelo músico Vicente Botti. O projeto previa a distribuição de poesias, escritas por autores locais ou não, no formato de marcadores de livros, durante uma atividade artística.
Na época, Vicente Botti convidou Moreira para participar arregimentando autores. A concepção de arte dos marcadores ficou a cargo do designer Valder Valeirão. “O bar entrava com o custo da impressão”, conta Moreira. A iniciativa bem-sucedida congregou outros poetas. Atualmente o Poesia no Bar transita também fora de Pelotas e a sua 15ª edição ocorreu na sexta-feira em Jaguarão.
Daniel Moreira que participa deste e outros projetos conta que a parte mais surpreendente destes encontros, para ele, é quando se abre para o público falar. A partir daí novos contatos são feitos. “Tem curiosidades, como a do rapaz que me perguntou 'como se faz para virar poeta'”, lembra. A resposta foi simples: “... ler muito, ouvir muito e participar dos eventos”.
Mandinga Arte Literatura
Com o cenário positivo, os poetas resolveram ir além da promoção de eventos culturais. Há poucas semanas criaram o Mandinga Arte Literatura, um espaço na internet para “fortalecer a produção, o intercâmbio e a divulgação da diversidade artística, sem fronteiras e sem limites”, segundo os fundadores. Mas também uma revista on-line, que na primeira edição, além de poemas, traz fotografias da artista visual Camila Hein.
À frente da revista estão Duda Keiber, Ediane Oliveira, Jairo Tx, Ju Blasina, Junelise Martino, Valder Valeirão, Vicente Botti e o próprio Moreira. O projeto ambicioso prevê ainda a edição e a distribuição de livros, no futuro. “Hoje temos os editais para financiamento, mas eles não são tudo. O Mandinga quer incentivar a publicação e ajudar os autores a buscar esses caminhos”, fala a poetisa Ediane Oliveira.
Com a experiência de duas publicações, a primeira pela editora Alcance, de Porto Alegre, e a segunda, um projeto independente com financiamento público, Moreira diz que o mais difícil é a distribuição. Para o autor, fazer tudo é um “processo bacana”, mas extremamente “desgastante”.
Nesse sentido a internet tem sido outra grande aliada dos poetas pelotenses. Através dos sites, blogs e redes sociais os escritores conhecem outros e trocam trabalhos e experiências. Livros de Moreira, por exemplo, foram para outros estados por causa desses novos amigos. “Pelo Brasil a gente vê um pessoal muito atuante”, diz Daniel Moreira.
Ediane Oliveira que também trabalha na produções dos eventos, além de escrever, diz que nos últimos anos viu o surgimento de alguns dos poetas da nova geração. “É ótimo ver a evolução, nós temos jovens poetas bons, que impressionam pela qualidade.”
Nesse sentido, Moreira chama a atenção de nomes de autores, a exemplo, de Rogério Nascente, Gabriel Borges da Silva, Marília Kosby, Alexandre Vergara, Duda Keiber, Márcio Ezequiel, Martim César, Ju Blasina, entre outros. Nem todos são nascidos em Pelotas, mas transitam pela região manifestando seu jeito lírico de olhar o mundo.
Tanto Moreira, quanto Ediane comentam o fato de os autores da Zona Sul terem por perto um dos nomes mais prestigiados da área na atualidade, Angélica Freitas, que nasceu e reside no município. “É maravilhoso termos aqui em Pelotas uma escritora premiada e que tem colaborado muito com esse processo”, fala Ediane.
Autora de Rilk shake (2007) e mais recentemente Um útero é do tamanho de um punho (2012), além de ter publicações em coletâneas e ser coautora da graphic novel Guadalupe (2012), em parceria com o quadrinista Odyr, Angélica é um grande incentivo aos novos. “Ela é a poeta-mor do momento”, fala Moreira.
Incentivo nas escolas
E quando se fala em incentivo à literatura, Ediane e Moreira vão direto ao ponto: educação básica. “A criança do primeiro grau é a mais interessada em poesia que o adolescente”, fala Daniel Moreira. “Falta incentivo na educação a partir da literatura. A escola faz da literatura algo muito teórico e chato”, diz Ediane.
O contista e poeta Márcio Ezequiel, 41, porto-alegrense que reside em Pelotas desde 2009, é bem cético com relação à educação formal. O autor argumenta que as escolas precisam trabalhar mais a escrita criativa e outras formas de expressão. Para ele as instituições de ensino não formam leitores qualificados, muito menos escritores ou pessoas mais ligadas aos detalhes da vida. É preciso desenvolver um olhar além do senso comum, afirma.
Para Ezequiel, a internet e os blogs demonstram “uma energia enorme de escrita e expressão reprimida”. Segundo o autor, os novos precisam se dedicar ao aprendizado da escrita. “Para escrever bem tem que ler muito. Tem que conhecer os gêneros literários, até mesmo para superá-los com novos formatos”, fala.
Uma saída, seriam os governos e entidades civis promoverem concursos e oficinas literárias. “As recentes manifestações pelo país mostraram claramente que sem conhecimento não há rebeldia inteligente. Sem leitura, música, cinema e arte não há poesia. Não há lirismo que sobreviva”, diz.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura 2013 seguem até 31 de julho


