Foto Araquém Alcântara |
Ando
devagar
Porque
já tive pressa
E
levo esse sorriso
Porque
já chorei demais!
Renato
Teixeira
Esses
dias, remexendo o meu caos, reencontrei Nietzche. Aquele que
escreveu muito além do bem e do mal. O mesmo que escreveu também -
ou “tão bem” – que, só quem traz o caos dentro de si é capaz
de gerar estrelas dançantes. E isso me lembrou a geração beat.
Aqueles que botaram o pé na estrada. E o que de mais importante os
beats fizeram foi se enfurecer contra o muro de silêncio e censura
que havia nos anos 50. Também deram abertura para as grandes
experiências que vieram depois. Uma das coisas que eles fazem até
hoje é falar contra os maníacos dos Estados Unidos que vão contra
a Ásia e as Américas Central e do Sul.
Aqueles
que em nome do Bem querem eliminar o Mal.
Então
aumentam essa lista os fundamentalistas. Bush cunhou Bin Laden de “o
Mal”. Mas antes de virar do “Mal”, Bin Laden era amado e armado
pelo governo dos Estados Unidos. Assim como, antes de virar Satã e
ser enforcado perante as câmeras da internet, Sadam Hussein era do
“Bem”.
Mal comparando, em outra
época, para a Inglaterra colonialista, o “Mal” era uma alma
grande de nome Mahatma Ghandi. Eliminar o “Mal”? Mas o que seria
do “Bem” sem o “Mal”?
A
verdade é que esses dois princípios que o homem vislumbrou desde os
primórdios da humanidade sempre o incomodaram e o deixaram perplexo,
quando não desnorteado.
No
sul ou no norte; à esquerda ou à direita; no preto ou no branco,
mas onde mesmo está a verdade? A questão é tão antiga quanto o
mundo e é tão insolúvel quanto não deveria existir. Mas existe e
subsiste, como sempre existiu e persistiu em se radicalizar como
problema sem solução à vista.
Cabe
a nós procurar as respostas e encontrar os caminhos. Podem estar no
início ou no fim. Não vejo saída no meio. Esses dias, remexendo o
meu caos, reencontrei uma foto.
Era
uma foto de criança. Cinco anos, mais ou menos.
Mal
começava 1970 e o conjunto da foto é bem convencional. Mas os olhos
me chamaram a atenção. Um olhava para um lado e o outro para outro.
E
mesmo assim o olhar é fixo. Fixo em algo que não se pode ver. Como
quem mira o horizonte num caminho sem fim. É um olhar de quem parece
saber, sem sabê-lo, que o futuro não será fácil...
Que
a vida dar-lhe-á triunfos e vitórias, mas também amarguras e
derrotas.
Perder
e ganhar margeia essa estrada. E num lugar onde não há caminho
compreender a marcha e seguir andando é a chave.
Como?
Eis a questão.
A
solução dos beats é simples: respirar outros ares e botar o pé na
estrada. Mas, a de Nietzche é bem mais complexa.
Voar
mais alto, para o alto, muito além do Bem e do Mal.
Enilton Grill
ejgrill@gmail.com - americasgrill.blogspot.com
Texto publicado na coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional do dia 25/04/2012
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