Por Jorge Passos
Estes dias, fiquei impressionado com um vídeo que vi , produção dos
alunos de Produção e Política Cultural
da Unipampa. Ana Barbara Klenk Serra, Leandro Vieira de Amorim, Luma
Reis Ferreira, Marcela Hernandes Pedreira, Marjorie Mendonça C. Fernandes e
Magno da Costa Paim realizam um projeto de um curta-metragem de ficção que será
realizado em Jaguarão. O filme acompanha a vida e rotina de Lóri (24 anos) uma
mulher que ao se descobrir grávida desenvolve os cinco estágios da Morte/Luto e
não consegue compartilhar o segredo com ninguém. Na construção da personagem
elaboraram um ensaio de aproximadamente 5 minutos e que está disponível no You Tube, busquem pelo
nome “Pesquisa Estética- Fluxo”.
Provoquei o confrade Sérgio Christino, colaborador desta coluna, meu
filósofo particular , estudioso de Hegel, e meu parceiro fundamental na edição do Barqueiro do Jaguarão, para se manifestar sobre o referido trabalho dos meninos da Unipampa.
Compartilho com vocês, caros leitores amantes do cinema, suas impressões:
"Vendo
este ensaio/pesquisa lembro de uma dificuldade apontada em um documentário que
assiti en passant outro dia no Arte 1. O trabalho do crítico de cinema traz
esta armadilha que eu só tinha percebido ao comentar "O poeta é o caranguejo que pulou do balde".
De fato a dificuldade está em ter de expressar algo, usando uma
linguagem diferente daquela a respeito da qual se quer expressar este algo. Há
coisas que são da linguagem visual e ponto. Não adianta você querer descrever o
que sente quando vê um vídeo em que aparecem os ângulos formados pelos pingos
de chuva rebatidos pelo teto de um automóvel, muito menos você escrever a
respeito de como são estes-pingos-estes-ângulos-este-teto-de-carro-esta-chuva-esta-pessoa
que-experimenta-o-delírio-visual.
Como ensaio/pesquisa ele - Fluxo - é tocante, mesmo que não se saiba
que tem um argumento (inquietaçao da gravidez) e mesmo enfrentando esta
dificuldade do crítico que menciono, o impacto é o de um aquecimento ideológico
(no bom sentido), para captar a mulher/natural em seu isomorfismo gestáltico:
útero-espaço-dentro-fora.
O que está dentro é o mesmo que está fora, ou seja a vida. Esta
coisa do espaço e da natura - mater/madeira/maternidade/mãe/árvores em bosque,
são muito tocantes.
O espaço está duplamente significado, certo? Dá pra ver nas tomadas
junto à natureza e nas tomadas de signos urbanos - quer cena mais aberta e mais
fechada ao mesmo tempo que aquela do Bloco do Janjão. Toda a abertura de
movimento e sons da festa de rua e a expressão da personagem - que carrega em
sua histriônica expressão facial toda a clausura, toda a expectativa enigmática
que nada revela, apenas sugere.
Tem, ainda, uma coisa de ar, de respiração, de pulmão, de estrutura
para conter o ar que paira e que não sei explicar!!!!!"
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 11/02/15
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