Foto Prefeitura de Jaguarão Digital |
Que
noite a de domingo! Depois de um dia nublado e ventoso prenunciando
temporal, o entardecer trouxe a calmaria. A chuvarada passou por
cima, como faz tantas vezes por aqui. Dizem que a topografia da nossa
cidade a protege. Fazia muito calor. Da janela entreaberta olhei para
as árvores do canteiro central e nenhuma folha se movia. Também não
se movia o ataque do Imortal Tricolor na Fonte Nova. O zagueiro do
Grêmio havia sido expulso e logo em seguida o Bahia marcou um gol de
falta. Melancólico final de campeonato, só amenizado pela goleada
no grenal. Desliguei a TV. Chega de sofrimento. Convidei minha
esposa para darmos uma caminhada pelo centro. A cidade fervilhava.
O
clima apetecia o saboreio de um sorvete, foi o que fizemos. Enquanto
nos deliciávamos com o gelado, olhei para a porta envidraçada da
confeitaria e comentei que a 27 de Janeiro estava com cara de “18
de Julio”, a avenida central de Montevideo. Com as devidas
proporções, parece mesmo, concordou ela. -Olha, o que mudou esta
cidade de uns dez anos pra cá é incrível. Recordo quando vinha dar
aula por aqui, era um marasmo total, completou.
No
Largo das Bandeiras, que eu gostaria de chamar de Largo Mestre Vado,
pois ali é o espaço dedicado às manifestações populares e à
arte, estava acontecendo a terceira noite da IV Feira Binacional do
Livro. Sucesso total. O povo tomou conta de todos os lugares. Aqui
uma nota. Merecida homenagem ao escritor jaguarense Eduardo Alvares
de Souza Soares agraciado com o patronato da Feira. Seus livros sobre
a Igreja Matriz, Ponte Internacional Mauá, Olhares sobre Jaguarão,
Coletânea de crônicas na antiga Folha, sobre o Poeta Lobo da Costa,
além de vários artigos nos Cadernos Jaguarenses, são de valor
inestimável para a história de nossa cidade e o resgate de seu
patrimônio cultural.
A
nossa Feira voltou para alegria de todos. Ela tem características
peculiares. Engloba no mesmo espaço, o livro, a música e a
gastronomia. Elementos inseparáveis. Une o popular e o erudito.
Quase
meia noite e a festa continuava. Resolvemos voltar para casa.
Observamos que o movimento não era concentrado somente na praça
central. Em toda a avenida principal o trânsito de automóveis e
pessoas caminhando, continuava. Na Comendador Azevedo, os trailers
estavam repletos. Gente que “gosta mais de ouvir o silêncio e
prefere mais o sossego do que o juntamento”, como diria minha avó,
pensei. Não importa. Estavam fazendo parte da paisagem dessa noite
de domingo numa Jaguarão que vibra. E que noite de domingo!
Jorge Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 03/12/2014
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