Já me
lembro certa feita do ocorrido, na volta das barrancas de água doce
do rio Jaguarão! Entrando de passo lento e firme, os valentes
soldados uruguaios embretam na terra brasileira, na terra do Pedro
II. Quem estava lá para defendê-la? Quem cuidaria de tamanho
infortúnio? Os homens seus lutavam lá pelas bandas do Paraguai. Até
seu pároco não estava presente para consolar e defender deste
empreendimento bélico.
Elas!
Sim, elas - as heróicas mulheres prendadas e guerreiras de sangue
cozido na mistura charrua-lusitana-castelhana! Com poucos homens:
dizem que havia somente alguns velhos e uns poucos jovencitos, seguem
elas impondo a lei natural de preservação e contando com a escolta
do General Marques de Souza. - Hasta luego!!! Gritam as heróicas
guapas, munidas de seus óleos quentes, pelegos e armas caseiras das
mais exóticas. Jamais se viu um quartel tão audacioso! Felizes,
retornam para suas casas, trazendo na alma e nas mãos, não só a
terra conquistada e defendida, mas a soberania do Império Del Rei, o
poder da conquista, a imposição de uma nação. Nesta terra de
nação alguma, vinte e sete de janeiro declarará esta conquista –
a conquista das heróicas. Assim são as mulheres desta terra:
guerreiras, heróicas, fortes, valentes, audaciosas. Filhas talvez de
Ana Terra, ou simplesmente “Anas que a dor não quebra nem consome,
Anas da terra-mãe e nada mais”, já dizia o poeta campeiro.
Hoje
estas guerras são estórias, pois o combate da vida, da garantia do
amor contínuo e da esperança dos filhos crescerem felizes é o foco
destas jaguarenses. Em suas preces, prantos e atitudes, deixam um
legado universal para todos que precisarem de uma referência de como
a vida pode transcender diante das situações limiares, uma vez que
a bravura e a maternidade, aqui nesta terra de mulheres fortes,
caminha de mãos dadas.
Magnum Patrón Sória
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 04/03/2015
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