Da esq. para a dir. : Eduardo, Rafael, Jorge
Prosseguindo com as memórias da Confraria, registramos o Grupo Sant'Ofício.
Por que esse nome? Claro que não era uma homenagem à inquisição, pelo contrário, era uma celebração da sagrada arte de trovar, e ser músico popular. "Foi nos bailes da vida ou num bar em troca de pão, que muita gente boa pôs o pé na profissão" como diz o Fernando Brandt na música do Milton.
Corria o ano da graça de 1983. Pelotas, por ser um centro regional de maior proximidade como Uruguay e Argentina e também centro estudantil universitário , registrava a formação de diversos grupos de pesquisa e desenvolvimento da música latino-americana. É o caso do Grupo Latino -América, do Americando - que mais tarde se desmembraria em outros dois grupos, o Quatro Cantos, depois Acalanto Latino e o Sant'Ofício.
Portanto, éramos filhos do Americando. E bons filhos, creio.
"Sant'Ofício possui uma rara identificação com as raízes culturais e populares de nossa gente, assim como consciência da influência político-social sobre ela exercidas. Jorge Passos (percussão), Eduardo Silveira (charango e violão) e Rafael Cruz (flautas e violão) são brasileiros, como poderiam ser uruguaios, argentinos, chilenos ou de qualquer outro país deste continente, pois a identificação cultural e o talento músical coloca-os num contexto musical universal"
(Texto de Martim Coplas no folder do show de reedição da Missa da Terra sem males em Lages - SC, trabalho em conjunto com o cantor argentino. )
Muitas andanças do Sant'Ofício, tocávamos nos bares, no Americando, em Pelotas na Avenida com Santa Tecla, na pizzaria do Henrique, em Jaguarão no restaurante Piratinense, fizemos duas temporadas no Cassino em Rio Grande, abrindo show do Labarnois e Carrero na Furg , Santa Vitória do Palmar, Tramandaí. Defendemos a canção "Flor Americana" com Bira Cunha na 2ª Charqueada de Pelotas, conquistando o 3° lugar. Essas e outras tantas aventuras.
Lá íamos pra estrada, no Corcel II do Rafael, eles com violões, flautas, charangos, eu, com o bombo e a minha cruz, uma tal “taquareira” inventada pelo Eduardo que dava uma trabalheira medonha pra carregar e montar. Mas ríamos ... e cantávamos.
Martim Coplas estava empenhado em que continuássemos o trabalho da Missa da Terra sem Males, porém a necessidade e o destino fez com que o Sant'Ofício findasse sua história em 1985.
Hoje, embora distantes, professamos a mesma fé na arte como fator de desenvolvimento e transcendência humana!
FLOR AMERICANA ( Gilnei Lima e Ubirajara Cunha)
Soy pequeña flor americana
ojos negros,piel de havana
olhos negros , pele havana
como frágeis rosas, margaridas
rudes Mercedes. Violetas
rebentos de dores e paixões
fêmea de socialistas e ditadores
jardim dos pampas, centro e sertões
Parda flor, madre americana
de ventre tão largo
de germinar tantos filhos
de seios maduros
de alimentar esses meninos
Flor parda , mãe americana
de colo cansado
de repousar seus guerreiros
de olhos molhados
de chorar os seus enterros
Soy pequeña flor americana
manos fuertes y pasión serena
fortes mãos , paixão serena
como frágeis damas. Meretrizes
rudes operárias, camponesas
uma força ou mulher, simplesmente
que ainda tem amor e paciência
pra receber e germinar tua semente
5 comentários:
que coincidência achar esse blog!
Sou filha do Zanoni Garcia e toda vida ouvi ele e minha mãe falando no Sant'Ofício, pena que não tive o privilégio de conhecer.
Abraço.
Camila Garcia
que coincidência achar esse blog!
Sou filha do Zanoni Garcia e toda vida ouvi ele e minha mãe falando no Sant'Ofício, pena que não tive o privilégio de conhecer.
Abraço.
Camila Garcia
Muito legal, Jorge! Vou te mandar o mail do Duda e mostrar esta foto pro Alfeu e prá Marília. Bjs.
Olá Jorge!
Que enorme alegria saber de vocês.
Me anexei como seguidor. Muito bom este blog. Manteremos contato.
Um abraço solidário.
Martin Coplas
Que saudade!!! Não encontro registro gravado de nossas andanças. Será que existe alguma gravação da Mostra Nativista de Nativismo, Pelotas, 1985? Também lembro da gravação que fizemos para o projeto Minerva, na rádio da Universidade. Seria legal se conseguíssemos resgatar um pouco.... Saudades e um grande abraço!
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