Jerônimo
Jardim nasceu em Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Adotado ainda na
adolescência pela cidade de Bagé, a ela dedica sua melhor
querência. Vivendo hoje em Porto Alegre, lá forjou importante obra
cultural, mantendo vivo o olhar sobre o nativismo disseminado pela
campanha gaúcha. Como bom tapejara, desde guri carrega na guaiaca o
orgulho por sua gente.
Bacharel
em Direito, publicitário, servidor aposentado do Tribunal Regional
do Trabalho, exerceu a advocacia e o cargo de professor de Direito e
Processo do Trabalho na Faculdade de Direito da Universidade Federal
de Rio Grande.
Mas
o que nos interessa aqui e agora é a sua múltipla obra como
compositor e escritor. Autor de três peças para teatro e de cinco
livros infantis, Jerônimo lançou também dois bons romances: In
extremis – Na alça de mira (2010), e Serafim de Serafim (2011).
Compositor, teve músicas gravadas por conterrâneos seus, inclusive
Elis Regina, que, em 1979, lançou “Moda de Sangue”, dele e
Ivaldo Roque. E venceu o MPB-Shell/81 com “Purpurina”,
interpretada por Lucinha Lins.
Sua
produção musical e literária teve de ser interrompida quando um
problema de saúde o forçou a deixar o violão e a escrita de lado.
Aos poucos, entretanto, as ideias foram retomando espaço no dia a
dia de Jerônimo Jardim. Até que, passo a passo, um dia após o
outro, tudo desaguou em música na Sala Álvaro Moreira, em Porto
Alegre. Lá, acompanhado por Toneco da Costa (arranjador, violonista
e diretor musical do show), Pedrinho Figueiredo (produção, vocal,
mixagem, escreveu arranjos para sax soprano e flauta e os tocou),
Fernando do Ó (percussão), Greice Morelli (vocais), João Vicente
(violão de sete cordas) e Luís Arnaldo (cavaquinho), foi gravado
Jerônimo Jardim, ao vivo – de viva voz (independente).
O
que nele se escuta é, talvez, menos importante do que o que se sente
ao ouvir as músicas. Pulsa firme em cada uma delas a dignidade e a
fortaleza de um compositor que, como poucos, expõe em versos a alma
gaúcha. Feito um haragano, J. J. é arisco, difícil de domar, não
se atém a formalidades estéticas banais, muito menos a simplismos
facilitadores.
Sax
e violão, mais o sete cordas, dão a introdução de “De Viva Voz”
(J. J.). No choro delicado, a voz resvala nas notas, pois Jerônimo
não é cantor, mas um trovador de suas músicas. Isso em nada
diminui seu cantar; ao contrário, eleva-o a um ponto alto, onde o
que prevalece é a emoção de sentir-se pleno em seu ofício de
viver para fazer e cantar suas composições.
Seguem-se
sambas brejeiros com melodias simples e letras bem humoradas: “Minha
Nega”, “Perdoar”, “É Isso Aí”, todos de J. J.; choros: “O
Amor É Assim” (J. J. e Luiz Coronel) e “Cartas Digitais” (J.J.
e Clair Jardim); e frevo: “Lenha na Fogueira” (J. J. e Clair
Jardim).
A
tudo a plateia, os músicos e Jerônimo Jardim, estes com amplo
talento, dão o tom de camaradagem explícita que perpassa cada
compasso do show de uma vida levada para o disco histórico.
Aquiles Reis
2 comentários:
salientamos a importância da publicação desta matéria sobre Jerônimo Jardim que, na nossa opinião, é um conterrâneo "Cidadão Emérito" pela ampla gama de sua obra literária e musical, inclusive através da nossa Confraria, seria de se pensar na sua indicação como Patrono da Feira Binacional do Livro, até mesmo levando seu espetáculo "De Viva Voz" para ser apresentado na ocasião.
José Alberto de Souza
Aquiles é, antes de crítico musical, cantor destacado do maior grupo vocal brasileiro, o MPB4. Fiquei muito emocionado com sua matéria nacional importante sobre o meu trabalho. Abração grato por sua generosidade ao escrever sobre esse velho compositor gaúcho, grande Aquiles.
Postar um comentário