À esquerda , o Sobrado, na esquina da Rua do Comércio com a Praça da Marinha |
Em
agosto de 2011 travei amizade com o Sr Alberto Durão Coelho, de
descendência portuguesa, atualmente
morando em Campos do Jordão, São Paulo, que veio a Jaguarão em busca de registros sobre a presença de
seus ancestrais, os irmãos Hygino e Augusto Correa Durão em nossa
cidade. Em suas pesquisas, no Instituto Histórico e Geográfico de
Jaguarão, constatou que uma das relíquias arquitetônicas conhecida
como o Sobrado do Barão, tornou-se a casa do Barão apenas com o
decorrer do tempo, pois originalmente teria sido construída por
Hygino e Augusto para acomodar os negócios que estavam progredindo e
a família que estava por chegar da Europa.
A
ata das reuniões da Câmara que é chave à associação do nome
Durão à casa que veio a ser conhecida como "casa do barão"
é a de nº 358, primeira reunião da Quinta Sessão, datada do dia
13 de janeiro de 1854. As atas são de reunião da Câmara
Municipal. Em geral tinham pautas extensas, numerosos itens na ordem
do dia, mas logo no terceiro item da pauta é concedida a licença a
Durão & Irmãos para edificar no terreno que haviam adquirido e
que se situava no número 1 da rua do Commercio ( atual XV de
Novembro), esquina com a Praça da Marinha ( local onde atualmente
está situado o Posto de Saúde).
Diz
a Ata 358: "Aos 13 dias do mez de janeiro de mil oitocentos e
cincoenta e quatro, trigesimo
terceiro da Independencia e do Imperio no Paço da Camara Municipal
da Villa de Jaguarão, reunidos os Senhores Machado Marques, Vargas,
Salles, Andrade e Salins, faltando com causa os mais Senhores foi
aberta a Sessão pelo senhor Vereador Machado Marques. Leo-se a acta
da antecedente e foi approvada e assignada.....Um edito de Durão &
Irmãos pedindo licença para edificar no terreno que comprarão na
rua do Commercio esquina da Praça da Marinha. Concedida a licença
requerida."
Em
ata da reunião n° 361 datada de 26 de fevereiro do ano subsequente,
uma sessão extraordinária também sob a presidência do Sr.
Machado Marques consta nova solicitação dos irmaõs Durão quanto à
construção referida: "Procedeu-se
a leitura do requerimento de Durão & Irmãos pedindo a
convocação desta Camara afim de que a vista do artigo primeiro das
Posturas decida definitivamente a respeito da altura dos alicerces da
calçada que se tem que fazer na frente da obra dos Supplicantes. Em
consequencia do que a Camara deliberou unanimemente ir em corporação
acompanhada de seo Fiscal e do arruador Público tomar conhecimento
do que alegam os Supplicantes para definitivamente resolver a
respeito. Suspendeu-se Sessão para o dito fim, e voltando depois a
Camara resolveo ordenar que o Passeio da rua em frente da propriedade
dos Supplicantes seja no nivel da sapata da obra e que tenha a
largura de sette palmos com o declive de meio dito para fora e que a
calçada da rua seja feita dez polegadas abaixo de dito passeio."
Obtive
informação de que, no levantamento do IPHAN quando do tombamento, o
prédio em questão teria sido construído pelo Barão Gabriel
Tavares Leite entre 1870 e 1880. Não sei quais as fontes utilizadas
pelo IPHAN, mas em consulta ao Wikipédia, consta que o Barão Tavares Leite foi um comerciante luso-brasileiro tendo recebido o
título de barão do rei Dom Carlos I de Portugal em 1906 em forma de
reconhecimento pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa.
Português de São João da Madeira, veio jovem ao Brasil, no ano
de 1890, onde foi morar primeiramente na cidade de Rio Grande. Após
alguns anos fixou residência na cidade de Jaguarão, onde se tornou
próspero comerciante.
Ora, se o barão veio para o país em 1890,
não parece ser razoável que tenha construído o sobrado
anteriormente.
No
momento em que são iniciadas as obras de restauro do Mercado Público
e em que o Sobrado, situado no entorno, está interditado pelo IPHAN,
creio ser importante elucidarmos as origens desse importante
patrimônio histórico que corre perigo. Sobre os Corrêa Durão,
importantes empresários que fizeram grandes empreendimentos na região, voltarei a escrever em próxima coluna.
Jorge Passos
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 06/08/2014
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