Estava eu
a pesquisar nos arquivos da Biblioteca Nacional algo sobre os
acontecimentos de 27 de janeiro de 1865 em jornais da época quando
me deparei com uma joia no Jornal A Constituição no mesmo ano de
1865 . O anúncio do famoso Xarope Vegetal de Penedo, de cura
infalível para as moléstias do peito. O Dr João Augusto Penedo
apresenta os títulos de professor de Chymica e Pharmacia pela
Faculdade de Montevideo e aprovado pela imperial academia do Rio de
Janeiro e cavaleiro da imperial ordem da Rosa. Alerta o doutor Penedo
que cada vidro do xarope é acompanhado de um folheto assinado pelo
punho do autor, e bem assim na advertência que se acha em uma das
faces do vidro se encontra a sua rubrica; além disso cada caixa de
12 vidros conterá um atestado por ele assinado, selado e reconhecido
por tabelião. Os vidros que não forem acompanhados destes
requisitos são falsos.
Esclarece
o João Penedo, que estando uma pessoa de sua família muito enferma
de afecção pulmonar e tendo já, perdidas as esperanças, seguiu
conselho de um amigo que lhe indicou algumas plantas utilizadas pelos
jesuítas que fariam bem aos pulmões. Delas fez um xarope que teve
um resultado assombroso. “ Basta dizer-lhes que a doente, que
fora reputada perdida e no período mais longo da enfermidade, meses
depois se achava nutrida, com boa cor e robusta, deduzindo desta cura
que o medicamento tinha feito cicatrizar os tubérculos que já
dilaceravam os pulmões”. Resolveu então o Sr Penedo
comercializar o produto.
E onde
entra Jaguarão nesta história? Ora, no reclame, Penedo publica
depoimentos de médicos e de várias pessoas que utilizaram com
exito seu Xarope e aqui reproduzo o atestado de dois jaguarenses.
Atesto
que padecendo minha mulher de uma afecção pulmonar bastante antiga
acompanhada de impertinente tosse e dor no peito, sem que se colhesse
resultado algum dos mais judiciosos medicamentos a que foi submetida,
me deliberei aplicar-lhe o medicamento que se denomina XAROPE VEGETAL
DE PENEDO, com o qual obteve uma cura radical, visto que tendo
decorrido bastante tempo desde que isso sucedeu, jamais lhe repetiu
tal incomodo: o que atesto é verdade – cidade de Jaguarão , 20 de
julho de 1860 – Querubim Furtado
Agora
quem depõe sobre as maravilhas da infusão é Manoel Furtado
Pacheco, em Jaguarão, na data de 01 de agosto de 1960: atesto que
minha mulher foi atacada de uma perigosa enfermidade do peito
acompanhada de insuportável tosse: e conquanto sua idade poucas
esperanças desse, por ser uma senhora de 78 anos, tive contudo o
prazer de a ver completamente restabelecida com o uso do Xarope
vegetal de Penedo. Todo referido é verdade, por isso de bom grado
passo o presente.
Jornal ligado ao Partido Conservador apoiando a autoridade do Imperador
Pedro II, A Constituição foi fundado num momento de prosperidade
e efervescência política e intelectual em Fortaleza, decorrente,
sobretudo, da riqueza gerada pela alta das exportações nacionais de
algodão, o mais importante produto da economia do Ceará.
Sobre os
acontecimentos das guerrilhas entre blancos e colorados que deram
origem à escaramuça dos blancos em Jaguarão há interessantes
aportes em A Constituição. De toda forma, vê-se que região estava
muito conturbada e a Guerra do Paraguai viria logo a seguir como
consequência dos conflitos no Rio da Prata.
Jorge
Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 21/01/2014
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