Candidatos podem concorrer nas categorias conto e romance.
Prêmio Inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura 2013 seguem até 31 de julho
Já estão abertas as inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura 2013. Os candidatos podem concorrer nas categorias conto e romance, porém os textos precisam ser inéditos. A distinção foi criada em 2003, com o objetivo de identificar escritores cujas obras possuam qualidade literária para edição e circulação nacional. As inscrições seguem abertas até 31 de julho pelosite www.sesc.com.br/premiosesc. Os interessados devem preencher o formulário e enviar a obra para a Gerência de Cultura do Sesc/RS (Av. Alberto Bins, 665 – 5º andar).
Os livros devem ser destinados ao público adulto, em língua portuguesa e o autor deve ter mais de 18 anos. O processo de seleção das obras é feito em duas etapas. Inicialmente, cinco subcomissões regionais fazem uma pré-seleção das obras para encaminhamento à comissão final. O júri final elege as obras vencedoras, podendo selecionar até três menções honrosas em cada categoria. O candidato é julgado através de um pseudônimo.
O Prêmio Sesc de Literatura é um concurso anual, voltado para escritores inéditos, que publica e distribui obras literárias de qualidade por meio de uma seleção democrática e criteriosa. Com esse Prêmio, os escritores entram para o catálogo da Editora e passam a receber os direitos autorais correspondentes à comercialização em livrarias, além de terem seus livros distribuídos para toda a rede de bibliotecas e salas de leitura do Sesc em todo o país e para escritores, críticos literários e formadores de opinião.
A iniciativa visa revelar novos talentos e promover a literatura nacional: mais do que oferecer uma oportunidade a novos escritores, o Prêmio Sesc de Literatura cumpre um importante papel na área de cultura, proporcionando uma renovação no panorama editorial brasileiro. O edital com as informações completas sobre o Prêmio Sesc de Literatura está disponível no site www.sesc.com.br/premiosesc.
Sobre o Sesc - No Rio Grande do Sul, o Sesc está presente nos 497 municípios gaúchos com atividades sistemáticas em áreas como a saúde, esporte, lazer, cultura, cidadania, turismo e educação. Desta forma, o Sesc/RS desempenha o papel social, assim como o Senac o da qualificação profissional do Sistema Fecomércio-RS, entidade que atua em âmbito econômico, político e social pela constante qualificação e desenvolvimento do setor terciário gaúcho. Saiba mais sobre a entidade em www.sesc-rs.com.br.
Fonte: http://www.ecult.com.br

terça-feira, 16 de julho de 2013

Regulamentação de Free Shops em cidades-gêmeas de fronteira


Publicamos coluna de Edgar Lisboa no Jornal do Comércio
Repórter BrasíliaEdgar Lisboa | edgarlisboa@jornaldocomercio.com.br

