quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Um novo partido político no Rio Grande

Durante estes longos anos, em que os partidos políticos e seus representantes se alternaram no poder aqui no estado, um novo partido foi crescendo no Rio Grande do Sul e ainda que formalmente nunca disputasse um pleito político, está mostrando que é cada vez mais capaz de influenciar no voto de todos os gaúchos.

Falamos da RBS, a poderosa rede de comunicação que através dos seus veículos determina a pauta dos assuntos que lhe interessa que sejam discutidos.

“É sabido que a RBS é, também, além de um grupo midiático, um grupo político-ideológico de comunicação. Não faz, assim, uma cobertura isenta, não só das questões nacionais, como das regionais. Pode-se dizer até que grupos como a RBS e a Rede Globo são, na verdade, um novo tipo de partido político. Eles hierarquizam e organizam a apresentação dos fatos de acordo com a sua visão de mundo”. Quem disse isso, foi o Governador Tarso Genro, essa semana, em entrevista para o Sul21.

É interessante ver como este grande grupo de mídia, que como a Rede Globo, só cresceu durante o regime militar, intervém permanentemente no dia a dia da vida dos gaúchos, pautando os assuntos a serem discutidos, sempre a partir de uma ótica que defende os interesses privados, apresentados como éticos e progressistas, em detrimento do público, onde sempre grassa a corrupção.

Hoje, com um grau de eficiência muito maior, os veículos aprenderam que dar algum espaço para o contraditório, ajuda a construir a imagem de imparcialidade que seus dirigentes apregoam.

Sábado, por exemplo, no seu caderno cultural, Zero Hora publicou um belo texto do historiador Mário Maestri sobre Jacob Gorender, o mais importante intelectual marxista brasileiro, recentemente falecido e cujo desaparecimento mereceu na ocasião umas poucas linhas do jornal.

No passado, estes veículos eram mais diretos e menos eficientes. No governo Collares, RBS instrumentalizou, por incrível que pareça, o moralismo pequeno burguês do PT na Assembléia, levantando questões ridículas como a reforma do banheiro do Palácio Piratini e a compra de bolachas, que tinham o nome da mulher do governador, para distribuir nas escolas.

Mais adiante, foram os deputados do PDT, com o imenso apoio da mídia da RBS que tentaram desestabilizar o governo de Olívio Dutra com a chamada CPI do Jogo do Bicho.
Hoje, seus veículos se dizem imparciais, embora, como perguntou o Governador Tarso Genro em sua entrevista, “porque, no Governo Britto a RBS “jogava o Estado para cima” e agora faz tudo para “jogar o Estado para baixo?”

Pena que percebendo tudo isso, o Governador autorize a publicação da parcela maior da verba publicitária do Estado em veículos da RBS, como percebeu um leitor do Sul21, que flagrou no mesmo dia da entrevista. um anúncio institucional do Governo a cores, ocupando toda uma página de ZH.

Os publicitários costumam dizer que se trata de uma mídia técnica: levam a verba maior os veículos com maior audiência. Só que isso se transforma num círculo vicioso, onde os veículos mais poderosos têm a maior fatia da verba publicitária e porque têm esta fatia maior, continuam sempre mais poderosos.


( Professor universitário - Sul21)

Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 14/08/2013


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