A
Gratificação natalina, ou décimo terceiro salário, que os
trabalhadores devem receber neste mês de dezembro, para quem não
sabe, foi instituída no governo do Presidente João Goulart por
meio da Lei 4.090,
de 13/07/1962. O Globo estampava em sua matéria de capa em 26 de
abril de 1962: Considerado desastroso para o País um 13º
Salário. “ Mal recebido por meios econômicos e
financeiros a aprovação pela Câmara do Projeto que seria uma
medida de cunho meramente eleitoreiro”.
O conglomerado midiático
da “famiglia” (máfia) Marinho sempre defendeu os interesses das
oligarquias contra a população. O benefício para a classe
trabalhadora foi conquistado e sancionado pelo Presidente, mesmo
contra toda a pressão contrária por parte do empresariado, mercado
financeiro e mídia conservadora que depois apoiaria o Golpe militar
contra Jango para impedir a implementação das reformas de base. Não
é por acaso que vemos repetida a mesma história tanto tempo depois.
Hoje, a Organização Marinho é uma das maiores opositoras ao Bolsa
Família só para dar um exemplo, além de exercer um terrorismo
informativo diariamente. As pessoas que assistem ao Telejornal “Mau
dia Brasil” são atingidas por um pessimismo em relação ao País
que não está de acordo com o que vemos na vida real. Dizem que o
pior cego é quem acredita na Globo.
A
exumação dos restos mortais do Presidente João Goulart,
acontecida há poucos dias em São Borja, para tentar elucidar as
causas de sua morte representou muito mais que uma mera investigação
policial. Representou um verdadeiro desagravo a esse político que
teve sua memória aviltada pela mídia antes e depois de 1964.
Conta-nos o Saul Leblon na Carta Maior : “ A ditadura só
autorizou o sepultamento do ex-presidente, em São Borja, em túmulo
a 40 metros do de Getúlio Vargas, com féretro blindado. Mesmo
assim, na última hora, o então ministro do Exército, Sylvio Frota,
da extrema direita militar, tentou anular a autorização expedida
pela cúpula do governo Geisel. Era tarde. Morto, Jango retornava ao
Brasil 13 anos depois de expulso pelas baionetas e pelas manchetes do
jornalismo conservador. O caixão lacrado, conduzido em carro a alta
velocidade, cruzaria a fronteira de Uruguaiana a 120 km por hora,
vindo de Mercedes, na Argentina, onde ficava a estância dos Goulart.
Ladeava-o um aparato militar com ordens expressas de não permitir
manifestações populares no trajeto. Inútil. Quando chegou a São
Borja, a população em peso nas ruas cercou o cortejo; o caixão foi
conduzido à catedral, de onde cruzaria a cidade em marcha solene até
o cemitério. “Jango, Jango, Jango!” Gritos guardados no fundo do
peito desafiaram a presença das tropas”.
Leio que
a exumação de Jango não mereceu mais que alguns segundos no
Fantástico da Globo que no mesmo programa dedicou intensa cobertura
aos cinquenta anos do assassinato do Presidente estado-unidense J.
F. Kennedy. Isso já era de se esperar, para quem sempre apoiou o
Brasil subjugado aos interesses do império norte americano. Por
falar em Kennedy, recebi questionamento de um aluno da Unipampa sobre
o porquê do bairro onde está instalada a Universidade levar o nome
do Presidente ianque. Confessei que não sabia. Teria sido gratidão
do governo militar pelo apoio dos EUA ao Golpe de 1964? Uma boa
questão para o Curso de História. Quem sabe , consultados os
moradores , não seria interessante apresentar um Projeto de
Iniciativa Popular trocando o nome do Bairro para Presidente João
Goulart?
Jorge
Passos
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do jornal Fronteira Meridional em 04\12\13
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