JK - proibido de entrar na cidade que construiu |
No tempo em que morei em Brasília, entre os
vários espetáculos que tive o privilégio de presenciar, um deles foi marcante.
Estava inserido na programação da Semana em que a capital festejava seus 50
anos e era totalmente gratuito. A apresentação no Teatro Nacional da Sinfonia Monumental, obra do afamado compositor e músico, o bandolinista Hamilton de
Holanda com o acompanhamento da Orquestra Sinfônica de Brasília.
A Sinfonia é dedicada a esse projeto fantástico
que ergueu uma cidade, trabalho de arte e civilização na solidão do Planalto
Central. A composição tem cinco movimentos, todos belíssimos. Mas o mais
emocionante e o que nos toca profundamente é o quarto movimento, inspirado no
Presidente Juscelino Kubitschek, o JK proibido.
O compositor narra que ficou
impressionado e comovido com o episódio em que JK vai à Brasília
clandestinamente e chora diante de seu próprio busto na Praça dos Três Poderes
depois de ter sido proibido pelo regime militar de entrar na Capital.
E por que
é uma cena tão comovente, caro leitor? É porque é uma cena brutal de injustiça.
O homem responsável por concretizar o sonho da primeira missão que desbravou
aquelas paragens em 1892, na construção que mobilizou milhares de famílias
de todo o Brasil trocando suas terras de origem atrás do novo, da aventura, da
obra monumental, é proibido de desfrutar da sua criação, da sua própria
cidadania, já que havia sido cassado pela ditadura.
Conto-lhes esta reflexão sobre esse
acontecimento da história brasileira, durante o governo militar instaurado pelo
Golpe de 1964, que vitimou Juscelino e tantos outros políticos que lutavam por um país
mais justo, sob acusações de corrupção, para ilustrar o quanto consideramos
prejudicial à democracia a campanha contumaz por parte da grande mídia e de
parte da oposição, de desvalorização da política, dos Partidos, dos Políticos,
das próprias Instituições. Não sejamos ingênuos, essa guerra midiática que
deslegitimou a política e levou os jovens a desacreditarem nela, foi o
combustível das manifestações ocorridas durante a Copa das Confederações sob o
lema do “Gigante Acordou” visando essencialmente às eleições do ano que vem.
O mais importante de tudo o que aconteceu e o
que ainda está por vir, deve ser o respeito às normas democráticas e ao bem
maior que arduamente conquistamos, o Estado de Direito, para evitarmos
novamente, injustiças monumentais.
Jorge Passos
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do jornal Fronteira Meridional em 31/07/2013
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