Pintura: Alunos CAPS Jaguarão - A arte em qualquer lugar |
O que
podem ter em comum Jaguarão, uma ilha perdida no meio da Oceania,
uma cabana rústica isolada nos campos do sul da França e uma
pequena vila nos arredores de París? Como é possível vincularmos
Paul Gauguin, Paul Cézanne e Vincent van Gogh à nossa realidade?
Em
interessante artigo intitulado “O Centro e a Periferia da Arte”,
Vladimir Safatle, Professor de Filosofia da USP, nos fala da
importância “acidental” dessas geografias antes citadas e dos
seus respectivos personagens, provando que a criação artística e
as Musas, nem sempre moram nas grandes metrópoles, onde,
supostamente, deveriam estar aquarteladas, como peças de um museu.
Essa
análise do Professor Vladimir Safatle é muito oportuna e
interessante. Oportuna, porque na nossa cidade e região está
havendo um olhar mais atento sobre a Cultura em si, que tende a
valorizar e projetar além do nosso município e fronteira o que aqui
se tem, se faz, e o que se está gestando: Fundação Carlos Barbosa;
Museus Histórico e Geográfico; construção do Memorial do Pampa;
projeto do Parque Farroupilha; digitalização do acervo histórico e
jornalístico da cidade; restauração do Teatro Esperança, o
tombamento de Jaguarão, pelo IPHAN, como patrimônio arquitetônico
e urbano brasileiro, etc.
Interessante,
porque dessacraliza o centro, sempre considerado criador e modelador,
formador de opiniões e gostos, e de uma estética a ser seguida ou
rejeitada, cabendo à periferia somente o papel de consumir,
assimilar, aceitar passivamente, ou não, o que possa haver, ser
feito e dito, no terreno da Cultura, a partir dessa visão
etnocentrista e monopolizadora, desempenhada pelas, e desde as
grandes metrópoles.
Em
Jaguarão há muito e bom trabalho a ser feito; trabalho esse que já
começou e é fruto de inúmeros atores, tais como a nova gestão
municipal e suas
parcerias várias, com os governos Estadual e Federal, o IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas
também com a iniciativa privada (Free Shops; Parque Eólico Minuano;
construção do Hotel Porteiras do Sul, categoria 5 estrelas) e o
invalorável aporte e aquilatamento na esfera cultural, profissional
e social, oferecidos pela Unipampa-Jaguarão.
Em breve
teremos uma primeira turma de Tecnólogos em Turismo, além de outras
turmas, que já se formaram, ou estão se formando, nas áreas da
Pedagogia, História e Letras, que darão uma maior qualidade ao
município, cada um se desempenhando na sua específica área
profissional, mas podendo interagir com os colegas de outras esferas.
Este ano
começou o Bacharelado em Produção e Política Cultural, que aspira
formar os primeiros profissionais nesse ramo tão prometedor da
produção, gestão, promoção e atuação, na abrangente e
multifacética área da Cultura.
Assim, há
aqui uma “periferia” onde também se faz e se pensa a partir do
que temos, do que queremos e do que podemos.
Dario
Garcia
Acadêmico
de Produção e Política Cultural
Unipampa-Jaguarão.
Texto publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 14/11/2012
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