sexta-feira, 27 de junho de 2014

Lá vai um homem contrariado


A ala esquerda da esquina democrática está desfalcada. O espaço cêntrico formado entre os pontos Panvel,  Caixa Econômica, Banrisul e Por Menos, apoiado pela logística e infraestrutura do Bar do Bolha e Pane Mio,  perdeu um de seus mais assíduos frequentadores. Faleceu na semana passada Victor Hugo Cassuriaga, o popular Calunga, considerado um “Jornal Vivo” por estar sempre a par dos últimos acontecimentos e atualidades da cidade.

Eu o via sempre por ali ao passar no meu itinerário ao trabalho. Numa das vezes que conversamos, disse-me que havia lido o artigo que escrevi sobre a implementação do 13º salário pelo Presidente João Goulart e a resistência da Globo àquela medida na época, proclamando que aquilo seria um desastre para o País. Essa Globo sempre foi golpista, disse-me ele. Trabalhista convicto, o Victor Hugo veementemente apoiava minha sugestão de trocar o nome do Bairro Kennedy para Presidente Jango. E ainda comentou bem humorado, sobre um jovem atleta do Fluminense, o Robert Kennedy. - “ Como é que um jogador de futebol pode ter sucesso na carreira com um nome desses? Tem que fazer que nem a Vila, trocar de nome!”

O Calunga, de muitas histórias folclóricas e que não era nenhum santo, também teve participação ativa na última Campanha eleitoral num exemplo de cidadão preocupado e atuante com a política. Foi candidato a vereador pelo PDT e em sua fala num dos comícios disse que estava ali para ajudar na reeleição do Prefeito Cláudio. Havia tempos que eu pretendia editar o arquivo com essa fala do Victor Hugo para presenteá-lo, no entanto a vida nos pregou essa peça. Mas o fiz postumamente e dedico esse registro à sua família e amigos. O vídeo está publicado no You Tube e pode ser acessado sob o nome Victor Hugo noComício da Kennedy.

Como me disse certa vez o Seu Jorge Pagliani, “quando virem passar meu féretro , saibam que ali vai um homem contrariado”. Decerto que também muito contrariado partiu o Victor Hugo. Mas no seu caminho rumo à última morada, creio que ficaria feliz ao ver o andamento das obras da Santos Dumont , pois conforme seu desejo, lutou pela reeleição para continuar a ser realizado o que nunca antes fora feito na história de Jaguarão.

Jorge Passos

Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 25/06/2014 

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