Em uma complexa interação entre o indivíduo e o coletivo, os antigos apelidaram Babilônia com a alcunha de A Grande Prostituta ( Clique aqui para ler a Parábola I)
II - O teu blusão de lã rude
era sinal de trânsito
-caixa de lápis-de-cor.
Os fios da tua manta
recolhiam e sossegavam
todos os raios de todos os sóis.
E eu, passando por ti,
multimilcolorida,
entrei em concerto contigo.
Tangi o teu sorriso
e te soprei no ouvido
equilíbrios semânticos e o teu semblante ensombreceu ...
E juntos, enovelamos
os meuseosteus braços e placeamos pelas calles,
comerciando miradas e,
íamos e vínhamos,
para lá e para cá,
como num tango ...
E os teus cabelos sedavam ao vento,
Não pareciam valer grande coisa,
mas,
eram MUITO bonitos!
Então, depois, vieram boys,
vestidos de cinza-escuro e/ou marron,
em automobilíssimos aurinegros.
E tu te enamoraste deles, e tiraste o teu pulôver,
tua manta, tuas lãs, tua cor e branca, deitaste com eles,
nos carros deles, entre palancas, toca-fitas, reclinações dos assentos,
espelhos retrovisores, para-brisas;
entre botões e painéis,
eles apalparam teus seios
e derramaram sobre ti
seus líquidos, que eram
como os fluxos das bombas de gasolina.
E, depois, todos eles, boys,
todos vieram sobre ti,
em seus carros, com buzinas, faróis e pisca-piscas,
rodas e e engrenagens.
E julgaram-te segundo seus juízos.
E, depois (já nada podias fazer),
com as rodas, com os pneus, fizeram-te cair o nariz, as orelhas, os braços e os pés,
por último, o que restara de ti
lambuzaram de combustível e tocaram fogo.
Contudo,
estabeleci um concerto eterno entre nós...
Já nada podes fazer.
Sérgio Christino
Nenhum comentário:
Postar um comentário