Yo
tengo tantos hermanos que no los puedo contar y uma hermana muy
hermosa, que se llama libertad. Esse
é o ultimo estrofe da canção “Los Hermanos” de Atahualpa Yupanqui. Pensando, cá com meus botões, gostaria agora de falar dos
meus irmãos, daqueles que o sangue negou-me, mas o destino me deu de
presente, em uma bandeja, que hoje trago sempre comigo no coração.
E
eu tenho esses meus irmãos, valiosos e valorosos, companheiros em
batalhas onde um dia somos o cavaleiro e no outro o escudeiro, um
híbrido de Sancho Pança, com Quixote, uma mistura de dois de igual
importância no desfecho das coisas, das histórias, do livro. E cada
um deles, os irmãos que tenho, veio por algum motivo a ser o que
hoje é. Essa coisa de sina, inexplicável em sua grandeza e
simplicidade.
Há
o irmão novo, tem menos tempo de casa, mas ainda assim sempre morou
lá, mesmo quando não estava, quando não poderia estar, pois sequer
havia sido apresentado, ele estava. Na fresta da porta, esperando que
a vida anunciasse sua entrada triunfal, irmão de jogo esse, daquele
jogo que amamos e que sempre tem uma bola nos pés, irmão de sina,
de sorte, até de marcas eternas impressas na pele. Irmão pra uma
vida.
Há
o irmão de sempre, não anda por perto, mas nunca esta longe, é um
pedaço da gente, não importa onde ande, com que passos caminhe, em
que caminhos tropece, próximos ou distantes dos meus. É aquele que
está no máximo a um telefonema, um trem ou um avião de distância,
aquele a quem recorrer quando a coisa parecer impossível. Irmão de
uma vida.
E
ainda o irmão quase pai, aquele que estava lá desde o nascimento,
desde o primeiro dia, quando não éramos mais que um bebê, careca,
feioso e desdentado. Um irmão quase pai gêmeo, de quem puxamos
tanto( graças a deus), com quem tanto nos parecemos, nas coisas que
deveríamos nos parecer. Aqueles que nos obrigam a evoluir, que nos
fazem ser melhores, mesmo quando não sabemos sê-lo. Irmão( por
sorte) de vida.
São
irmãos, pedaços de mim, que andam por aí com seus próprios pés,
e que também carrego nos meus passos, e não me pesam meus irmãos,
ao contrário me impulsionam, me empurram quando meus sapatos já
gastos se recusam a andar. Me mantém vivo, com seus peitos a pulsar
dentro do meu. Constroem comigo minhas estradas e me ajudam a
respirar, quando a vida diz que tudo está errado, que certas coisas
não tem cura, eles, o tempo e aquela irmã maravilhosa chamada
liberdade me ensinam que não há caminhos prontos e que se fazem os
caminhos ao andar.
Nicolás
Gonçalves
Texto publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 22/08/2012
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