Às cinco horas da tarde,
no céu da Pedra Só,
um cavalo emerge das nuvens
e uiva para a lua.
Às cinco horas em ponto,
na fazenda Pedra Só,
a lua é o olho do dragão.
E a moça de Jorge de Lima
é enorme, enorme,
e engole a lua
e vai ficando
menor, menor.
Mas continua caindo
num desembesto sem fim
até virar Alice.
E logo ali, um alce.
E logo ali,
o galo de Abraão Batista
numa briga feroz
com o boi do Patativa.
Às cinco em ponto da tarde,
no reino da Pedra Só,
Federico Garcia Lorca
montado num corcel de algodão
crava seu punhal de prata
nos olhos da escuridão.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
PEDRA SÓ - Poema de José Inácio Vieira de Melo, do livro "Pedra Só"
(Escrituras Editora, 2012). Recitado por José Inácio Vieira de Melo.
Ilustrações de Juraci Dórea. Músicas: JIVM, Uakti, Oliveira de Panelas
& Téo Azevedo, Quinteto Armorial, Zabé da Loca. Edição de audio:
Vandex. Edição de vídeo: Ricardo Bertol. Direção: Gabriel Gomes e José
Inácio Vieira de Melo.
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