bancos da Praça Alcides Marques tem sido alvo de vandalismo |
Há pelo menos
três anos, a Praça Alcides Marques de Jaguarão, em pleno centro da cidade,
defronte à Rodoviária, a poucos metros da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo
e do emblemático Hotel Sinuelo, está na UTI.
Nesses nefastos
três anos, grande parte de seus bancos foram e continuam sendo demolidos pelo
vandalismo, o seu calçamento está virando entulho, as lixeiras sendo roubadas,
os focos de luz e os bojos destruídos (ainda que repostos pouco antes do Natal
2012), a tela metálica onde estão os jogos infantis foi rasgada (e depois de
meses, recuperada), e o banheiro masculino igualmente sofreu diversas incursões
predatórias, que obrigaram a, no mínimo, quatro ou cinco reparações desde 2010.
A lei que rege
para todos os cidadãos, é letra morta para os fora da lei, e a negligência e
inoperância da Prefeitura, da Secretaria de Obras, ou de quem for responsável
por esse serviço, vem a somar-se, por omissão, a tal deboche e esculacho
públicos. Assim, o patrimônio municipal, que pertence a toda a sociedade
jaguarense, fica ao léu, livre para ser demolido em nossas fuças, pois ninguém
atua, ninguém vê, ninguém ouve, ninguém denuncia...
Os turistas que
nos visitam e se dispõem a caminhar por essa praça histórica —a principal da
cidade— onde muitos deles tiram fotos para o álbum de família ou para o
Facebook, deverão ficar em pé ou, quem sabe, trazer na bagagem uma cadeira de
praia para se sentar (como já são obrigados a fazer muitos jaguarenses) porque
a Praça Alcides Marques é um retângulo arborizado quase sem bancos e com duas
lixeiras apócrifas. Que imagem de Jaguarão essas pessoas levarão de volta com
eles ao retornarem às suas cidades?
Defendo que os
bens públicos devem ser para o usufruto de todos, mas isso está longe de
significar que cada um possa fazer, na calada da noite, o que bem entender com
o que é patrimônio de toda a comunidade. O descaso e a impunidade servem de
estímulo aos energúmenos, aos vazios de caráter e
carentes da mais mínima responsabilidade e compromisso sociais, pois quem
depreda e destrói alguma coisa é porque não a ama, e gente assim não ama esta
cidade e, portanto, com seus atos destrutivos também nos desrespeita e agride a
cada um de nós, cidadãos e cidadãs de Jaguarão.
Sente-se a falta
de uma profunda e permanente cruzada pela cidadania, que nos dê plena consciência, a eleitos e eleitores, dos
direitos e deveres que, como pessoas civilizadas e cidadãos à altura de tal
adjetivo, merecemos. Mas, enquanto não houver uma reação em cadeia engajada
pelo bem comum, pelo que é construído e mantido com o esforço e o dinheiro de
todos nós, nada mudará!
Talvez a Praça
Alcides Marques ainda viva suas noites de folia, e continue disfarçada de ruína
pública em abandono... fato esse que seria coerente com o “melhor carnaval da
zona sul do estado”. Só que estamos na última dezena de abril, ou, em outras
palavras, vivendo quase cem dias depois da tão festejada data.
Contratar um
ronda noturno possivelmente seja o mais sensato a fazer, porque o pior seria
ficarmos sem praça e sem graça, planejando a cidade dos sonhos plausíveis
enquanto vivemos os pesadelos tangíveis.
Darío
Garcia
Acadêmico do Bacharelado em Produção e Política
Cultural;
Unipampa / Jaguarão.
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 24/04/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário