CEES hoje - Desenho de Matheus Costa - 6ª Série |
Após uma pausa de seis anos nos estudos a eles voltei e, naquela tarde ensolarada de segunda-feira, oito de março de 1971, fomos à aula inaugural do Curso Científico, no então Colégio Estadual Espírito Santo. Ele estava em novas instalações, sem nenhuma grade à vista e era protegido apenas por uma cerca de quatro espaçados fios de arame liso, em torno do seu amplo pátio, com duas quadras desportivas cimentadas, ao ar livre e em meio a um capinzal indômito.
Designado para a turma “B” do primeiro ano do curso, assistimos a primeira aula. Era de Português Histórico, ministrado pela jovem Professora Maria Ceci Bretanha de Moraes, inesquecível até mesmo por uma interrupção; foi quando adentrou a sala a Diretora Maria Amélia, de supetão. Tratava-se duma dinâmica administradora e não nos conhecíamos. De perguntas e respostas rápidas, incisiva, queria saber quem éramos. Se não houve a recíproca afeição, reconheço-lhe o desprendimento em prol da nossa Instituição de Ensino.
Naqueles dias a palmatória estava caduca e nem se imaginava o inaceitável desrespeito aos professores; eles eram olhados como se estivessem num patamar superior. As brigas entre gangues estudantis eram abordadas em produções de segunda linha, num ou noutro filme, dos estúdios de Holywood. Mas mesmo lá, ainda não usavam o termo bulling, hoje traduzido como violência desenfreada contra alunos indefesos por... Outros alunos! Desavenças havia, contudo, confesso por uma questão de consciência, nunca as presenciei. Creio que a maioria dos estudantes estivesse mais atenta ao comprimento das minissaias (algumas muito mini) das colegas, do que com tolas rixas. Era outro tempo; outra realidade e prevalecia o respeito mútuo.
Estudei até ao segundo ano e, mesmo aprovado para o terceiro, tomei o meu Norte, para plagas distantes e só tornaria à cidade natal, na maturidade. Trago comigo uma imensa saudade e um enorme respeito pelo nosso Curso, pois ele me balizou o futuro. Com o que nele absorvi, permitiu-me passar duma só vez, em todas as matérias do Curso Supletivo, o antigo “Artigo 99”. E prestar um único vestibular, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sendo aprovado para a primeira opção e sem freqüentar curso Pré-Vestibular algum.
Desse tempo imorredouro, com quem ali tive o privilégio de conviver, lembro-me de alguns funcionários, como da Dona Carolina, a doce Dona Carol, do seu Leonel, do seu Paulo e da Secretária, a Profª Maria Sabbado Meroni, por exemplo. Dos nossos Professores – os quais merecem a nossa perene gratidão – cito-os com os prenomes, pois não sei os respectivos sobrenomes, ao lado de suas Disciplinas: Biologia – Hercília (Hercilinha); Desenho – Sueli; Educação Física – Antônio; EMC e Português – Maria Ceci; Física – Liana; História – Terezinha; Inglês – Rev. Carlos; Matemática – Rosa; Química – Arnoni.
Também recordo da maioria dos colegas do Primeiro Científico “B”, mas de alguns lembro apenas o prenome, doutros, lastimavelmente, esqueci: Abílio; Alexandre Burch Cassal; Carlos Danilo Morais; Cláudia Maria Neves Dutra; Déa Gomes Ribeiro; Denise Wortmann; Eny Giambastiani; Fernando Gomes Ribeiro; Flávia Rejane Oliveira; Ivelise Biurrum; Jairo Fonseca; Jorge Luiz das Neves Gomes; Mirta Arismendi; Nelson Bittencourt; Nelson Eliseu Rodrigues Nunes; Paulo Osório; Paulo Roberto Medeiros; Paulo Roberto Neves; Ronaldo Nieto; Sidrônio Ubirajara Marques Cardoso; Sônia Santos; Suzana; Therezinha Azambuja; Virgínia Faria e uma Irmã Religiosa.
Depois desse tempo todo, os antigos colegas ficaram-me na memória com a imagem juvenil e nunca mais os vi, na sua quase totalidade.
A todos os alunos do então Curso Científico do já velho CEES, indistintamente e de quaisquer épocas, estejam onde estiverem e simbolizados no Primeiro Científico “B”, de 1971, ergo o meu brinde silencioso, homenageando a um tempo bom, que foi nosso também, o qual nunca se apagará do nosso espírito.
Há quarenta anos ainda não se comemorava o Dia Internacional da Mulher, portanto, alegro-me perceber que, o dia do nosso início de curso, se transformou numa solene data.
Lino Cardoso
Texto publicado no jornal "A Folha" de Jaguarão, em 10 de março de 2011.
Um comentário:
Jorge, obrigado por transcrever as nossas lembranças das quebradas da vida, mas retratando uma saudável nostalgia...
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