Sábado, ante que a chuva me pegasse , passei de
bike pela nova Santos Dumont. Avança o asfaltamento. Deve estar
concluído ainda nesta semana. Certamente a Comunidade do Bairro
Germano está contente com este verdadeiro presente de natal. Também
os moradores da Gustavo Guimarães e da XV de Novembro pós BR 116. É
uma das maiores obras de pavimentação que já vi realizadas em
nossa cidade. Pois não envolveu apenas a colocação do asfalto, mas
também a drenagem total das ruas e a confecção de calçadas em
todo o trajeto. Como diz o gaúcho, de luxo!
Falando em gaúcho, esta história me foi contada
pelo meu barbeiro, o Formiga. De vez enquanto faz algum bico de
segurança em baile, festa, trio elétrico. Mas já está um pouco
afastado dessa nobre ocupação. A idade vai chegando, a gente cansa
de se incomodar diz ele. Mas, dia desses, mais precisamente durante a
Semana Farroupilha, foi convidado para trabalhar num fandango da
Chama Crioula . Vai ser barbada disseram. Ganhas uns bons trocos sem
te incomodar. Olha, mas que barbada que nada. Chegando lá, foi meia
hora e a lambança já tava comendo sem parar. Entre um entrevero e
outro, me sai o chefe com um índio que media uns dois metros
agarrado pelo pescoço e me grita, pega ele pelos pés porque não
para de espernear! Fui agarrar o gauchão pelas patas e só senti a
espora me rasgando o blusão novo de ponta a ponta. Prejuízo total,
lamenta o Formiga.
E no Salão dele, além do bom e barato corte,
sempre tem desses causos divertidos. Quando eu morava em Brasília,
volta e meia pegava um avião pra cortar o cabelo aqui. E as amizades
do meu barbeiro? Gosto dos apelidos: O Cabeça de Louça, o Rudi
Camotim, que é o mesmo “Mulher de Quarenta” e outros tantos
parceiros pitorescos. O Rudi Camotim ganhou o apelido de Mulher de
Quarenta porque foi tricampeão do show de calouros num bar ali na
Rua do Cordão cantando esse sucesso do Rei Roberto. Depois, foi
proibido de competir com essa música. Não tinha graça. Até agora,
ainda não conseguiu se achar com o violeiro que o acompanha numa tão
boa pra repetir o feito. Não sabe bem se a questão é de tema ou de
afinação.
Do Cabeça de Louça, tem a história de um baile
lá pela Pindorama. Convidou o Formiga. Chegaram lá, e o nosso amigo
reconheceu o lugar. De dia, borracharia, de noite, inferninho. Mas o
local era de classe. Só gente boa, cerveja gelada. Só não achava o
banheiro. Onde é que fica, perguntou o Formiga. Tás vendo aquela
porta de geladeira Frigider? Entra por ali. Lugar de classe esse que
o Cabeça de Louça leva a gente.
E a do amigo pedreiro, que chegou mostrando a
jaqueta nova comprada na Joínha, vermelha com cavalo amarelinho nas
costas? Vou estrear ela no baile do Instrução hoje. Vamos Formiga?
Chegando lá, já na entrada, me conta o Formiga , olhei no corredor
e vi um cara de jaqueta verde e um cavalo amarelinho nas costas.
Fomos tomar uma ceva no balcão e vi mais uma. Essa era marron, mas o
cavalo era amarelinho e também tava nas costas. No salão, de longe,
de reolho, num relance, me pareceu ver mais uma meia dúzia de
cavalos amarelos troteando ao som da música. Olhei pro meu amigo e
disse, pô, ta fazendo sucesso essa tua jaqueta da Joínha! Rapaz, o
loco ficou tão brabo que foi no banheiro e voltou com a jaqueta
amarrada na cintura. Amanhã ela vai pro cimento!
Jorge Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 23/12/2014
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