O imediatismo do cotidiano de nossas vidas acaba levando muitas pessoas a não usarem a capacidade de utilização de uma arma fundamental para a transformação da própria existência. A possibilidade de enxergar além daquilo que parece ser, de redirecionar nossa vida se assim for necessário. É pensar novos caminhos e não acreditar que é impossível.
Existe uma parábola que nos ajudará a entender onde quero chegar “Havia uma corrida de sapinhos onde o ganhador seria condecorado com uma grande premiação. Mas o público que estava ao redor (achando impossível os sapinhos chegarem até o final da pista sem desistirem, uma vez que era muito longa) gritava e ironizava os sapinhos: - Vocês não vão conseguir, vocês não vão conseguir.... E pouco a pouco cada sapinho ia desistindo. Permanecia apenas um. Que, parecendo não dar bola para o que o senso geral dizia, seguiu em frente até chegar ao final. Foi aí que todos perceberam que o sapinho em questão não os escutava pois era surdo.”
Ora, é assim que muitos de nós, homo sapiens agimos. Acreditamos que isso e aquilo é impossível. Por isso é preciso, eventualmente, pararmos e “taparmos nossos ouvidos e olhos” tão acostumados com o dia a dia, e refletir sobre os acontecimentos. É necessário utilizar aquela arma que citei, que nada mais é do que a Reflexão Filosófica. Pensar de forma radical, rigorosa e global sobre os fenômenos que acontecem (para usar um conceito da filósofa Marilena Chauí). É claro que não precisamos direcionar esta nossa arma para tudo. Mas é fundamental, de vez em quando, utilizá-la com vigor. Claro que, sem dúvida, no nosso IMEDIATISMO seria uma coisa quase “impossível” (não é mesmo?), uma vez que não paramos para as coisas MEDIATAS (que servem a um propósito maior, ou a um alcance um pouco mais adiante). O normal é pensarmos: “Quando não tiver nada pra fazer aí então eu paro para uma reflexão deste gênero”. Só que aí já poderá ser tarde ou nossa vida já ter andado um longo caminho sem melhoras substanciais. E daí, acaba-se vivendo “a vida que nos é dada, da forma que nos é colocada”, o que não nos difere de forma significativa dos demais primatas.
Estas pequenas grandes paradas para a reflexão filosófica é que servem para as grandes transformações de nossa vida, de nosso cotidiano e de nosso mundo. Se isto não for importante então realmente, não precisamos da FILOSOFIA. Afinal não “vamos conseguir”, certo?
Carlos José de A. Machado
(Prof. Maninho)
Texto publicado no Jornal Fronteira Meridional, edição do dia 09/06/2011
Um comentário:
Ótima reflexão!
Abraço,
Alan Melo
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