Aldyr Schlee no lançamento de seu novo livro em Porto Alegre |
O
escritor jaguarense, Aldyr Garcia Schlee, realizou lançamento de
mais um livro. O evento ocorreu na Livraria Palavraria, em Porto
Alegre, no dia 7 de agosto, com a presença de inúmeros leitores
entre os quais o cronista Luís Fernando Veríssimo e o escritor Luiz
Antônio de Assis Brasil, Secretário da Cultura do Estado.
A obra,
editada pela Editora Ardotempo, intitulada "Memórias de o que
já não será" constitui-se de 16 contos tratando, com a
maestria peculiar do autor, da temática que poderia ser resumida
como "cultura-uruguaio-brasileira-fronteiriça".
Essa
característica marcante de suas obras tem a poder de desenvolver uma
atenção para as coisas que fazem a cultura de um grupo específico
locado em uma determinada região. Neste caso, de forma especial os
habitantes da fronteira Brasil/Uruguay (Jaguarão/Rio Branco),
incluindo pessoas com seus relacionamentos político-sociológicos
com os fronteiriços. As histórias ou não-histórias ao estilo
realismo fantástico se desenrolam através de uma linguagem
atrativa, às vezes jocosa, onde o autor tem oportunidade de
desenvolver sua criatividade a todo vapor. Os diálogos são ricos na
oralidade própria da fronteira, onde o leitor jaguarense consegue
identificar-se a si próprio e seus afins, sejam os de hoje, sejam os
do seu passado. Como os demais livros de Schlee, este, também, é
para ser relido e, sobretudo, um ótimo tema para uma discussão em
uma roda de jaguarenses "no exterior".
O
importante, também, do aparecimento dessas produções que o autor
tem-nos brindado é a contribuição que ele vem dando para o
desenvolvimento de um "ambiente de cultura" em nossa
Jaguarão. Pelo que posso acompanhar um pouco à distância reconheço
que esse trabalho vem sendo desenvolvido com sucesso por um grupo de
jaguarenses (também em outras vertentes culturais, como a música,
por exemplo), apoiados por uma Administração que tem voltado seu
interesse para este setor, não muito bem tratado pelos Poderes
Públicos de um modo geral. Não quero citar nomes, porque poderia
cometer a indelicadeza de esquecer alguém, mas esse grupo é
constituído por pessoas conhecidas da comunidade em que estão
inseridas. Vários eventos que têm ocorrido na cidade ou fora dela
demonstram a realidade do que estou a afirmar.
Schlee é
um intelectual de grande produção. Além de traduções - como
"Facundo civilização e barbárie", do uruguaio Domingos
Sarmiento - ele possui mais de uma dezena de obras, algumas com mais
de uma edição. Entre estes, certamente, os mais conhecidos são os
que surgiram primeiro: "Uma Terra Só", "Contos de
Verdade" e "Contos de Sempre". Entre os prêmios
recebidos por Schlee estão Casa de las Americas, I e II Bienal de
Literatura Brasileira e o Fato Literário de 2010.
Na
ocasião, tomei conhecimento de que, em breve, teremos mais um livro,
quem sabe ainda neste ano, e, por certo, alcançará o mesmo êxito
dos já conhecidos.
Além do
ato de lançamento, o encontro valeu para os jaguarenses presentes,
também, para uma longa e boa sessão "te lembras?"entremeada
de "causos" dos tempos idos (Nisso o autor é um "craque")
que serviram para aquecer a alma pois que a noite era "fria
barbaridade", mas não teve poder para afugentar os admiradores
do Schlee.
Wenceslau
Gonçalves
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 20/08/2014
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