De todas as pessoas
que amo e que admiro ( algumas só amo, outras apenas admiro) nenhuma cala tão
fundo no meu peito e está tão em mim e reflete tanto o homem que quero me
tornar do que o seu Jota Martim. A poesia que une todas as pontas há tanto
desfeitas daquilo que eu costumava entender como lar ( ou como família, essas
duas palavras são sinônimos, quando ainda se é criança e o tempo ainda não se
fez nosso inimigo).
Com seu jeito de
quem sempre tem algo pra fazer ( mesmo quando não o tem), com seu coração maior
que o mundo, meu avô é o homem mais bonito que conheço, não me venham com
Pitt’s, Cruise’s, Gianecchini’s, ou coisas que o valham. Ninguém se parece
tanto ao belo, ao bom, ao feliz e ao humano do que esse homem tão melhor do que
eu, e do que grande parte das pessoas. Tão melhor, sem fazer força alguma,
sendo apenas o que é. Mesmo quando turro e irritante, mesmo quando humano.
Lembro ( muito
embora não lembre realmente) dos dias de infância em que não importavam as
intempéries,as pedras que caíssem sobre sua cabeça, os tombos que a vida lhe
desse, ele atravessava as noites mais frias, para buscar remédios para mim, não
mais que um bebê, mas seu neto, parte dele, como sempre hei de ser. E como
desejo um dia me olhar no espelho e vê-lo, ali transcrito no fundo do olhar.
Como desejo, como
preciso, como sonho em ser tão grande ( ou quase isso, que no es lo mismo pero
es igual), como desejo, como preciso, como sonho em ouvir de um mago que esse
homem viverá pra sempre, ou que ao menos somente irá partir depois que eu já
não estiver por aqui. Sei que é improvável, que é utopia, fantasia, mas, ora
bolas, me deixem sonhar, ninguém tem tanta vida transbordando de si à toa.
Nicolás Gonçalves
Texto publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 29/09/2011
Um comentário:
Que linda declaração de amor ao avô!!! Emocionante...
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