quarta-feira, 29 de maio de 2013

13 de Maio, uma data para não esquecer

Praça Central de Jaguarão já teve o nome de 13 de Maio
Mais um 13 de maio, data marcante da superação do escravismo que vigorou por mais de 350 anos na história do Brasil, passou relegada ao esquecimento. Segundo o Professor e historiador Mário Maestri, dedicado à pesquisa da história do negro no Brasil, o Movimento Negro equivoca-se ao colaborar com conspiração do silencio sobre o 13 de maio e deveria desdobrar-se na sua celebração e na discussão do seu significado histórico, destruindo as visões apologéticas sobre ele.

Conforme Maestri, não há sentido em antepor Palmares a 1888. Por mais heroica que tenha sido, a epopeia palmarina jamais propôs, e historicamente não poderia ter proposto, a destruição da instituição servil como um todo. Palmares resistiu por quase um século, determinou a história do Brasil, mas foi derrotado. A revolução abolicionista foi vitoriosa e pôs fim ao escravismo, ainda que tardiamente. Desconhecer o sentido revolucionário da Abolição é olvidar a essência escravista de dois terços de passado brasileiro e o caráter singular da gênese do Brasil contemporâneo, através da destruição do escravismo. Tal desconhecimento ignora a contradição essencial que regeu por mais de trezentos anos o passado brasileiro - escravizadores contra escravizados... Com o 13 de Maio, superava-se a distinção entre trabalhadores livres e escravizados, iniciando-se a história da classe operária brasileira como a compreendemos hoje.

A revolução abolicionista foi o primeiro grande movimento de massas moderno, promovido, sobretudo pelos trabalhadores escravizados, em aliança com libertos, trabalhadores livres, segmentos médios e alguns poucos proprietários. Até agora, constituiu a única revolução social vitoriosa do Brasil, diz Mário Maestri.

Em Jaguarão houve expressivo movimento abolicionista em jornais e clubes que pregavam a libertação dos escravos. Inclusive, a nossa Praça Central, antes de ter seu nome infelizmente alterado para o atual, denominava-se Praça 13 de Maio, em homenagem a esta data que não deve ser esquecida.

Jorge Passos


Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 15/05/2013


Um comentário:

JASouza. disse...

Inexplicavelmente, uma postagem que "bombou" no Poeta das Águas Doces", com mais de 2000 acessos, foi Música de Afrodescendentes em Evidência, na qual anunciava o espetáculo da cantora Calé produzido pelo meu amigo, o tecladista Marco Farias.
Antes ele me havia solicitado alguns livros sobre a escravidão no Brasil que eu lhe passei prontamente às mãos.
Inclusive cheguei a sugerir a inclusão no repertório desse show da música de Caco Velho e Piratini "Mãe Preta" que a fadista Amália Rodrigues gravou com o título de Barco Negro.
Porém, a intérprete Calé vetou essa música por se tratar de um tema que não condizia com a afirmação do movimento negro ("mãe preta embala o sinhozinho, enquanto seu filho apanha no tronco...").
Há tempos, Mário Maestri vem tentando resgatar a importância de 13 de maio face seu escamoteamento pela história de Zumbi dos Palmares.

Clandestino - Gilberto Isquierdo e Said Baja

  Assim como o Said, milhares de palestinos tiveram de deixar seu país buscando refúgio em outros lugares do mundo. Radicado nesta fronteir...