Repórter Brasília
Notícia da edição impressa de 16/07/2013
Dúvidas nos free shops
A lei que permite a instalação de free shops em cidades-gêmeas de fronteira, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) em outubro do ano passado, ainda não pode ser aplicada por falta de regulamentação. “Poderíamos já ter essas estruturas em 30 cidades brasileiras. Isso não aconteceu porque a lei não foi regulamentada”, criticou o deputado Jerônimo Goergen (PP), presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara. O Ministério da Fazenda, que deveria regularizar a lei, ainda discute o modelo de alfandegamento para a instalação das lojas; o processo de habilitação das lojas francas das cidades-gêmeas; o limite de cotas para compras; e os produtos que poderão ser vendidos. A pasta prometeu criar normas para aplicar a lei até o começo do ano que vem. A Receita Federal espera apresentar uma proposta de regulamentação até setembro, porém são muitos os empecilhos. Ainda se discute qual modelo - argentino ou uruguaio - é melhor. O uruguaio permite dispensar licitação, mas veta brasileiros de comprarem nas lojas francas, o que gera um temor em relação ao número de clientes. Já o argentino, que exige licitação e abre para brasileiros, cria uma concorrência desleal com o comércio local. Uma coisa que não deve desaparecer nessas lojas, é a cota de compras. “Nos aeroportos, controlamos o quanto cada um pode comprar e o mesmo deve acontecer nas cidades de fronteira”, explicou o auditor fiscal Ronaldo Lázaro Medina.

Fonte: http://jcrs.uol.com.br


domingo, 14 de julho de 2013

La Balanguera - Maria del Mar Bonet


Credito ao amigo Mário Cerqueira, quando de sua primeira viagem ao Brasil e a Jaguarão depois de se radicar em Barcelona lá pelo fim do século XX, o conhecimento desta maravilhosa cantora catalã, Maria del Mar Bonet. Para que voces tenham idéia, ela é da turma do Joan Manoel Serrat. O CD trazido pelo Mário acho que é um dos melhores da Maria del Mar, e era uma comemoração de 25 anos de carreira em show no Palau San Jordi. Emocionante. 

Esta música, Balanguera, hino de Maiorca, fala sobre as fiandeiras, as tecedoras, esse ofício tão peculiar e misterioso, tão pertencente ao universo feminino,  de esperança. Penélope aguardando o retorno de Ulisses.

Aqui em Jaguarão, soube que o Paulo Timm e o Martim César compuseram música dedicada às mulheres de Jaguarão que mantém essa tradição de tecedoras.Artesãs mantendo essa  tradição milenar. "Tradições e esperanças tecendo a bandeira da juventude".  

Abaixo a letra em catalão e traduzida para o espanhol. 

LA BALENGUERA -  Amadeu Vives/ Joan Alcover

  
La balanguera misteriosa,                                 La balanguera misteriosa,
Com una aranya d’art subtil,                             com sutil arte de araña,
Buida que buida as filosa,                                 va vaciando su huso,
De nostra vida treu el fil.                                   De nuestra vida el hilo saca.
Com una parca bé cavil-la,                               como una parca bien razona,
Teixint la tela per demà.                                    Tejiendo la tela de mañana.

La Balanguera fila, fila,                                      La balanguera hila, hila,
La balanguera filarà.                                          La balenguera hilará.

Girant l’ullada cap enrere,                                 Volviendo atrás la mirada,
Guaita les ombres de l’avior,                             ve las sombras del passado,
I de la nova primavera                                       y de la nueva primavera
Sap on s’amaga la llavor.                                   Sabe donde está la semilla.
Sap que la soca més s’enfila                               sabe que el tronco crece más
Com més endins pot arrelar.                              Cuanto más hondo se enraiza.

La Balanguera fila, fila,                                       La balanguera hila, hila,
La balanguera filarà.                                           La balanguera hilará.

De tradicions i d’esperances                              De tradiciones y de esperanzas
Tix la senyera del jovent,                                   teje la bandera de la juventud,
Com qui fa un vel de nuviances                        como quien hace un velo nupcial
Amb cabellera d’or i argent.                              Com cabelleras de oro y plata.
De la infantesa que s’enfila,                               del la niñez que va subiendo,
De la vellúria qui se’n va.                                    De la vejez que ya se va.

