Palco de grandes espetáculos, o Mackinley Rosa em imagem do curta Gaúchos Canarinhos, com Aldyr Schlee e José Orcelli |
Acerca
da matéria que postei em meu blog “Duas equipes jaguarenses no
Gauchão?”, em 04/10/12, escreve-me um leitor anônimo, a quem
solicito para que se identifique: “Eu não entendo como Jaguarão
com um estádio como o Mackinley Rosa e com um passado bonito no
futebol amador da região e no estado deixou o futebol de campo
morrer por completo. Hoje não se tem um campeonato varzeano forte
com equipes tradicionais como Andradas, Florestal, Pindorama,
Imperial, Mauá, Vila Kennedy e outros. Entendo que a fase áurea do
futebol de salão do Navegantes contribuiu para o fim de
participações estaduais do Cruzeiro, mas o fundo do poço que
chegamos ao nosso futebol nunca pensei que aconteceria.”
Inclusive
já ouvi falar que a Associação Cruzeiro Jaguarense estaria
loteando o seu estádio a fim de pagar dívidas acumuladas, mesmo
depois de se desfazer da sua área de piscinas, lá pelos lados da
“rua do cordão”. Custo a acreditar que ali perto da antiga
Estação da Viação Férrea, permanece abandonado um patrimônio
que foi erguido com o grande esforço dos associados do Esporte Clube
Cruzeiro do Sul que o nosso Clube Jaguarense recebeu de mão beijada
através de uma fusão infeliz. Perguntar não ofende: porque não se
recupera aquela área como Estádio Municipal?
Meu
amigo José Nunes Orcelli tem desfraldado a ideia de formar uma
seleção de futebol com jogadores que se tem destacado no campeonato
varzeano local para disputar um dos certames estaduais da Federação
Gaúcha, o que me faz lembrar o Jaguarão Esporte Clube, quando
entrava em campo nas partidas do Estadual de Amadores com aquelas
camisas brancas com letras vermelhas estampadas no peito – JAGUARÃO
– que muito me enchia de orgulho, apesar de cruzeirista declarado.
A nossa comunidade precisa se unir em torno dessa bandeira, deixando
de lado antigas preferências clubísticas para retomar o seu lugar
no cenário esportivo do Estado. Creio que basta vontade política
para instalação de uma sede desportiva já existente - Estádio
Municipal Mackinley Rosa.
Fui
testemunha de como foi construído o antigo Estádio Minervina
Corrêa, tijolo a tijolo, com o labor voluntário de atletas e
torcedores que se juntavam nos fins de tarde e à noite, sacrificando
preciosas horas de descanso para cercarem a sua área de competições.
E o que hoje resta da praça de desportes do Jaguarão Esporte Clube,
o primeiro a ter seu patrimônio dilapidado com esses malfadados
“casamentos”? Um esplêndido pavilhão social dando vistas para
um minguado campo de “futebol sete” destinado a práticas
recreativas, afora a ampliação da sede das piscinas da Sociedade
Harmonia Jaguarão. Mais trágico ainda o desfecho da união entre
Clube Caixeiral e Navegantes Futebol Clube por demais sabido de
qualquer jaguarense que se preze.
Sou
do tempo em que os atletas do meu saudoso Esporte Clube Cruzeiro do
Sul tinha o seu campo no terreno em que atualmente se encontra
estabelecido o Asilo de Meninas “Felisbina Leivas” e sua sede
social, também utilizada como residência para os jogadores mais
necessitados, funcionava no prédio que era da extinta Sociedade
Italiana. Naqueles idos, nem Jaguarão nem Navegantes possuíam os
seus campos próprios e mandavam seus jogos ali no “arrabalde” do
IPA, onde hoje se situa a Praça Comendador Azevedo. Pois daquela
sede na Rua 15 de Novembro, próxima dali, os atletas marchavam
uniformizados em direção à antiga praça de desportes do Harmonia.
Tradições como essa precisam ser preservadas na memória esportiva
da cidade, tão evidente no símbolo que hoje representa o velho
Estádio Mackinley Rosa como baluarte da alma cruzeirista.
José
Alberto de Souza
Texto publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 17/10/2012
2 comentários:
Este artigo foi escrito com a intenção de que se tome conhecimento da repercussão entre nossos conterrâneos da importância que o futebol jaguarense "já teve" como participante do Gauchão nos anos de 1934 a 1939, então disputado pelas principais agremiações do nosso Estado, conforme nos tem revelado o grande pesquisador Douglas Marcelo Rambor com sua prestimosa colaboração.
Grande postagem feita em 2012. Hoje, no ano corrente de 2020, temos o nosso Mackiley Rosa em ruínas. Sem portão, pavilhão destelhado, traves enferrujadas e com o mato tomando conta do terreno. Lamentável como nós, jaguarenses, não conseguimos salvar um local tão importante para diversas gerações. Uma pena.
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