à comunidade do Cerrito
São da Colonia do Sacramento,
São dos Açores,
São lá de fora
Onde tudo ainda era campo.
É o feudo, o império, a república,
O charque movendo a roda.
É Julio Verne dando volta ao mundo.
É o velho Machado
Caminhando pelo Cosme Velho.
É a carreta que os conduz
À biblioteca no pampa.
É o chá dançante
Em regozijo pela vitória aliada.
É Strauss dançando no mugido da gadaria.
É o rito do cal branqueando o cemitério.
É o tempo que corrói
E será o que ressuscita.
É a face do que já foi,
Executando a melodia.
Será a estrada,
Será ciência, patrimônio.
É a Lira Campesina!
Jorge Passos
Ontem , dia 25 de novembro, no Ciclo de Palestras promovido pela Unipampa na Casa de Cultura, a Professora Neusa da Silva Matte expôs alguns pontos do seu Projeto:
"Lira Campesina: o resgate da memória cultural da região do Cerrito-RS no período entre 1850 e 1950".
A micro região conhecida como Cerrito, eqüidistante de três municípios da região da campanha fronteiriça do Rio Grande do Sul – Jaguarão, Herval, e Arroio Grande- constituiu-se um núcleo comercial, social e cultural de extrema vitalidade no período entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. No meio do campo, uma venda onde podia-se comprar puro linho irlandês, especialmente encomendado para os enxovais das noivas, um local de feira, onde o gado era comercializado, um escola, cujo professor escrevia e ilustrava as cartilhas dos alunos a mão, uma biblioteca com sistema de empréstimo de livros aos sócios, um clube social, construído em estilo neoclássico, e, talvez, o fator mais surpreendente, uma orquestra formada pelos moradores locais. Esse projeto pretende retraçar o contexto econômico, social e cultural dessa região buscando compreender as condições humanas, históricas e geográficas que proporcionaram tal nível de sofisticação em meio ao pampa em pleno século XIX, assim como as repercussões desse estilo ao longo do século.
Fonte: http://www.internacionaldelconocimiento.org/documentos/ressimp_13.pdf
2 comentários:
O armazém a que se faz referência trata-se da sede da estância do sr. Alcindo Dutra, pai de Lecy Dutra Resem, primeira esposa do meu primo Anysio de Souza Resem, e que tive oportunidade de conhecer e admirar o local em plenos anos cinquenta dadas as curiosas características que na época ainda se mantinham. Nos fundos, existia um enorme pátio que lembrava aquelas antigas hospedarias em estilo colonial espanhol. Viam-se as baias separadas uma a uma sucedendo-se ao longo de ambos os lados, pouso de muitos tropeiros que por ali circulavam. E ali perto ainda existiam o Cemitério e o Clube União Familiar. Eu falava para o Anysio que eles tinham tudo para ser instalado ali um Hotel Fazenda, vocês nem imaginam o quanto eu teria para contar mais.
Fico extremamente feliz em poder compartilhar meus interesses e minhas intenções de trabalho com vocês. Enquanto falava, sentia haver ali muitos interlocutores verdadeiramente sintonizados com o que queria expressar em relação ao que penso, sinto e pretendo desenvolver com esse projeto.
Foi um grande prazer estar com vocês. A julgar pela recepção positiva, entendo que o encontro também serviu para sensibilizar a comunidade, o que pode ajudar muito a tornar essa uma tarefa de cunho verdadeiramente coletivo, tanto academica e socialmente falando.
Neusa Matte
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