La Balanguera fila, fila,                                       La balanguera hila, hila,
La balanguera filarà.                                           La balanguera hilará.







quinta-feira, 11 de julho de 2013

Projeto CECAR acontece neste domingo na Praça do Regente


O Projeto C: Cecar, Cultura, Comunidade é uma atividade artístico-cultural de iniciativa dos alunos de 2° ano do ensino Médio diurno do Colégio Estadual Carlos Alberto Ribas e pretende trazer à comunidade de Jaguarão várias opções de cultura e lazer.

O Projeto C será realizado nos segundos domingos de cada mês em uma área livre da cidade e terá apresentações de música, dança, teatro, capoeira, hora do conto, espaço lúdico para crianças, oficina de artes, artesanato, sebos e muito mais.

Com este Projeto, estamos propiciando benefícios a todos os envolvidos, ao estimular o trabalho coletivo, o senso de responsabilidade e organização, a valorização do trabalho artístico e cultural das pessoas da comunidade e uma opção de lazer a todos os habitantes de Jaguarão.

Traga sua cadeira e seu mate e venha se divertir com a gente!    

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O simbolismo latente de uma imagem

Uma fotografia da turismóloga Elisângela Costa Barcellos me provoca o que pensar, pois ali se encontram alinhadas imagens da pira da Pátria, da estátua da Liberdade e da Igreja Matriz de Jaguarão. E eu fico pensando se na genialidade desse ângulo de focagem não estaria implícita uma premeditada escolha na construção do mais importante monumento situado na antiga Praça 13 de Maio (hoje denominada Doutor Alcides Marques). Mário Maestri já elaborou artigo transcrito na Confraria dos Poetas de Jaguarão, abordando sua inconformidade ao se privilegiar 20 de novembro em detrimento daquela data histórica que marcou o resgate nacional da cidadania do afro descendente.

Essa inquietação me motivou a buscar dados históricos acerca daquele obelisco e, como não dispusesse de imediato dessas fontes, vali-me de consulta ao notável historiador rio-grandense Dr. Sérgio da Costa Franco, que me respondeu nos seguintes termos: “Prezado conterrâneo: Na coleção do jornal jaguarense "A Ordem", de que existe uma coleção no Museu Hipólito da Costa, há várias referências à Estátua da Liberdade. Como o projeto nasceu ainda no tempo da Monarquia, para celebrar a abolição da escravatura e a Princesa Isabel, o jornal, que era do Partido Republicano hostilizou a ideia, já a partir de 24-01-1889. A pedra fundamental foi lançada em 3 de fevereiro daquele ano e a proposta da ereção do monumento foi do vereador Antônio da Costa Silveira.  Depois do advento da República, em janeiro de 1890, a Junta Municipal resolveu alterar as placas da base da coluna, certamente para retirar louvores à Monarquia e implantar homenagem à proclamação da República. A construção foi demorada e, por algum tempo, existia apenas a coluna com uma haste de ferro, onde deveria ser fixada a estátua de mármore. O cronista de "A Ordem" considerava isso ridículo, e, no Carnaval de 1890 houve gozações em torno disso, e o jornal republicano chegou a sugerir a demolição. Porém, em julho de 1891,  a Junta Municipal mandou completar o monumento, encomendando a estátua e determinando providências para o acabamento. Daí em diante, o jornal não toca mais no assunto, induzindo à conclusão de que tudo foi concluído. Restaria examinar outras fontes, lá mesmo em Jaguarão. Um abraço do Costa Franco.”

Evidente que nossa querida artista jamais imaginaria o feliz achado da sua composição e que esta imagem viesse a confirmar o velho jargão “vale mais que mil palavras”. Quanta gente não andou ali pelo entorno desse monumento sem enxergar aquele alinhamento. Parece até que ditas construções quisessem nos transmitir alguma mensagem que permaneceria oculta na passagem do tempo. Eis que estas visuais palavras afloram através de um momento privilegiado e vivido pela sensibilidade de quem as soube auscultar. Embora semioculta no recanto sombrio, pode-se perceber ainda a Pira antecedendo a figura do obelisco e caracterizando o patriotismo do povo brasileiro. A Estátua ali erguida homenageando a redentora Princesa Isabel a fim de comemorar a Abolição da Escravatura - posteriormente obscurecida com a Proclamação da  República – deve significar os anseios desse mesmo povo de atingir os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, então o clamor universal da época. Em posição discreta, ao fundo, dividida ao meio nos hemisférios da razão e da emoção, a nossa Igreja Matriz lança suas bênçãos divinas de inspiração para essa perfeita harmonia entre símbolos.


