Arte: Pintura tela: Jonas Santos
Aos antigos MascaradosEu não sei mais dançar
Minha máscara caiu, se partiu, no início do século XIX
Não sei mais brincar o carnaval que de tantos carnavais
Tornou-se velho e desusado
Não sei mais girar a porta-bandeira
E tão pouco rodopiar o mestre-sala
Não posso mais sair de rei Momo
Não tenho mais confetes nem serpentinas
Não tenho tantos risos, nem tantas alegrias
E meus palhaços já se espatifaram no chão
Não sei mais andar na roda das rodas, nem usar fantasia de índio
Não me pinto e ultimamente ando vestido de sem graça
Sou aquele que nem o vento levanta com os suspiros de namorados furtivos
Sou o caminho para ver a barra do dia
Aquele que fez do trapo seu rosto diário e sua alegria
Sou a quarta-feira de cinza acinzentada
Sou a quarta-feira de cinzas cheia de inveja
Aquele em que o tempo apagou com borracha e carvão
Que vai enterrar os ossos num cortejo sem procissão
A despedida das águas de março
Para retornar na próxima estação.
Juliana Nunes
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