Durante
estes longos anos, em que os partidos políticos e seus representantes se
alternaram no poder aqui no estado, um novo partido foi crescendo no Rio Grande
do Sul e ainda que formalmente nunca disputasse um pleito político, está
mostrando que é cada vez mais capaz de influenciar no voto de todos os gaúchos.
Falamos da
RBS, a poderosa rede de comunicação que através dos seus veículos determina a pauta
dos assuntos que lhe interessa que sejam discutidos.
“É sabido
que a RBS é, também, além de um grupo midiático, um grupo político-ideológico
de comunicação. Não faz, assim, uma cobertura isenta, não só das questões
nacionais, como das regionais. Pode-se dizer até que grupos como a RBS e a Rede
Globo são, na verdade, um novo tipo de partido político. Eles hierarquizam e
organizam a apresentação dos fatos de acordo com a sua visão de mundo”. Quem disse
isso, foi o Governador Tarso Genro, essa semana, em entrevista para o Sul21.
É
interessante ver como este grande grupo de mídia, que como a Rede Globo, só
cresceu durante o regime militar, intervém permanentemente no dia a dia da vida
dos gaúchos, pautando os assuntos a serem discutidos, sempre a partir de uma
ótica que defende os interesses privados, apresentados como éticos e
progressistas, em detrimento do público, onde sempre grassa a corrupção.
Hoje, com
um grau de eficiência muito maior, os veículos aprenderam que dar algum espaço
para o contraditório, ajuda a construir a imagem de imparcialidade que seus
dirigentes apregoam.
Sábado,
por exemplo, no seu caderno cultural, Zero Hora publicou um belo texto do
historiador Mário Maestri sobre Jacob Gorender, o mais importante intelectual
marxista brasileiro, recentemente falecido e cujo desaparecimento mereceu na
ocasião umas poucas linhas do jornal.
No
passado, estes veículos eram mais diretos e menos eficientes. No governo
Collares, RBS instrumentalizou, por incrível que pareça, o moralismo pequeno
burguês do PT na Assembléia, levantando questões ridículas como a reforma do
banheiro do Palácio Piratini e a compra de bolachas, que tinham o nome da
mulher do governador, para distribuir nas escolas.
Mais
adiante, foram os deputados do PDT, com o imenso apoio da mídia da RBS que
tentaram desestabilizar o governo de Olívio Dutra com a chamada CPI do Jogo do
Bicho.
Hoje, seus
veículos se dizem imparciais, embora, como perguntou o Governador Tarso Genro
em sua entrevista, “porque, no Governo Britto a RBS “jogava o Estado para cima”
e agora faz tudo para “jogar o Estado para baixo?”
Pena que
percebendo tudo isso, o Governador autorize a publicação da parcela maior da
verba publicitária do Estado em veículos da RBS, como percebeu um leitor do
Sul21, que flagrou no mesmo dia da entrevista. um anúncio institucional do
Governo a cores, ocupando toda uma página de ZH.
Os
publicitários costumam dizer que se trata de uma mídia técnica: levam a verba
maior os veículos com maior audiência. Só que isso se transforma num círculo
vicioso, onde os veículos mais poderosos têm a maior fatia da verba
publicitária e porque têm esta fatia maior, continuam sempre mais poderosos.
( Professor universitário - Sul21)
Publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional em 14/08/2013
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