UM QUEBRA CABEÇA PARA NOSSA MEMÓRIA
Time do Bangu em 1931. Primeiro à direita, Cirilo Campelo, o Jaguarão. |
Time
do Bangu antes da partida contra o Vasco, em São Januário, no dia 7 de junho de
1931. Da esquerda para a direita aparecem: Santana, Zé Maria, Buza, Ladislau,
Domingos da Guia, Dininho, Médio, Eduardo Moura e Jaguarão. Abaixados: Zezé, Sá
Pinto e a mascote Manô.
Em 13/05/1987, Zero Hora (p.49) publicou entrevista
concedida a Cláudio Dienstmann, pelo historiador Carlos Lopes dos Santos, sob o
título “História do Negro no Futebol Gaúcho”, da qual me permito reproduzir a
abordagem final da referida matéria: - “Mas quando Luiz Carvalho, grande
centro-avante do Grêmio, foi para o Rio de Janeiro e jogou no Botafogo, ele fez
questão de levar um jogador negro, o Jaguarão, ponteiro-esquerdo, criado
no Palmeiras, da várzea de Porto Alegre. Só que o Botafogo não aceitou o Jaguarão,
porque era preto e ele foi parar no Bangu. No primeiro jogo entre os dois
clubes, o Botafogo com Luiz Carvalho, tomou 5x0 do Bangu – três golos do Jaguarão.
Era um tipo Tesourinha, mais forte”.
Transcrevo
ainda do livro “Nós é que somos banguenses”, de Carlos Molinari, as seguintes
passagens: - “Curiosa a história do ponta-esquerda Cirilo
Campelo, apelidado pelo nome de sua cidade natal: Jaguarão. Chegou ao Rio na vã
tentativa de jogar pelo Botafogo, mas foi proibido de treinar em General
Severiano por ser negro! Lá foi aconselhado a procurar o Bangu, pois segundo um
diretor botafoguense o "seu tom de pele seria ideal no time dos Mulatinhos
Rosados". Veio para a Rua Ferrer, treinou e ficou. No Campeonato Carioca
marcou somente dois gols, sendo que um deles justamente em cima do Botafogo.”
... “Mudanças significativas ocorreram na equipe de futebol do Bangu em
1932. A principal delas foi a saída de três titulares absolutos: o goleiro Zezé
foi defender o Olaria, o atacante Jaguarão iria parar no Engenho de
Dentro e Domingos da Guia. O zagueiro havia exibido sua classe suprema de tal
forma que foi impossível para o Bangu mantê-lo após tantas insistências dos
outros clubes - ele iria para o Vasco”.
Desde
então tenho me perguntado se alguém na época sabia que um conterrâneo brilhava
no time dos “mulatinhos rosados”, figurando ao lado dos irmãos Da Guia,
Domingos (o Divino Mestre) e Ladislau, este maior artilheiro da história da
tradicional agremiação, com 223 golos? Como diria o grande Érico Veríssimo, “eta, mundo
velho sem porteira”, por aonde vão se espalhando os nossos “jaguarões”?
José Alberto de Souza
poetadasaguasdoces.blogspot.com.br
Da Série alguns Apontamentos sobre o futebol Jaguarense e o Gauchão, por José Alberto de Souza
2 comentários:
Valeu, meu caro Passiano:
Muito bom que tenha reproduzido essa matéria sobre o Jaguarão, de modo a ampliar abrangência do público leitor, possibilitando assim efeito multiplicador entre conterrâneos.
Recomendo ainda dar uma olhada em ANTERIOR (página) de CLIQUE, em que aparece outra fotografia do Bangu em 1930.
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