terça-feira, 30 de abril de 2013

A Praça...É nossa?

bancos da Praça Alcides Marques tem sido alvo de vandalismo

Há pelo menos três anos, a Praça Alcides Marques de Jaguarão, em pleno centro da cidade, defronte à Rodoviária, a poucos metros da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo e do emblemático Hotel Sinuelo, está na UTI.

Nesses nefastos três anos, grande parte de seus bancos foram e continuam sendo demolidos pelo vandalismo, o seu calçamento está virando entulho, as lixeiras sendo roubadas, os focos de luz e os bojos destruídos (ainda que repostos pouco antes do Natal 2012), a tela metálica onde estão os jogos infantis foi rasgada (e depois de meses, recuperada), e o banheiro masculino igualmente sofreu diversas incursões predatórias, que obrigaram a, no mínimo, quatro ou cinco reparações desde 2010.

A lei que rege para todos os cidadãos, é letra morta para os fora da lei, e a negligência e inoperância da Prefeitura, da Secretaria de Obras, ou de quem for responsável por esse serviço, vem a somar-se, por omissão, a tal deboche e esculacho públicos. Assim, o patrimônio municipal, que pertence a toda a sociedade jaguarense, fica ao léu, livre para ser demolido em nossas fuças, pois ninguém atua, ninguém vê, ninguém ouve, ninguém denuncia...

Os turistas que nos visitam e se dispõem a caminhar por essa praça histórica —a principal da cidade— onde muitos deles tiram fotos para o álbum de família ou para o Facebook, deverão ficar em pé ou, quem sabe, trazer na bagagem uma cadeira de praia para se sentar (como já são obrigados a fazer muitos jaguarenses) porque a Praça Alcides Marques é um retângulo arborizado quase sem bancos e com duas lixeiras apócrifas. Que imagem de Jaguarão essas pessoas levarão de volta com eles ao retornarem às suas cidades?

Defendo que os bens públicos devem ser para o usufruto de todos, mas isso está longe de significar que cada um possa fazer, na calada da noite, o que bem entender com o que é patrimônio de toda a comunidade. O descaso e a impunidade servem de estímulo aos energúmenos, aos vazios de caráter e carentes da mais mínima responsabilidade e compromisso sociais, pois quem depreda e destrói alguma coisa é porque não a ama, e gente assim não ama esta cidade e, portanto, com seus atos destrutivos também nos desrespeita e agride a cada um de nós, cidadãos e cidadãs de Jaguarão.

Sente-se a falta de uma profunda e permanente cruzada pela cidadania, que nos dê plena  consciência, a eleitos e eleitores, dos direitos e deveres que, como pessoas civilizadas e cidadãos à altura de tal adjetivo, merecemos. Mas, enquanto não houver uma reação em cadeia engajada pelo bem comum, pelo que é construído e mantido com o esforço e o dinheiro de todos nós, nada mudará!

Talvez a Praça Alcides Marques ainda viva suas noites de folia, e continue disfarçada de ruína pública em abandono... fato esse que seria coerente com o “melhor carnaval da zona sul do estado”. Só que estamos na última dezena de abril, ou, em outras palavras, vivendo quase cem dias depois da tão festejada data.

Contratar um ronda noturno possivelmente seja o mais sensato a fazer, porque o pior seria ficarmos sem praça e sem graça, planejando a cidade dos sonhos plausíveis enquanto vivemos os pesadelos tangíveis.

Darío Garcia
Acadêmico do Bacharelado em Produção e Política Cultural;
Unipampa / Jaguarão.

Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 24/04/2013 

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