O "cachorro da Copa" é uruguaio. Chegou ao Brasil faz poucos dias e a historia de sua travessia é incrível. No balneário Solís, Uruguai, juntou-se a um grupo de torcedores ingleses e os acompanhou no trajeto de 600 quilômetros a pé até Porto Alegre.
Os ingleses com carrinhos de golfe e "Jefferson" ao lado, pelas estradas do Uruguai e Brasil |
Quatro
"mochileiros" ingleses que viajaram para Mendoza,
Argentina, em março, com o propósito de continuar a pé a travessia
para assistir ao Mundial de futebol no Brasil, percorreram o
território uruguaio caminhando, e na sua passagem pelo balneário
Solís lhes saiu ao encontro um cachorro.
Os
ingleses, ao notar que o cão não lhes perdia a pisada, deixaram de
dar-lhe comida. Porém, o "Negro", que talvez somente
buscasse um pouco de carinho, os seguiu até o Chuy e atravessou com
eles a fronteira para o Rio Grande do Sul, até chegar a Porto
Alegre.
No
caminho, os torcedores se afeiçoaram ao animal, incorporaram-no à
viajem, batizaram-no com o nome de "Jefferson" e o vestiram
com uma camiseta da seleção inglesa.
Enquanto
isso acontecia, Ignacio Etchetchury, proprietário do cão, começou
a preocupar-se ao ver que o "Negro" havia desaparecido. O
jovem, que estuda agronomia em Montevidéu e que estava acostumado
aos desaparecimentos esporádicos de seu cão (seguindo às fêmeas
no cio), estranhou que passassem os dias sem que o " Negro"
voltasse. O havia criado desde filhote, desde que o ganhou de
presente na Escola Agrária de Rocha onde estudou por um tempo.
Alguns
dias depois, um amigo avisou-o que lhe parecia "ter visto o
cachorro" numa matéria que um canal de TV de Maldonado fez com
os ingleses em sua passagem pelo departamento. O "Negro" é
muito chamativo já que, por seu cruzamento, nasceu e conserva o pelo
meio grisalho.Etchetchury viu logo depois uma foto num jornal de
Piriápolis, na qual identificou o "Negro" junto com os
ingleses.
Assim,
soube
onde e com quem estava seu cachorro de estimação. contactou-os pelo
Facebook -onde os ingleses criaram a página Walk to the World Cup- (
Caminhando para a Copa) e a meia noite de ontem (04 de junho) partiu
com destino a Porto Alegre para reencontrar-se com o animal e
trazê-lo de volta à casa. O jovem tomou um ônibus no Terminal das
Tres Cruces para chegar a Jaguarão, na fronteira, e dali seguir
caminho até Porto Alegre, onde deverá chegar antes da segunda
-feira. Até esse dia estarão na capital gaúcha os quatro
torcedores ingleses: Adam Burns (27), David Bewick, (32), Pete
Johnston (30) e o jornalista Ben Olsen (31), o qual, em Buenos Aires
se somou a essa travessia a pé.
Em
Porto
Alegre,os ingleses procuravam uma família para alojar o cão, quando
o dono legítimo os contactou pelo Facebook, intercambiando
mensagens. Agradeceu-lhes que tivessem cuidado do animal e combinou
que iria buscá-lo. A historia do cão e sua incrível travessia
foram recolhidas nos últimos dias pela imprensa de fala inglesa.
Os quatro
ingleses levam suas bagagens em carrinhos de golfe, para evitar o
peso demasiado nas mochilas, e em sua jornada procuram arrecadar
20.000 libras para a Fundação J de V Arts Care Trust (que segue os
ideais da escultora Josefina de Vasconcellos), indica a página desta
organização beneficente e a dos próprios viajantes. Pretendem que
esse dinheiro seja destinado a construir um poço d'água numa zona
da Bahia " que está sofrendo a pior seca em 50 anos",
dizem eles.
"Somos
fanáticos torcedores ingleses, desesperados por ver a Inglaterra na
Copa do Mundo do Brasil , mas também ver o Mundial 2014 como uma
oportunidade para ajudar uma mui digna causa, como a de J de V Arte
Care Trust, uma organização beneficente que está muito perto de
nossos corações", disse David Bewick à página da FA
(Associação Inglesa de Futebol).
"A
seca no nordeste do Brasil já afetou 10 milhões de pessoas e na
Bahia, um milhão de cabeças de gado vacum, o equivalente à metade
do rebanho do norte, morreu", acrescentou Adam Burns.
Os
ingleses, na sua longa travessia para o Brasil, pela Argentina e pelo
Uruguai, caminharam três dias pelo deserto de San Juan, dormiram em
duas estacões de trem abandonadas, foram detidos pela policia em
três ocasiões e jogaram cinco partidas de futebol em diferentes
lugares (perderam duas e ganharam três).
"Os
dias no deserto (de San Luis, Argentina) foram os mais difíceis até
agora. Não havia sombra, tivemos que lidar com serpentes,
tarântulas, mosquitos gigantes e dormir em estações de trem
abandonadas ", escreveu Adam Burns no seu diário de viajem no
FaceBook. A travessia dos ingleses se fez mais amena quando chegaram
ao território uruguaio, onde recorreram a costa a pé, de Colonia a
Rocha, e terminaram encontrando no caminho o seu mascote que os
acompanha fielmente.
Chamaram-no
de "Jefferson", depois de ter discutido outros nomes
possíveis para o cão, como "Bobby Charlton" e "Wayne
Rooney".
Mas o cachorro celeste,
na realidade, chama-se "Negro", como Andrade, como Obdulio
Varela, o "Negro Jefe", capitão da esquadra que calou o
Maracanã em 1950.
Fonte: http://www.elpais.com.uy
Fonte: http://www.elpais.com.uy
Tradução: Confraria dos Poetas de Jaguarão
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