Ao menos, divulgando essa magnífica obra da artista conterrânea , emoldurada pelo conhecimento daquele ilustre escritor jaguarense, contribuímos para despertar o interesse sobre a importância desse belo monumento da nossa terra.

José Alberto de Souza

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 03/07/2013



terça-feira, 9 de julho de 2013

O Comício Monstro


O comentário do meu amigo José Alberto de que sou um bom contador de histórias, aqui publicado há pouco, animou-me a contar mais um desses causos que não estão no Gibi, como se dizia antigamente. Aconteceu numa época em que havia apenas doze ministros na capital federal, ao contrário da proliferação exagerada de quase quarenta hoje existente. E um desses raros ministros encontrou tempo para vir de Porto Alegre a a Jaguarão, em campanha política, numa viagem que tinha um dia de duração, nas péssimas estradas de chão batido então existentes.

Era o político Clóvis Pestana, Ministro da Viação e Obras Públicas, liderança do extinto Partido Social Democrático e um dos candidatos a reeleição para a Câmara Federal. Muito entusiasmado, o PSD jaguarense organizou então um super badalado comício no Largo da Bandeira, batizado de “comício monstro” para melhor dimensionar o seu esperado tamanho. E de fato, assim veio a acontecer, com a presença de numeroso público que ocupou todos os espaços disponíveis, das escadarias da igreja matriz à calçada da Praça 13 de Maio, entre as ruas Osório e 27 de Janeiro.

Entretanto, talvez porque o locutor local fosse muito iniciante, ele passou a descrever o encontro como um comício monstruoso, o que obviamente alterava por completo o sentido original. Mas o pior viria depois, após os primeiros discursos, quando esse locutor oficial finalmente anunciou, com toda a empolgação: “e agora, senhoras e senhores, chegou o grande momento deste comício, com a palavra o Ministro Clovis Sobrancelha”. Silêncio geral, alguns segundos de paralisia e expectativa até que o Ministro visitante, indignado com a troca de nomes, tomou o microfone e protestou: “Sobrancelha não, Pestana, Ministro Clóvis Pestana”. Embasbacado, mas ainda ao vivo, o nosso locutor tratou logo de se justificar: “Ah... Eu sabia que era no olho, só não me lembrava se era em cima ou se era embaixo”.

Pior emenda que o soneto. Foi o fim de uma breve e promissora carreira de apresentador, pois ele tinha uma excelente voz microfônica.


Pedro Fagundes Azevedo

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 26/06/2013


quarta-feira, 3 de julho de 2013

DECÁLOGO DO IDIOTA DE DIREITA

PIG, Partido da Imprensa Golpista, expressão cunhada pelo jornalista
Paulo Henrique Amorim do site conversaafiada.com.br

Interessante artigo de Marcos Coimbra na revista Carta Capital aborda o característico pensamento conservador brasileiro atulhado de um perfeito manual do Idiota, fazendo alusão a uma obra que esteve em voga há quase 20 anos e atacava a esquerda latino-americana expressando o neoliberalismo triunfante que se espalhava pelo continente. O programa baseado no Manual Neoliberal não deu certo em nenhum país e os povos sul-americanos  escolheram o caminho inverso, de mais realizações. E os fatos comprovam que escolheram certo e o tempo demonstrou que os tolos eram os que os criticavam.


A seguir o articulista  enumera algumas ideias tipicas dos conservadores brasileiros da atualidade, destacando as dez mais comuns num estoque imenso de idiotices periodicamente renovadas:

O Brasil está à beira do abismo - Ainda que os cidadãos normais tenham dificuldade de entender quem diz isso, os genuínos idiotas da direita estão convencidos: vivemos o caos e estamos a caminho do buraco. Há exemplo mais patético que a “inflação do tomate”?


