Seleção Gaúcha |
Alcides Carlos de Moraes nasceu em Jaguarão, no dia 24 de
maio de 1916. Começou jogando, aos 12 anos como “filhote”, de centro-avante no
Esporte Clube Cruzeiro do Sul, de sua cidade natal. Em 1936, jogou no Clube
Atlético Bancário, de Pelotas. No ano seguinte, estreava no Esporte Clube
Pelotas, no qual foi campeão em 1939 (triunfo de 3x1 sobre o Brasil). Chegou a
ser pretendido pelo Botafogo, do Rio de Janeiro, sem avançar nas negociações
pela necessidade de abandonar o futebol devido a um emprego que lhe ofereceram
de Fiel de Armazém, quando da inauguração do Porto de Pelotas em 1940. Como não
emplacou nesse cargo, também perdeu aquela oportunidade de atuar no futebol
carioca.
Legenda viva do futebol gaúcho,
entre 1940 e 1941, Alcides Moraes deixou marcante passagem como goleiro titular
do selecionado do Rio Grande do Sul. Defesas arrojadas e incrível senso de
colocação foram evidentes qualidades que levaram esse craque do interior a ser
convocado para aquela seleção, onde pontificavam nomes como Tesourinha, Rui,
Massinha, Foguinho, Carlitos, Noronha, Alvim, Dario, Vaz, Tavares e o treinador
Telêmaco Frazão de Lima. “Quanto ao Massinha fomos moleque em Jaguarão” – assim
ele se refere ao conterrâneo e acirrado rival em vários clássicos Bra-Pel.
Também foi Diretor de Futebol do E. C. Pelotas em 1945, sagrando-se bicampeão
citadino (na final com o Brasil, de virada por 2x1), campeão do interior e vice
do Estado.
Era um excelente cobrador de faltas,
numa época em que os arqueiros não se arriscavam muito fora da sua área. No dia
30 de março de 1941 realizava-se um Bra-Pel, válido pelo Torneio Início, que
terminou empatado em 0x0, com a decisão indo para os pênaltis. Ramon, pelo
Brasil, fez quatro golos e Alcides defendeu o quinto pênalti. Na sua vez, o
Pelotas desperdiçou a primeira cobrança e então Alcides pediu para bater e
marcou os outros quatro, empatando a série que na época não era alternada como
agora. Na decisão de três pênaltis para cada lado, mais uma vez esbanjando
categoria, esse nosso conterrâneo não perdoou com três acertos e ainda defendeu
os dois pênaltis do Brasil, garantindo para o Pelotas o título daquele Torneio.
Alcides Moraes certamente deveria ser o Rogério Ceni daqueles tempos.
Encerrou a carreira esportiva em
abril de 1942 para assumir suas funções na Secretaria da Fazenda do Rio Grande
do Sul. Transferido para São Luiz Gonzaga em 1943, chegou a jogar de atacante
no Ipiranga, daquela cidade. Como passatempo, dedicou-se aos campos de golfe e
ao tênis. Casou-se, em Pelotas no dia 23 de junho de 1944, com Dª. Alda
Oliveira de Moraes (de quem enviuvou em 2008), tendo dois filhos desse
matrimônio, Luiz Fernando e José Carlos, o primeiro deles advogado e aposentado
como procurador do Ministério da Fazenda, e o segundo médico e professor
titular de patologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este, com 25
anos em 03/12/1972, foi vítima de um assalto que o deixou paraplégico, quando
fazia residência médica na capital fluminense. Com licença especial, o casal
foi ao Rio para acompanhar a reabilitação desse filho e como esta demorasse,
Alcides teve de voltar para reassumir o cargo no Estado.
José Carlos Oliveira de Moraes ainda
é jogador de basquete em cadeira de rodas, tendo participado das paraolimpíadas
de 1986, em Atlanta nos Estados Unidos, e com Celso Lima, introduziu o tênis
para cadeirantes no Brasil, em que se disputa anualmente um torneio de caráter
nacional. E Alcides, aposentando-se em junho de 1976, retornou definitivamente
ao Rio de Janeiro, onde se mantém exilado do nosso frio, apenas vindo a Pelotas
na temporada de veraneio, sempre marcando religiosamente seu ponto no
tradicional Café Aquarius. Cativando a todos com seu carisma, sua simpatia e
memória privilegiada.
José Alberto de Souza
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 22/05/2013
CLIQUE AQUI para ler entrevista concedida por Alcides de Moraes ao José Alberto de Souza
Um comentário:
Parabens pela síntese e pelas relembranças de um passado não muito distante, mas importante para todos nós jaguarenses. Um abraço. Hunder.
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