segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sul21: O interessante patrimônio de Jaguarão


Por Nubia Silveira do Sul21

Depois de passar por cinco pedágios e pagar mais de R$ 40,00, chega-se a Jaguarão, na fronteira com o Uruguai. Cidade tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com povoamento datado do início do século XIX, é um ótimo destino de fim de semana ou ponto de passagem para quem pretende ir até Montevidéu. Jaguarão fica equidistante das capitais gaúcha e uruguaia, a exatos 380 quilômetros de cada uma. E é o caminho mais curto entre elas.

Pequena, simpática, acolhedora, banhada pelo rio que lhe dá o nome, Jaguarão conquista o visitante. É com prazer que se caminha por suas ruas de paralelepípedos, admirando o casario construído no século XIX e início do XX. A maioria das casas é baixa, com fachadas trabalhadas, janelas recortadas e, no alto, a reprodução de alguma figura. A rua 15 de Novembro é famosa pelas casas e pelo Museu Dr. Carlos Barbosa, que por si só justifica uma ida a Jaguarão.

Quem passa para o país vizinho conhece outra obra de arte da cidade: a ponte internacional Barão de Mauá, que liga Jaguarão à uruguaia Rio Branco. Construída entre 1927 e 1930, é reconhecida como patrimônio cultural do Mercosul, tendo sido tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A ponte de 2.113 metros (340m sobre o rio Jaguarão) tem 12 metros de largura. Sobre ela ainda estão os trilhos que ligariam Brasil e Uruguai por via férrea.

Museu– Próximo do Museu Carlos Barbosa estão as casas que chamam a atenção por suas portas e janelas trabalhadas. Há construções em que a entrada tem de duas a três portas em sequência. O mais importante, porém, da rua 15 de Novembro é o Museu, que foi residência do ex-governador do Rio Grande do Sul. Um atestado de inteligência, consciência e responsabilidade da família. A viúva de Carlos Barbosa, dona Carolina Cardoso de Brum, determinou que a casa fosse preservada.  O desejo foi cumprido por sua filha Eudóxia Barbosa de Lara Palmeiro, que a transformou em museu, em 1975, e destinou os bens da família para uma Fundação, responsável pela conservação do local. O objetivo é manter o prédio como foi construído. O verbo restaurar não faz parte do vocabulário da fundação.


O casarão foi construído em 1886 por Martinho de Oliveira Braga, que presenteou a família com pinturas na entrada da residência representando os setores da economia gaúcha. No interior estão totalmente preservados os móveis, a louça, os lustres e os biscuits. 



É interessante ver funcionando as primeiras lâmpadas que chegaram a Jaguarão e foram instaladas na casa de Carlos Barbosa, filho de Pelotas, que governou o estado de 1908 a 1913. Foi ele que deu início à construção do Palácio Piratini.

Ali também está o primeiro telefone que a cidade conheceu. Ele foi colocado na casa do então presidente do Rio Grande do Sul para facilitar a sua comunicação.

Outra particularidade: a família foi uma das primeiras a ter banheiro dentro de casa. Ali está a banheira que mandaram construir. O autor – o nome se perdeu no tempo – acreditava que tomar banho todos os dias era prejudicial à saúde e poderia até matar. Por isso, esculpiu nas bordas alças usadas em caixões mortuários.


Passadiço – Construída em formato de U, a casa tem um passadiço largo, todo envidraçado, que separa a parte principal da residência do jardim. Esse passadiço ajuda a iluminar e ventilar a casa, dividindo-a em cômodos de inverno e de verão. Neste corredor estão as máquinas de costura usadas por dona Carolina e suas filhas.
No bem cuidado jardim, encontra-se uma cisterna, pronta para recolher a água da chuva e abastecer a casa.

Teatro – No centro de Jaguarão, a restauração do Teatro Esperança está chegando ao fim. De acordo com as explicações colocadas nos tapumes que rodeiam o teatro, as obras começaram em 2010 e deverão estar concluídas em 2014.
O prédio foi tombado pelo IPHAE em 1990 e pelo IPHAN em 2011. O Esperança que costumava receber companhias de teatro vindas dos países do Prata, se prepara para voltar a ser palco de grandes espetáculos.

Jaguarão recebe bem o visitante e tem o que mostrar. Aproveite um fim de semana, siga pela 116 até a entrada de Rio Grande. Não dobre à esquerda. Siga reto. E aproveite para conhecer um pouco da história rio-grandense.

Fonte: http://www.sul21.com.br





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