O Bolsa Família é esmola usada para manipular os pobres - Marca distintiva desses idiotas, a ideia mistura velharias, como a noção de que os pobres são constitutivamente preguiçosos, com a pura inveja de ter sido Lula o criador do programa. No fundo, o conservador despreza os mais humildes.


O Brasil tem um governo inchado - Mundo afora, depois de a crise internacional sepultar a tese de que Estado bom é Estado mínimo, ninguém mais tem coragem de revivê-la. A não ser no Brasil. Fernando Henrique Cardoso deixou 34 ministérios quando saiu do governo. Esse seria o tamanho ótimo? Cinco a mais se constitui uma catástrofe?


O Brasil tem municípios demais - Exemplo de idiotice conjuntural, é prima da anterior. Que sentido haveria em considerar imutável a organização administrativa de um país em que a população se movimenta pelo território, fixando-se em novas regiões?


O Judiciário é nosso deus e Joaquim Barbosa, nosso pastor - Como seus parentes no resto do mundo, os conservadores brasileiros desconfiam da política e têm ojeriza a políticos. Quem mais senão o presidente do Supremo Tribunal Federal encarnaria os “anseios da sociedade contra os políticos corruptos”? Transformado em ferrabrás dos petistas, Barbosa virou herói da direita.


O “mensalão” foi o maior escândalo de nossa história - Conversa para boi dormir entre os conhecedores da política brasileira, o “mensalão” não passa de um exemplo do modo como as campanhas eleitorais são financiadas. Só os desinformados acreditam ser ele um caso excepcional.


A liberdade de imprensa está ameaçada - Na vida real, ninguém leva isso a sério. Volta e meia, a ideia é, no entanto, usada pela imprensa conservadora para defender os interesses de um pequeno grupo de corporações de mídia. De carona, alguns políticos da oposição a endossam para preservar as relações privilegiadas que mantêm com os proprietários dos meios de comunicação.


Dilma antecipou a eleição - Desde ao menos o início do ano, a oposição de direita repete, em tom queixoso, o mantra. O que imaginava? Que uma presidenta tão bem avaliada não fosse candidata? Que fingisse não sê-lo? Qualquer idiota sabe que os governantes pensam na reeleição. Assim que tomam posse, entram no páreo.


O Brasil virou as costas para seus parceiros internacionais e se aliou aos radicais -A fantasia desconhece a realidade da política externa e o modo como funciona a diplomacia brasileira. É montada em duas etapas: primeiro, desconstrói-se a imagem de um país ou liderança. Depois, afirma-se que o governo a apoia. De qual país o Brasil se afastou, de fato, nos últimos anos?


O Brasil moderno está na oposição, o arcaico é governo - Trata-se de um erro factual, somado a muita pretensão. Ao contrário, como mostram as pesquisas, o governo é mais bem avaliado (e Dilma tem mais votos) entre, por exemplo, jovens e aqueles conectados à internet que na média da população. A oposição possui, é claro, sua base na sociedade. Em nada, no entanto, esta é “melhor” que aquela apoiadora do governo.

Jorge Passos

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 19/06/2013


Relação de Músicas Classificadas para o Festival de Canguçu


Foi realizado na tarde do último sábado (29 de junho) a triagem do XVII FECANPOP - Festival Canguçu da Canção Popular. A atividade teve início as 14 horas e estendeu-se até as 21 horas, sendo realizada nas dependências da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Juventude e Mulheres.
Com mais de 80 músicas inscritas, com participantes de Canguçu, Palmeira das Missões, Guaporé, Itaqui, São Lourenço do Sul, Pelotas, Dom Pedrito, Bagé, Pedro Osório, Piratini, Rio Grande, Arroio Grande, Porto Alegre e Balneário Camburiú-SC, os avaliadores escolheram as 15 participantes que se apresentarão no sábado (03 de agosto) no Festival.
O corpo de avaliadores desta edição é composto por Martim Cesar Gonçalves, poeta de Jaguarão, Paulo Timm, compositor/melodista de Jaguarão, Daniel Zanotelli, arranjador de Pelotas, Pedro Munhoz, canta-autor, poeta e melodista de Barra do Ribeiro e Marco Gottinari, canta-autor, poeta e melodista da Maciel/Pelotas.
Segue abaixo a relação das músicas classificadas em ordem alfabética, bem como, seus autores, ritmos e respectivas cidades.

