quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mário Franco - o Artista da bola!

Mário Franco - foto Jonas

Entre os vários personagens que se tornaram populares e permanecem até hoje na memória do povo desta cidade e até daqueles que vinham de fora, relembro a figura do “Mário Franco”.

Mário Uchoa Franco, nascido em 19/05/1925, este nosso conterrâneo preencheu muitos de nossos dias com sua presença no largo das bandeiras, praticando suas “embaixadinhas” com sua inseparável companheira, a bola, como também fazendo suas flexões e demonstrando suas aptidões físicas. Muitas vezes em pleno inverno, desafiando o frio, lá estava ele, no “Largo”, ignorando o tempo.

Ao mesmo tempo em que fazia as “embaixadinhas”, gostava de contá-las ou cantar, e ainda falar coisas em tom de críticas. Sei que pra alguém sempre “sobrava”. Lembram do “caixa d’água” - palavra que usava pra criticar talvez aqueles que só sabiam juntar, e nada distribuíam com seu próximo? Talvez fosse algum desabafo também.

Mário Franco era filho de Crispina Uchoa Franco e Agenor Franco (vidraceiro), o qual deixaria para ele este ofício. O Sr. Agenor trabalhou muitos anos com Gaspar Scangarelli, renomado construtor que deixou suas obras em vários pontos desta cidade. Era o Sr. Agenor o encarregado da parte de colocar os vidros nas obras. 

Por força do ofício de vidraceiro, Mário carregava também a inseparável “maleta” com alguns adesivos, que iam desde o símbolo do seu time de coração, o Grêmio, do qual era torcedor “fanático”, a até mesmo, figuras femininas. Costumava fazer propaganda dos filmes em cartaz no Cine Regente, eventos relacionados com o esporte, e quando passava por ele uma “dona”, daquelas de parar o trânsito, não deixava por menos, dava uma pausa no que estivesse fazendo, e por instantes, a companheira bola, esquecida, tornava-se objeto de segundo plano.

Conversei com a Sra. Maria Cesária Uchoa Franco, irmã deste nosso personagem e com alguns familiares. Devido à idade, dona Maria nasceu em 1939, não se lembra de muitos fatos que poderíamos relatar sobre o “Mário Franco”, mas diz que ele estudou na Escola Pe. Pagliani (patronato) e teve uma companheira, a Sra. Ramona Dias.


1941 - Família Franco - Mário, com 16 anos na época é o 4º da esquerda p/ direita
foto arquivo da família 

Ainda lembro bem que nos fins de semana, o “Mário” costumava jogar uma bola ali na beira do rio, início da Rua Augusto Leivas, onde colocava a bandeira do “Cometa”, time que tinha desde a década de oitenta.

Mas entre tantas histórias do “Mário” vem ao meu conhecimento uma que o tempo provavelmente distorceu, pois fala de uma ida à capital, onde ele teria sido “engambelado” por um conhecido médico da época, que o convenceu dizendo que iria fazer um teste no seu clube do coração. Na verdade, tratava-se de umas olimpíadas militares que ele foi “convencido” de que iria participar. Tudo combinado. Apenas queriam levá-lo para fazer exames tentando buscar razões para a vida que levava. Após o encontro com uma médica e fazer “embaixadinhas” diante dela, foi atestado que somente com o passar dos anos é que poderia surgir, talvez, algum problema psíquico que justificasse suas atitudes, mas que naquele momento, tratava-se de uma pessoa normal.

Na volta, diz que ele ainda gozou com o médico: - “Eu passei no teste, mas será que “eles” passam?” Referindo-se àqueles que tentaram enganá-lo.

Outra história aconteceu na metade dos anos “setenta” e retrata um encontro entre o “Mario Franco” e o “Falcão” quando da vinda do Internacional para um amistoso aqui na cidade. Contam que ele foi pra frente do hotel e desafiou o craque colorado fazendo suas embaixadinhas, indo e voltando de uma esquina a outra, deixando o jogador admirado e sem condições de acompanhá-lo devido a grande habilidade que tinha.

Nosso personagem “partiu” já faz tempo, mas deixou na nossa memória a lembrança e a saudade de um homem e sua paixão: a bola.
É isso aí, um abraço e até a próxima edição.

Cleomar Ferreira
emissor de passagens na Rodoviária de Jaguarão

Fonte: As duas “histórias” do Mário me foram relatadas pelo José N. Orcelli.  

Texto publicado na Coluna " Jaguarão , ontem, hoje"  de Cleomar Ferreira no Jornal Fronteira Meridional, edição do dia 21 de novembro de 2012.

4 comentários:

JASouza. disse...

Lembro do Mário fazendo as suas "embaixadinhas", mas sem camisa, naqueles solaços do verão, todo molhado pelo suor, e fazendo seus discursos ali na esquina da "Miscelânea". Não tinha camisa que resistisse ao desconforto. Ele chegou a jogar, além do Cruzeiro, também no Navegante. Ouvi dizer que andaram querendo levá-lo para se apresentar no Chacrinha ou no Silvio Santos.

Rodrigo disse...

Entrem no meu canal do youtube de poesias dos grandes poetas jaguarenses Jayme Lameiro e Paulo Estrella.
youtube.com/contosepoesiasvevo

Anônimo disse...

O Mario Franco jogou durante muito tempo no Jaguarão Esporte Clube também. Alguns jaguarenses em décadas passadas antes de sua morte tinham o Mario franco como um louco, mas eu convivi com ele e sei que era uma pessoa inteligente, educada e bem ciente dos fatos e acontecimentos extra futebol, apenas usava sua paixão pelo esporte, Grêmio e futebol para passar a imagem folclórica de um personagem criado por ele. Foi o Mario Franco quem construiu o campo de terra citado no texto na beira do rio perto da caixa d'agua, tempos depois os pescadores e moradores dos arredores junto da prefeitura arrumaram e colocaram traves de ferro no campo.

Unknown disse...

O Mário Franco foi um Folclore de Jaguarão..Família Franco muito conhecida e respeitada na Cidade de Jaguarão..perguntem a seus pais gerações Novas..Quem foi Mário Franco..Senhores vereadores..Quem Botou suas portas E seus vidros..perguntem a seus pais!!!!! O mínimo que tinha que ter em Jaguarão era uma Rua Mário Franco..Uma estátua na praça de Mário Franco..Fica a Dica senhores vereadores....Vcs estão acabando com a sua história folclórica de Jaguarão..parabéns ao ilustre e atleta..Mário Franco..������������������������

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