Fotografia Araquém Alcântara |
Vejo as luzes do navio,
não sei se é cedo ou tarde, ainda não dormi.
De certo modo tenho ciúme
dele, pelo fato de que tem um porto aonde chegar.
Olho pra ele: claridade
em meio à escuridão; presença no vazio; imponência na
simplicidade; Gigante que rasga o céu de Poseidon, mas que se obriga
a ser guiado por um simples rebocador.
Algo me atormenta e não
é a tormenta que se anuncia. Os clarões dos raios se confundem com
os lampejos de lembranças...
O mar me parece doce, se
comparado com o gosto das lágrimas que derramei... na verdade, ainda
derramo.
E junto delas vem uma
tormenta pior do que as do alto mar... a tempestade que um coração
inquieto provoca... e eu, um nau à deriva, tenho ciúmes de um
barco, só porque ele tem um porto para lhe fazer abrigo.
Um porto que espera por
barcos, por outros barcos talvez... não sei dizer.
Ainda espero que venha a
calmaria.
Jorge Araújo Azambuja
(Rio Grande,19/12/2012)
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