Classificadas:

1 - Antiga Canção de Rio
Letra: João Sampaio
Melodia: Robledo Martins e Márcio Scheer
Ritmo: Canção
Cidade: Itaqui e Guaporé

2 - As Dores do Campo
Letra/Melodia: Miguel Borba
Ritmo: Milonga Canção
Cidade: Canguçu

3 - Bestas
Letra: Marília Floôr
Melodia: Ricardo Petrucci
Ritmo: Balada
Cidade: Pelotas

4 - Biografia
Letra/Melodia: Juliano Guerra
Ritmo: MPB
Cidade: Canguçu

5 - Bossária
Letra/Melodia: Julio Casarin
Ritmo: Bossa Nova
Cidade: Canguçu

6 - Canção de Barro
Letra: Marília Floôr
Melodia: Marco Antônio Alves
Ritmo: Toada
Cidade: Pelotas

7 - Chove
Letra/Melodia: Raineri Spohr
Ritmo: Mazurca
Cidade: Dom Pedrito

8 - Comportamento Predatório
Letra/Melodia: Marquinho Brasil
Ritmo: MPB
Cidade: Pelotas

9 - De Bença
Letra: Marília Floôr
Melodia: Ricardo Petrucci
Ritmo: Baião
Cidade: Pelotas

10 - Eu Canto pra Canguçu
Letra/Melodia: Éderson da Fonseca Vargas
Ritmo: Trova
Cidade: Canguçu

11 - Escritura do Amor
Letra: Igor Cougo
Melodia: Igor Cougo e Bruno Tamboreno
Ritmo: Blues
Cidade: Porto Alegre

12 - Lira do Amor Distante
Letra: Sidney Bretanha
Melodia: Sandro Campello
Ritmo: Canção
Cidade: Arroio Grande

13 - Mas a Vida Segue
Letra/Melodia: Solano Ferreira
Ritmo: Rock
Cidade: Pelotas

14 - O que vai Sobrar
Letra/Melodia: Solano Ferreira
Ritmo: Rock
Cidade: Pelotas

15 - Rocks Rurais
Letra: Jeferson Soares de Almeida
Melodia: Leonardo Vitienzo
Ritmo: Rock, MPB, Progressivo, Folk
Cidade: Canguçu

Suplentes:
1 - Canções, Canções - Canção
Letra/Melodia: Sulimar Rass
Cidade: Pelotas

2 - Quintal das Ilusões - Blue Jazz
Letra: Henry Lopes
Melodia: Andriego Garcia Von Laer
Cidade: Piratini e Canguçu

Salientamos ainda que fica aberto, a partir de hoje (03 de julho), o prazo de recurso de cinco (05) dias úteis contra o não ineditismo de alguma obra, destacando que o ineditismo se refere a exploração/comercialização em grande escala de CDs/DVDs de alguma dessas obras, ou a mesma ter obtido premiação em algum outro festival.
A XVII edição do FECANPOP acontece nos dias 03 e 04 de agosto, no Cine Teatro Municipal 27 de Junho Professor Antônio Joaquim Bento - Canguçu/RS, com a apresentação das 15 músicas classificadas no sábado e as 10 finalistas no domingo, com show de abertura de Pedro Munhoz e Trio (autor da música "Canção da Terra" - tema da novela da Globo "Flor do Caribe") e de encerramento show "Acordar" com Marco Gottinari (autor da música "Carrossel" - campeã da XVI edição do FECANPOP).

Qualquer dúvidas e/ou mais informações, podem ser obtidas com a Comissão Organizadora, pelos seguintes e-mails:alan.redu@cangucu.rs.gov.britalo.dorneles@cangucu.rs.gov.brcultura.turismo@cangucu.rs.gov.br.



Clandestino - Gilberto Isquierdo e Said Baja

  Assim como o Said, milhares de palestinos tiveram de deixar seu país buscando refúgio em outros lugares do mundo. Radicado nesta fronteir...