Por Rosane Tremea
Posso dizer que conheço alguns museus por aí...
Não é coisa de pessoa "entrada em
anos"... Quando me mudei para PORTO ALEGRE, com 20 anos, vivia
rodando pelos museus da cidade... E olhe que as opções eram bem restritas.
Meus preferidos eram o MARGS e o Julio de
Castilhos. Conhecia o acervo de cor. E aí passei a montar as
estratégias para minhas viagens fora da cidade: segunda-feira, quando os museus
em geral fecham, é dia de bater perna... nos outros dias, museus... dia de sol,
é dia de bater perna... dia de chuva, museus... A alguns, dos quais gosto
muito, se volto à cidade, volto também a eles...
Tudo isso pra dizer que não por falta de referências
fiquei impressionada com o acervo e o cuidado do MUSEU DR. CARLOS BARBOSA
Gonçalves, em Jaguarão, lá onde o Rio Grande do Sul faz a curva e se
encontra com o Uruguai.
Começa pelo prédio, lindo, em estilo eclético, do
século 19 (1896).
Naquela época, a região vivia seu auge, e as
construções refletiam o poder econômico dos produtores de charque.
Foi nesse contexto que foi erguida a construção da
Rua XV de Novembro, também conhecida como a "rua das portas".
Ela abrigou o médico e político e sua família.
Um
pouco sobre CARLOS BARBOSA:
"Nascido
numa tradicional família estancieira republicana de Jaguarão, filho de Antônio
Gonçalves da Silva e de Maria da Conceição Rodrigues Barbosa, era sobrinho-neto
de Bento Gonçalves. Passou sua infância e a adolescência em Jaguarão, onde a
família tinha grandes propriedades. Com 15 anos foi estudar no Colégio Pedro
II, no Rio, colégio da elite do Brasil Império, onde concluiu o curso de
humanidades. Em 1875 graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
viajando, em seguida, para Paris, onde fez residência e, também, como
republicano, buscou os ares de uma democracia. Além de cirurgia geral, fez
especializações em oftalmologia, medicina interna e obstetrícia. Em 1879,
voltou para Jaguarão, onde exerceu a medicina, envolveu-se na política e
casou-se com Carolina Cardoso de Brum, com quem teve oito filhos. Ajudou a
fundar o Partido Republicano Rio-grandense em Jaguarão, elegeu-se para a câmara
municipal, depois como deputado e chegou a presidir o congresso constituinte.
Foi nomeado por Júlio de Castilhos como o primeiro vice-presidente do
Estado. O mandato como deputado seria renovado até 1907. Elegeu-se depois
governador e dirigiu o Estado até 1913, com obras marcantes em sua
gestão: o prédio da Faculdade de Medicina, o cais do porto de Porto Alegre
e de Rio Grande, o início da construção do Palácio Piratini e o monumento a
Júlio de Castilhos... Ainda elegeu-se senador, mas abandonou a política, aos 78
anos, e voltou a Jaguarão, onde morreu aos 82 anos."
Da
biografia de Carlos Barbosa dá para entender melhor o bom gosto da construção, dos
móveis e objetos do casarão da Rua XV de Novembro.
Para
preservar sua memória, a última herdeira, Eudóxia Barbosa de Iara
Palmeiro, teve a ideia de deixar tudo como está. E, desde 1978, sob o comando
de uma fundação, ele abre as portas para visitação.
A
minha visita foi muito, muito rápida. Para dizer a verdade, implorei para
conhecê-lo quando já não era horário. Não tinha data para voltar à cidade e
queria muito conhecer o lugar.
Nesse
sobrevoo, muitas coisas me chamaram a atenção: o primeiro telefone
residencial do Estado, a banheira de mármore com as alças de um caixão porque o
responsável por instalá-la acreditava que banho fazia mal à saúde (e ter
banheiro dentro de casa, o que não era nada comum na época), os minúsculos
sapatos de uma das filhas, uma das primeiras lâmpadas instaladas em território
gaúcho ainda em funcionamento (com 112 anos de vida!) e muito mais...
São
23 cômodos e 600 metros quadrados. Mas o que me impressionou mais foi o cuidado
com a casa e com o acervo. E a qualidade das informações da pessoa que me
guiou, com conhecimento de causa e gosto.
Inclua
o museu na sua visita à cidade. Ainda mais nessa época do ano, quando muita
gente viaja pra ali para fazer compras no outro lado, o uruguaio, em Rio
Branco.
Ah,
não tenho fotos internas porque elas não são permitidas.
SERVIÇO
Rua 15 de Novembro, 642
Fone: (53)
3261-1746
Visitas de terça a sábado, das 9h às 11h e das 14h às 17h
Ingresso a R$ 5
Fonte: Blog Recortes de Viagem de Rosane Tremea - http://wp.clicrbs.com.br
Um comentário:
"Exoert" em museus também é o escritor Prof. Dr. Luiz Antônio de Assis Brasil e ele se declarou impressionado com o que viu no Carlos Barbosa, até estendeu suas considerações dizendo que, em toda Europa não existia um museu de ambiente mais completo do que essa residência preservada em Jaguarão.
Jerusa é a guia muito bem preparada que dá brilho a todas visitações.
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