Plinio silveira, Hélio Ramirez e Thadeu gomes |
Jaguarão tem sido - ao longo dos anos- terra que deu origem a compositores, músicos e poetas de diversas expressões. Sempre orgulhando sua gente; seu nome tem sido levado aos mais recônditos lugares deste e de outros países de América Latina. E não é exagero, a cidade e a forma fronteiriça de viver deste pequeno universo são cantadas em prosa e verso e os refrões mais populares inspiram vozes de todos os cantos.
Quem não fica orgulhoso quando escuta alguém cantando em seu violão versos dos artistas locais; hinos que acompanham o sentir dos Jaguarenses em qualquer lugar que vão... deixem-me citar alguns deles...
“ ...Virgem Maria, que céu bonito, que claridade no Cerro da Pólvora...” (Thadeu Gomes)
Ou
“... Maria nasceu à noite, banhada pela geada, com gritos de quer- quero, em meio de risos e festas...” (Hélio Ramires)
Ou
“...Me bate uma saudade de tomar um mate na beira do rio... ao cair da tarde...” (Martim César e Paulo Timm)
Pois é, tenho certeza que neste momento muitos são capazes de lembrar diversas outras músicas que causam essas sensações mencionadas e que nasceram aqui mesmo, na terrinha.
O que me motivou a escrever sobre isto, nesta semana, originou-se em Porto Alegre, durante o feriado da Páscoa. No prédio em que me encontrava tinha um rapaz (depois viemos a descobrir que é da cidade de Pelotas) que passou suas noites tocando violão e cantando um repertório bem refinado e de bom gosto. Nós, sem percebermos, acabávamos por fazer silêncio quando era tocada alguma música da nossa preferência. O que me trouxe boas e queridas lembranças de uma época em que éramos nós que cantávamos para os vizinhos... já aconteceu de dizerem para a gente quando nos mudávamos de casa: - Que pena que vão embora! Quem vai fazer serenata para a gente, agora. ( Nunca soube se era sincero ou se, no fundo, estavam dando pulos de alegria porque, por fim, teriam um pouco de sossego nos finais de semana...)
Mas, voltando ao assunto, a gente cantava e compunha. Sonhávamos em cantar a nossa música em palcos pelo mundo a fora. Foi naquela época que surgiram as primeiras composições da parceria Martim César e Paulo Timm... primeiro criamos o grupo Urunday (madeira com que eram feitas as lanças de algumas tribos) e faziam parte dele os parceiros acima citados , Alessandro Gonçalves e eu.
E é sobre esses três queridos amigos que quero falar hoje, em uma parceria de Martim César, Paulo Timm e Alessandro Gonçalves nasceu o projeto do CD “ Da mesma raíz” interpretado pelo consagrado cantor nativista Marco Aurélio Vasconcelos. Este trabalho foi indicado ao maior prêmio do Rio Grande do Sul para o ano de 2010, o Prêmio Açorianos nas categorias:
Compositor: Martim César;
Intérprete: Marco Aurélio Vasconcelos;
Instrumentista: Carlitos Magallanes (Bandoneón);
E Melhor disco regional 2010.
Os resultados saem na terça feira, dia 26 de Abril de 2011 – escrevo este texto na segunda feira – Poderia ter esperado os resultados da premiação para escrevê-lo, mas não é o prêmio que quero validar aqui; quero validar o talento, a dedicação, a luta por um sonho, a esperança de realizá-lo e, principalmente, dizer a esses amigos que os admiro com ou sem prêmio Açorianos e que esta cidade agradece pela inteireza e responsabilidade com que sempre levaram seu nome a todos os lugares em que estiveram. Parabéns e obrigada por deixar-nos tantas histórias para contar e para cantar.
Carina Lopez
Texto publicado na Coluna "Gente Fronteiriça"
Jornal Fonteira Merdional do dia 28/04/2011
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