segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cine Rio Branco

O Cine Rio Branco foi inaugurado em 1948 pelo senhor Jorge Bittar, um uruguayo vindo de Montevideo. Nessa época “el cine” era a grande atração do momento e não havia nenhuma outra sala de projeção de filmes nesta região. Pensando nisso o senhor Jorge Bittar resolveu então implantar um cinema na cidade de Rio Branco, Uruguay. O lugar escolhido foi o antigo prédio da Associação Tabarez Leite, localizado na rua principal da cidade. O local foi reformado e foram criados 530 lugares na platéia e 80 no mezanino (ou galeria). A primeira película exibida no Cine rio Branco foi “Cuando doblan las campanas”, produção argentina, segundo Don Jorge Bittar.

O cine rio Branco conseguiu unificar culturalmente a fronteira, pois, mesmo depois de ser construído o moderno cine Regente na cidade de Jaguarão, os brasileiros iam a quase todas as sessões no “cinemita”do Uruguay. Diz seu Fahid Bittar, irmão de Jorge, que também esteve à frente do cinema em 1958, que isto se dava devido à qualidade dos filmes e à rapidez na exibição dos últimos lançamentos devido à velocidade de comunicação com Montevideo através dos potentes “carromotores”tchecoslovacos. A programação incluía filmes europeus, argentinos (a maioria), alguns norte americanos e alemães.

Don Bittar também conta que nas primeiras sessões as pessoas achavam que os artistas estavam ali no palco e muitos aplaudiam de pé após o espetáculo.

Mas, infelizmente em 1979, com a chegada da televisão, as pessoas esqueceram o cinema e passaram a ficar em casa. Nesse ano aconteceu a última sessão no famoso Cine Rio Branco, palco de tantos encontros e tantas histórias.

Maria Fernanda Passos - Trabalho de primeiro semestre de Comunicação Social - Jornalismo UCPel - 2001

cartelera del Cine rio Branco


5 comentários:

Fernando disse...

Que maravilha essa pequena matéria sobre el Cine Rio Branco. Mais uma vez, revisitei minha infância acompanhando o blog.
Parabéns a vcs, meus conterrâneos.
Fernando Soares

JASouza disse...

Lembro-me que assisti o filme nacional "O Cangaceiro", com Alberto Ruschel, logo depois da sua premiação em afamado festival internacional, projetado na tela do Cine Rio Branco, se nâo me engano, um ano antes de ser exibido em nosso Cine Teatro Esperança, cuja frequencia nâo era suficiente para pagar as dívidas com as distribuidoras de P.Alegre.

André.Gallas disse...

Uma bela história, repleta de revelações e mistérios...
Já pensou? o Cine Rio Branco funcionou por 21 anos. Com certeza, motivo de muito orgulho e satisfação a seu idealizador, e sem dúvida à assistência fiel, razão de sua existência.
E os mistérios: o que serão os "carromotores tchecoeslovacos"?
Fico a imaginar como a vida seguia naquele tempo!

Quando li o "Cuando Doblan las Campanas" até pensei que se referia à versão primeira (penso ser...) no cinema da obra de Ernest hemingway "For Whom the Bell Tolls". Gary ooper e Ingrid Begman...

( O título vem de um pensamento do pastor john Dunne; "No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee."

Produção argentina? Fiquei muito curioso...

Parabéns Fernanda, pelo resgate. Tens o dom de nos provocar a curiosidade. E criar a necessidade de saber - como foi que tudo passou???

Que satisfação ler este Blog...
Parabéns Jorge. Segue este teu trabalho, e continua a nos encantar, e desafiar.

J P disse...

Gracias André! Na verdade também fiquei bastante intrigado com essa produção argentina,talvez Don Bittar tenha se enganado, me recordo do filme com Gary Cooper. Sobre os carromotores, eram mais velozes que o trem pois não puxavam vagões. Devia ter uns 80 lugares e fazia a linha Rio Branco Montevideo. Me lembro que meu pai o tomava seguidamente ali encima da ponte mesmo quando ia na capital uruguaia fazer compras para a Casa Azpiroz. Creio que seria como esse trem húngaro que há hoje...

Fernando disse...

Amigos, mais uma "estorinha" do "Cine Rio Branco". Sempre ouvia de meus tios, um deles Silvestre Sienra, responsável técnico pela criação da CX 160 Rádio Rio Branco,do clima vivido no interior do cinema, quando foi anunciado o resultado do jogo Brasil X Uruguay na final do mundial em 1950. Muitos espectadores, brasileiros claro, abandonaram a sala de exibições, a maioria consternados e inclusive sem conter o pranto.
Outra: Não raro, era comum passar-mos as tardes inteiras de domingo no cinema pois a programação constava do "matiné", con duas "películas" e às 19h a "Session Vermouth". Abraço a todos.
Fernando S Soares

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