Um dia antes de nascer um anjo me disse:
Vai loira, vai ser trouxa na vida!
O que tinha escondido...
O cabelo era tinta,
Mas o terço bizantino.
Assim ela nasceu,
Careca de dar dó,
Teve o couro cabeludo
besuntado de xodó.
Era como a princesinha
De contos de fada e só
Mas o lobo apareceu
E felicidade lhe prometeu.
Não é que o malvado lobo
Só queria sua cestinha?
Comeu todos os biscoitinhos,
Da casa da vovozinha!
Um dia aquela situação
Foi pro espaço com uma revelação.
O anjo reapareceu
E um beijo lhe deu.
Disse que fora louco
De dizer tanta maldição
E que era na verdade
um baita dum bundão.
Ela logo percebeu
Que anjo não cai do céu
Toda aquela saudade
Era pura insolação.
Podia ser o lobo disfarçado de capitão.
Foi aí que ela sentiu,
Seu peito arrebentar,
Doeu tanto, tanto, tanto
Que seu riso fez-se pranto.
Depois de tanto chorar
A bobinha se calou,
Não falou um palavrão
E meteu-se num porão.
Por lá ficou até a raiva passar,
Pode vir anjo, pode vir lobo,
Vais comer do meu passar,
E não mais enganar...
Ainda penalizada
Dela mesma e da passarada
Gritou pro anjo- lobo
Sua tampa ta amassada!!!
Analva Passos (set 2010)
2 comentários:
Espectacular. Dolor, rabia y resurrección!!! Un deleite leerlo. Que imaginación maravillosa.
Obrigada Silvia! Gosto de brincar com as palavras. Um abraço.
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