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Cidade Heroica- Carmem R. Costa
Nesta semana em que se comemora o 27 de janeiro,
em que muito se fala das tradições e mitos da cidade, fomos agraciados com um
achado antológico.
Sucedeu-se que em razão da perda recente da
figura ilustre do Mestre Vado, dediquei-me a coletar material junto à sua
família. Entre fotos antigas e relatos
sobre sua vida inteiramente voltada para
a música, foi lembrada uma marchinha executada sempre quando em alguma
orquestra estava presente o Mestre Osvaldo Emílio Medeiros.
Era uma verdadeira ode à cidade e praticamente
todos a sabíamos de cor. Nos bailes de carnaval, dando voltas no salão,
cantava-se os versos acompanhados pelos sopros da banda : Cidade Heroica/
tão linda e gentil/ Tu és mesmo/ Um sonho de fadas/ És joia encantada/ No sul
do meu Brasil. A segunda parte, a que temos mais dificuldade em lembrar : Colinas
Verdes/ Rio sereno/ Campos floridos/ E um céu sempre azul/ Sobre ti/ O bom Deus
abençoando/ Deixou sempre apontando/ O Cruzeiro do Sul. Pois o nosso Mestre Vado foi o responsável
por popularizar este que era considerado quase um hino de Jaguarão. Se não me
falha a memória, aprendia-se a cantá-la em algumas escolas e a própria Banda
Marcial do Colégio das Freiras, na qual eu era mascote, se não me engano, a
tinha em seu repertório.
Durante a conversa com os familiares do Vado,
levantou-se que a autora da letra da marchinha era uma menina, filha de um
comandante do quartel que por aqui estava sediado, lá pelos anos 60, a
Carminha, e que talvez o Mestre teria composto a música. Recordou-se também que
a Cidade Heroica tinha sido prefixo da Rádio Cultura durante muitos anos.
Com esses dados,
procurei o radialista Nilson Rocha e por sorte ainda estava no acervo o
vinil de 78 rotações, edição promovida pela própria Cultura. E ali, estampado
no selo do disco consta : Composição de letra e musica de Carmem R. Costa.
Execução com o acordeon da Carmem e vozes das irmãs Carmem, Cleide e Célia. Com
o auxílio do amigo Almeida, meu assessor para mídias sonoras, conseguimos
converter esta verdadeira relíquia para arquivos de áudio mp3 e estamos
devolvendo à Radio para que possa ser divulgada. Ainda nos resta resgatar a
cópia da partitura e alguma informação maior sobre a autora, fotos, talvez a
capa original do Disco Vinil que a rádio já não dispõe. Cremos que o papel do
Mestre Vado na história desta marchinha tenha sido talvez o de assessorar a
transcrição para a pauta musical, como costumava fazer com quem o procurava
solicitando ajuda.
No ano passado, o Boêmios do Amor fez homenagem
à marchinha no seu desfile carnavalesco. Fica a
sugestão para que os Blocos que tenham instrumentos de sopro a incluam
também este ano, assim como a Banda Municipal Mestre Vado e a Orquestra
Municipal. Será tradição popular rediviva na rua!
Mestre Vado e o Boêmios do Amor no carnaval da Cidade Heroica |
Publicado na Coluna Gente Fronteiriça do jornal Fronteira Meridional em 25/01/2012
Como estamos pesquisando através de depoimentos, há alguns reparos e afirmações sobre o relatado.
Recebemos a informação de que a autora e suas irmãs eram filhas de um militar do regimento o qual não exercia o comando, provavelmente um tenente, do Rio de Janeiro.
A música Cidade Heroica era realmente considerada um hino da cidade e as escolas estaduais e municipais ensinavam seus alunos a canta-lo.
O Mestre Vado fez o arranjo melódico para execução pela Banda do Quartel.
Solicitamos que se alguém tiver maiores informações sobre esta música, partitura, sua autora, que entre em contato conosco pelo e-mail confrariadospoetasdejaguarao@gmail.com
Um comentário:
Agora o que posso adiantar é que Mestre Vado costumava transcrever para a pauta o que o pessoal lhe cantarolava, sem cobrar nada, como aconteceu comigo e eu insisti para que aceitasse parceria, pois ele dizia que não fez outra coisa se não escrever na pauta meu "arremedo" de melodia.
Ai na biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico, pode ser encontrado o livro de Noely Cecchin, intitulado "Jaguarão Ontém e Hoje", no qual consta a letra completa dessa música que vem a confirmar aquela transcrita em seu artigo.
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