Praça Central de Jaguarão já teve o nome de 13 de Maio |
Mais um 13 de maio, data
marcante da superação do escravismo que vigorou por mais de 350 anos na
história do Brasil, passou relegada ao esquecimento. Segundo o Professor e
historiador Mário Maestri, dedicado à pesquisa da história do negro no Brasil,
o Movimento Negro equivoca-se ao colaborar com conspiração do silencio sobre o
13 de maio e deveria desdobrar-se na sua celebração e na discussão do seu
significado histórico, destruindo as visões apologéticas sobre ele.
Conforme Maestri, não há
sentido em antepor Palmares a 1888. Por mais heroica que tenha sido, a epopeia
palmarina jamais propôs, e historicamente não poderia ter proposto, a
destruição da instituição servil como um todo. Palmares resistiu por quase um
século, determinou a história do Brasil, mas foi derrotado. A revolução
abolicionista foi vitoriosa e pôs fim ao escravismo, ainda que tardiamente. Desconhecer
o sentido revolucionário da Abolição é olvidar a essência escravista de dois
terços de passado brasileiro e o caráter singular da gênese do Brasil
contemporâneo, através da destruição do escravismo. Tal desconhecimento ignora
a contradição essencial que regeu por mais de trezentos anos o passado
brasileiro - escravizadores contra escravizados... Com
o 13 de Maio, superava-se a distinção entre trabalhadores livres e
escravizados, iniciando-se a história da classe operária brasileira como a
compreendemos hoje.
A revolução abolicionista foi o primeiro grande
movimento de massas moderno, promovido, sobretudo pelos trabalhadores
escravizados, em aliança com libertos, trabalhadores livres, segmentos médios e
alguns poucos proprietários. Até agora, constituiu a única revolução social
vitoriosa do Brasil, diz Mário Maestri.
Em Jaguarão houve expressivo movimento
abolicionista em jornais e clubes que pregavam a libertação dos escravos.
Inclusive, a nossa Praça Central, antes de ter seu nome infelizmente alterado
para o atual, denominava-se Praça 13 de Maio, em homenagem a esta data que não
deve ser esquecida.
Jorge Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 15/05/2013
Um comentário:
Inexplicavelmente, uma postagem que "bombou" no Poeta das Águas Doces", com mais de 2000 acessos, foi Música de Afrodescendentes em Evidência, na qual anunciava o espetáculo da cantora Calé produzido pelo meu amigo, o tecladista Marco Farias.
Antes ele me havia solicitado alguns livros sobre a escravidão no Brasil que eu lhe passei prontamente às mãos.
Inclusive cheguei a sugerir a inclusão no repertório desse show da música de Caco Velho e Piratini "Mãe Preta" que a fadista Amália Rodrigues gravou com o título de Barco Negro.
Porém, a intérprete Calé vetou essa música por se tratar de um tema que não condizia com a afirmação do movimento negro ("mãe preta embala o sinhozinho, enquanto seu filho apanha no tronco...").
Há tempos, Mário Maestri vem tentando resgatar a importância de 13 de maio face seu escamoteamento pela história de Zumbi dos Palmares.
Postar um comentário