Batias bem o componedor na caixa dos tipos ao compasso
duma melodia surgindo em tua cabeça, enquanto apareciam caracteres de todos os
lados.
Mal sabias que, naquela dança animada, a cultura vinha
aos borbotões, as palavras e linhas do texto se transformando em nascente
pensamento.
Mesmo assim não te descuravas daqueles difíceis
significados e interagias pelo ritmo de tua inspiração, em contraponto às
rebuscadas frases.
Tuas mãos esculpiam uma harmonia perfeita da forma com
o conteúdo, os dedos encardidos de artífice compondo a mais limpa das obras
gráficas.
Eras Mestre em corrigir a ortografia nos descuidados
originais e eu aquele Aprendiz a quem fazias sem querer pegar gosto pelo idioma
pátrio.
Quando cochilavas à beira da bancada, oxalá teus
sonhos pudessem alcançar a evolução da prensa de Gutenberg até a atual Era da
Informática.
E assim me tornaste um escriba sem maiores pretensões
do que jogar com as letrinhas como costumava fazer antigamente nos tipos de
antimônio.
Depois de publicada esta “Ode à Tipografia” no blogue
do Poeta das Águas Doces, de São Paulo, Luiz Augusto Dutra Resem me chama
atenção pela coincidência do dia da postagem, 04 de dezembro, e aponta que,
nessa data, em 1937, exatamente há 77 anos, seu avô Cantalício Resem fundava o
jornal “A Folha”. Então, o tipógrafo Rafael Pinto já exercia suas atividades em
“A Miscelânea” e praticamente me viu nascer, já que sua esposa Dª. Ismaela
chegou a ser minha babá, quando passei a ser integrante da família Resem. Um
anônimo colaborador da nossa imprensa, de inestimáveis serviços prestados à
coletividade, cujo reconhecimento merece ser estendido a todos seus
descendentes.
José Alberto de Souza
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 10/12/2014
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