Do Sul21
Montevideo
quince de noviembre
de mil novecientos cincuenta y cinco
Montevideo era verde en mi infancia
absolutamente verde y con tranvias
de mil novecientos cincuenta y cinco
Montevideo era verde en mi infancia
absolutamente verde y con tranvias
Dactilógrafo,
Mario Benedetti
Entre
as capitais do continente, Montevidéu pode parecer distinta, em um
primeiro olhar, por certos fatores: é a capital mais ao sul da
América, já que se localiza um pouco abaixo de Santiago do Chile e
Buenos Aires; é banhada, em sua costa, por duas águas que se
encontram e se misturam, a do Atlântico e a do Rio da Prata. Para o
turista que por ali permanece poucos dias, Montevidéu é a cidade
dos prédios antigos, do vento frio que sopra do Rio e, às vezes, a
que se confunde com o próprio país. Aos olhos do morador, que
cresceu enquanto crescia Montevideo, talvez seja uma cidade que
destoe do que se pensa de uma capital latino-americana. Mas, como
disse um dia o poeta e escritor argentino Jorge Luis Borges, a cor de
uma cidade é mais uma invenção estrangeira, uma impressão dos que
não vivem ali, do que algo pensado por seus habitantes.
Em
um continente em que as capitais se diferem explicitamente, algo deve
ter Montevidéu para ser vista como ainda menos semelhante às
demais. Além da sua organização urbana – uma cidade iniciando
pelo porto, voltada ao mar – a afirmação se refere também ao
estilo de vida da sua população. Seus habitantes (hoje quase um
milhão e quatrocentos mil) reconhecidamente vivem sem pressa –
mesmo que nas últimas décadas os montevideanos tenham corrido mais,
como aconteceu na maior parte do mundo. As avenidas antigas do Centro
e as largas ramblas que contornam o litoral
dificilmente enfrentam congestionamentos – problema comum das
demais metrópoles latino-americanas. Nas ruas centrais, o pedestre
ainda encontra a tentação de diminuir o passo e entrar em um dos
tantos cafés ou pequenos restaurantes da área, ainda que parte dos
famosos bolichos da capital, autênticos símbolos da cidade nas
primeiras décadas do século passado, tenham perdido espaço na
modernidade. Nos calçadões das ramblas, no
entanto, são muitos os que escolhem o caminho para correr, andar de
bicicleta ou sentir a brisa do Rio da Prata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário