Extraído da coluna Jaguarão: ontem, hoje... de Cleomar Ferreira do Jornal Fronteira Meridional, edição do dia 28/11/12.
Antiga rua General Deodoro, hoje promovida a Marechal Deodoro |
Por ocasião do “Centenário da Proclamação da
República – 1822/1922”, o jornalista Pedro Lacombe, proprietário do jornal “O
Commércio”, que circulou entre os anos de 1895 e 1911, fez uma coletânea de
notícias relacionadas com nossa cidade, bem como propaganda impressa nos
jornais locais das casas comerciais existentes na época. Esta obra chama-se
“Jaguarão no Centenário da Independência da Pátria”.
Trata-se de uma raridade, cujo proprietário,
demonstrando muito apreço por esta “obra”, como não poderia deixar de ser, emprestou-me
por um breve período, do qual tentarei extrair de suas páginas algumas noticias
que circularam nos primeiros anos da década de “vinte”, mais precisamente por
volta de 1923. Nesta edição, apresento um texto que dá uma idéia sobre o que
era nossa cidade nesta época.
“A cidade de Jaguarão, colocada à margem
esquerda do rio do mesmo nome e que serve de divisa natural com a República
Oriental do Uruguai, teve início, ao lado desse curso d’água, em 1801.
Formando-se daí a antiga “Rua da Praia”, depois chamada de “Conde d’Eu”, e hoje
“20 de Setembro”, continuando sua edificação até a antiga “Rua das
Trincheiras”, hoje, “Gen. Barroso”, limite entre as denominadas “cidade velha e
nova”, e onde se encontram a “Pharmácia Graciliano, o Cinema Ponto Chic e a
Funilaria de Tristão Pinto da Silva”.
Da rua “General Barroso” até a rua “Nova
Humaitá”, estende-se um vasto planalto, muito bem arejado por todos os lados.
Ao norte desta rua, começam duas notáveis elevações de terreno, mais ou menos
para a mesma direção, formando os cerros da Pólvora, onde existe o Hospital
Militar, e o cerro onde está o Cemitério das Irmandades.
Desses planaltos, tanto a Oeste como de
Leste, as águas escoam facilmente para o Rio Jaguarão, sendo a cidade a mais
bem drenada do Estado, não se
encontrando nem águas empossadas, mesmo ante a mais torrencial chuva.
A cidade ocupa uma extensa área, sendo as
ruas principais, perpendiculares ao rio, banhando o sol, com extrema franqueza,
as fachadas de seus magníficos prédios, de manhã e a tarde.
As ruas mais antigas tem 10 metros de
largura, com passeios de Lages e de mosaicos, de 2 metros, havendo ainda 3
avenidas, sendo 2 com 2 filas de arvores (plátanos e catalpas do Japão),
formando cada avenida, 3 passeios, sendo a central mais larga, e por onde podem
transitar 2 e até 3 veículos, afora os lados, margeando os passeios e outra com
uma plantação central.
Todas as ruas são calçadas, algumas à pedra,
outras com meio “macadam” (tipo de pavimento onde era empregado o uso de
pedras, diferente dos paralelepípedos), nelas vendo-se excelentes e
confortáveis prédios de moradia.
A praça principal é a “13 de Maio”, com
lindos passeios de mosaicos aos lados e dois centrais em forma de cruz, com árvores
recentemente remodeladas.
Praça 13 de Maio, hoje Alcides Marques. Rua General Osório com calçamento tipo "macadam" |
Nesse aprazível local, ficam os clubes
Harmonia, Jaguarense, Instrução e Recreio. A Igreja Matriz, Mesa de Rendas
Estadual, Susini Hotel, Telégrapho Nacional, Maçonaria, residências de Mario
Pereira Bretanha, Hermenegildo Correa, Zeferino Lopes de Moura, Dr. Alcides
Pinto, Conceição Olegário de Mattos, Gabriel Gonçalves da Silva, Maria Faustina
Gonçalves, José Luiz Terra, etc.
Na antiga Praça da Marinha, hoje Paisandú no
porto, ficam a Usina Elétrica e o excelente Mercado de alvenaria, onde figuram
a carne vinda do matadouro e frutas nas inúmeras bancas dos hortaleiros. Possui na sua zona urbana 36 ruas assim
denominadas: Fernandes Vieira, Lima Barros, Uruguaiana, Julio de Castilhos, XV
de Novembro, 27 de Janeiro, Gen. Osório, Gen. Deodoro (sim, à época não era
“marechal”), Andradas, Gen. Câmara, Riachuelo, Curuzú, Caxias, Bento Martins,
Amazonas, Curupaiti, Liberdade, 20 de Setembro, Gen. Marques, Carlos Barbosa,
19 de Fevereiro (depois Centenário), Andrade Neves, Gen. Barroso, Gen. Delphin,
03 de Novembro, Gen. Menna Barreto, Aquidaban, 24 de Maio, 7 de Abril, Venâncio
Aires, Independência, Da Paz, Humaitá, Cristóvão Colombo, Floriano Peixoto. Nos
subúrbios existem 83 casas, sendo um total de 1563 residências na cidade. O número de prédios é de 1960, incluindo 278
na zona “suburbana”, não havendo nenhum desocupado.
. . . Continua na próxima edição.
Abraço a todos. Boa leitura.
(fonte: Do livro – Jaguarão no Centenário da Independência da Pátria – Apontamentos para
uma monografia de Jaguarão.)
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