Sujeira colhida pelo Rio |
Decididamente não sou
daqueles que se alinham como arautos do apocalipse, dos que vêem nas
catástrofes naturais sinais dos males que o homem tem feito à natureza, apregoando
que, a seguir-se com estes costumes, teremos em breve o fim dos tempos.
Para os
amantes do passado, onde não haveria toda esta agressão, lembro que em 1755,
Lisboa foi devastada por um terremoto seguido de Tsunami e incêndio que durou
cinco dias. A destruição da cidade pelo sismo gerou grandes implicações
políticas, teológicas e filosóficas. Os
judeus diziam que era castigo divino pelas mortes provocadas pela Inquisição,
opinião também compartida pelos teólogos protestantes que imputavam à
onipresente “mão de Deus” a punição ao fanatismo religioso e sanguinário na
atuação do Santo Ofício em Portugal.
Sobre a tragédia escreveu Voltaire: “Agrada-me a ideia de que esses reverendos padres, os da
Inquisição, terão sido esmagados tal como as outras pessoas. Servirá isso para
ensinar que homens não devem perseguir outros homens: porque, enquanto beatos
hipócritas queimam uns quantos na fogueira, a terra abre-se e engole a todos
sem distinção.”
Lixeiras inapropriadas |
Mas, deixando as
desventuras de nossos patrícios de lado, toda esta introdução foi para
dizer-lhes que se não me preocupo com o apocalipse, me preocupo sim com algo
mais rasteiro e que tem a ver com esta fronteira e com as pessoas e cães que
habitam nela. Refiro-me ao costume pouco civilizado que temos frente a um grave
problema da nossa sociedade, o lixo que produzimos e o descarte que dele
fazemos. Semana passada, publicamos no Blog da Confraria matéria sobre o acúmulo de resíduos em áreas de preservação ambiental que afetam sobremaneira as águas do rio Jaguarão. Todos puderam
verificar a sujeira que descia rumo à Lagoa depois das fortes chuvas. Mas não é
só nas margens do rio. Há locais onde as pessoas depositam o seu lixo muito
antes do horário em que passa o caminhão da coleta. Como não temos ainda a
decência de separar em sacolas o material que pode e o que não pode ser
reaproveitado, muitos catadores fazem seu importante trabalho de seleção nas
próprias lixeiras, ocasionando a dispersão dos dejetos pela rua. Além disso, o
ataque da horda canina que passeia pela cidade é devastador quando as sacolas
estão ao seu alcance.
Canil municipal hospedará esta horda |
A implantação da
coleta seletiva de lixo (se já existe, divulgá-la melhor) e a disponibilização
de coletores adequados em alguns locais seriam caminhos pra amenizar a
situação. O papel fundamental cabe a nós
mesmos. Afinal, sobre nosso consumo e suas sobras é que surge o problema. Nas
palavras do Mestre em Desenvolvimento econômico da Unicamp, Marçal Rizzo, devemos praticar a compostagem, a coleta
seletiva e os 3 Rs (Reduzir, Reciclar, Reutilizar).
Vivemos no melhor
mundo possível. Façamos nossa parte. Cuidemo-lo.
Jorge Passos
Texto publicado na Coluna Gente Fronteiriça do Jornal Fronteira Meridional , edição do dia 30/06/2011.
Um comentário:
Prezado Jorge, abaixo uma receita de compostagem sem necessidade de utilizar esterco (bosta), usando apenas restos vegetais e produzindo adubo vegetal de alta qualidade (para usar no jardim ou em qualquer outro lugar).
http://sitiocurupira.wordpress.com/compostagemvegam/
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